Segundo alguns, condenei minha alma só por ter comprado isso.
Olá, pessoal.
Todo mundo reclamou, todo mundo chiou, todo mundo deu razão a Alan Moore, mas – como já era de se esperar – a DC não deu a mínima bola para os mimimis dos velhos rancorosos que não curtem Novos 52 e levaram adiante o projeto Before Watchmen, que tinha como proposta entregar personagens praticamente “sagrados” à interpretação de novos roteiristas e desenhistas. O único limite (pelo menos por enquanto) é que as histórias devem ser prequels, sem mexer na história original nem especular sobre o que aconteceu depois da mesma. Ok, eu acho que isso vai ficar pra depois…
No fim das contas, o projeto foi mediano, mercadologicamente falando. Vendeu relativamente bem, mas ficou longe dos números que a DC esperava. Mesmo assim, a Panini resolveu lançar este material aqui. Cada série será compilada em uma única edição, com capa cartonada, formato americano e papel de qualidade. De extras em cada edição, apenas a reprodução de algumas