Saturday Night Live, para quem não sabe, é um programa de comédia exibido pela rede norte-americana NBC que já está no ar há 38 anos. O programa, feito no formato de esquetes, é gravado em um teatro, ao vivo, perante um público, cuja reação espontânea é gravada e acaba fazendo parte integrante, muitas vezes enfática, do programa.

Este é o terceiro de uma série de cinco posts destinados àquele que é um dos mais importantes programas de comédia que já foram exibidos na TV. O primeiro post foi uma breve introdução, contando um pouco sobre a estrutura do programa, comentando suas possíveis influências (quem ainda não leu, pode ler aqui), enquanto o segundo foi uma listagem dos comediantes mortos, ao longo desses quase 40 anos de programa, que fizeram parte do elenco (quem ainda não leu, pode ler aqui). Já o post atual falará dos “feridos”, ou seja, dos sobreviventes: no final das contas, veremos que sobreviver ao elenco do programa é tarefa pra poucos.

Segundo a Wikipédia, 140 comediantes/atores já passaram pelos quadros do programa desde sua estreia. Destes, até onde eu saiba, apenas os listados abaixo tiveram carreira internacional, a ponto de estrearem filmes ou participarem de sitcons que prolongaram o sucesso conquistado no show. Difícil descobrir o motivo de gente tão talentosa quanto Julia Sweeney ou Jon Lovitz não terem conseguido. Pra mim, deve ter sido fruto de uma mistura que inclui decisões ruins, timing errado e, em alguns casos, péssimas condutas pessoais e pouco profissionais… Mas, vamos lá.

Dan Aykroyd

Integrante da primeira geração do programa, o comediante canadense também é um talentoso escritor e ator. Depois da saída do programa, tentou prolongar a parceria com seu grande amigo e colega de programa, John Belushi, nos cinemas, criando os Irmãos Cara-de-Pau, que se tornou um filme icônico dos anos de 1980. Apesar da morte de John ter interrompido o que seria uma criativa parceria, o resultado desta promessa ainda pôde ser sentido nos filmes seguintes de Aykroyd: Os Caça-Fantasmas; Dr. Detroit e Os Espiões que Entraram Numa Fria. Aykroyd teria tido as ideias dos filmes ao lado de Belushi, escrito os roteiros, e pensado no amigo para contracenar com ele, coisa que acabou não acontecendo devido à morte do comediante.

A morte de Belushi, apesar de ter sido um marco, não determinou o fim da carreira de Aykroyd como roteirista de cinema, mas causou impacto. Mesmo assim, esse talentoso artista ainda foi nomeado ao Oscar de ator coadjuvante por seu papel em Dirigindo Miss Daisy. Desde então, tem tido uma longa e irregular carreira como ator, na maior parte de comédias, em Hollywood. Atuando em produções que vão de desde blockbusters com Pearl Harbor, até animações como Zé Colméia.

Jim Belushi

Irmão mais novo de John Belushi, Jim tentou seguir os passos do irmão mais velho, participando do mesmo grupo de comédia que revelara o irmão, anos antes, o grupo Second City. A partir de 1983, passou a fazer parte do SNL, isso por aproximadamente dois anos. Jim tentou carreira no cinema, mas, além de filmes pouco rentáveis da Disney ou telefilmes de pouca expressão, se limitou a pontas e papeis menores em filmes de diretores cultuados, como Brian De Palma e Michael Mann. Seu grande sucesso foi o seriado According to Jim, que durou nove temporadas, de 2001 a 2009.

Mike Myers

Outro comediante canadense, Mike Myers sempre teve um estilo de humor depreciativo, que inclui sacanagens consigo e a coincidência de ter o nome igual ao do assassino serial da franquia de filmes Halloween… Filho de imigrantes britânicos, o comediante fez estrondoso sucesso no SNL, tendo inúmeros personagens recorrentes no show e participação extensiva no humorístico, chegando ao ponto de participar de 70% dos esquetes de cada programa. Especialista em imitações, consegue  se caracterizar e personificar outros com perfeição, sendo um grande camaleão. Seus personagens britânicos são simplesmente engraçadíssimos, além disso, o comediante tem um enorme talento para o improviso.

Sua estreia no cinema se deu em 1992, com o filme Quanto Mais Idiota Melhor (Wayne’s World), que nada mais era que um esquete recorrente do SNL que foi ampliado e transformado em longa-metragem. Myers escreveu o filme e levou o parceiro e amigo de programa, Dana Carvey, com quem estrelaria uma continuação, no ano seguinte. A sequência de sucessos no cinema continuou com Austin Powers, que é uma sátira aos filmes da série 007, ambientada em uma atmosfera que mistura elementos dos anos de 1970 e início dos 80, o filme fez bastante sucesso e ganhou três sequências, tendo uma quarta em fase de produção. Myers, em seguida, emplacou como a voz do ogro Shrek e com uma ótima participação como o general Ed Fenech no filme Bastardos Inglórios, de Tarantino. Desde que fez o péssimo O Guru do Amor, vive um período de baixa na carreira que até agora não conseguiu superar.

Randy Quaid

Randy Quaid, irmão mais velho do também ator Dennis Quaid, fez uma curta porém interessante participação de um ano em SNL, que foi abreviada, em parte, pela baixa generalizada de audiência pela qual o programa vinha passando, devido aos péssimos roteiristas e a um elenco em grande parte inexpressivo. Sua carreira já era ascendente antes do SNL, tendo sido indicado ao Oscar como coadjuvante no filme A Última Missão, com Jack Nicholson, e, depois de sua participação no humorístico, ainda teve mais 6 indicações a prêmios diversos, além de ter ganhado um Globo de Ouro e um Emmy, por participações. Seu estilo de atuação é marcante, extremamente passional.

Chevy Chase

Filho de um famoso editor de Nova York e de uma rica pianista, foi o primeiro membro do elenco original de SNL a deixar o programa, logo no ano seguinte, em 1976. Segundo declarou, não aguentava mais ficar longe da namorada, com quem se casou, no ano seguinte. Depois disso, iniciou uma carreira razoavelmente bem sucedida no cinema, cujo o ápice se deu com o filme Golpe Sujo, de 1978, para o qual foi indicado ao Globo de Ouro de melhor ator. Entre outros filmes de sucesso, conseguiu emplacar Benji, Clube dos Pilantras e Parece Que Foi Ontem, onde repetiu a parceria bem sucedida de Golpe Sujo com Goldie Hawn. Depois de um par de filmes fracos, emplacou seu maior sucesso: a série Férias Frustradas, que renderia duas continuações, em 1985 e 1989. Em 1986, juntaria forças aos seus amigos comediantes Steve Martin e Martin Short (ambos também figurinhas carimbadas do SNL) e estrelaria o sensacional Os Três Amigos – (filme que inspiraria até a reunião homônima dos cartunistas Laerte, Angeli e Glauco). A partir da década de 1990, a carreira de Chevy Chase entrou em franco declínio. A partir de 2009, foi escalado para a série de TV Community.

Billy Crystal

Apesar de ter sido integrante do Saturday Night Live pelo breve período de um ano – 1984 a 1985 – teve participação marcante, conseguindo emplacar sete personagens recorrentes no show (raros comediantes conseguiram fazer isso, em 40 anos de programa…), além de fazer inúmeras imitações campeãs de audiência. Também um exímio improvisador, depois de sair do programa, o comediante tem conseguido fazer uma carreira regular no cinema, entremeada por alguns grandes sucessos de bilheteria. Seu grande estouro foi com o filme Harry e Sally, Feitos Um Para o Outro, em 1989, que foi sucesso de público em todo o mundo, co-estrelado pela então ainda iniciante Meg Ryan. Logo em seguida, em 1991, produziu o faroeste Amigos, Sempre Amigos, que, apesar da recepção morna no Brasil, teve muito sucesso nos Estados Unidos e em outros países, sendo inclusive listado como um dos 100 filmes mais engraçados do século pelo AFI (American Film Institute). A película teve uma continuação, em 1994, que não conseguiu repetir o sucesso do original. Também participou do bem sucedido Meu Gigante Preferido, e Máfia no Divã (que também ganharia uma continuação mediana). Além disso, participaria do filme Monstros S.A., como o monstro verde Mike Wazowski, responsável por inúmeros cacos e improvisos. Outro grande destaque do humorista tem sido suas constantes e imprevisíveis apresentações de cerimônias do Oscar, as quais foi um dos que mais apresentou (nove apresentações, no total)

Robert Downey Jr.

O atual Tony Stark é filho de atores e, desde muito novo, era incluído nas produções do pai como coadjuvante ou figurante. Ao pai, deve a entrada tanto na carreira artística quanto no vício em drogas. Viciado desde os 6 anos de idade (quando o pai teria dado um cigarro de maconha para que ele fumasse), o ator conseguiu, desde cedo, se firmar como um talento promissor. Seus primeiros papéis de sucesso incluíram filmes como Tuff Turf – O Rebelde e Mulher Nota Mil. Entre 1985 e 1986 integrou o elenco do SNL, com o colega Anthony Michael Hall, mas foi demitido devido à grande crise de criatividade pela qual o programa vinha passando. Foi nomeado ao Oscar, em 1991, por sua marcante atuação como Charlie Chaplin no filme homônimo, e, logo depois, entrou em um longo período de baixa, devido ao uso constante e abusivo de drogas. Em 2001, o ator declara que finalmente consegue controlar seu vício em drogas, mas sua carreira só se reergueria em 2008, com a escalação para o longa-metragem do Homem de Ferro.

Até semana que vem, com mais sobreviventes, na 4ª parte dessa série…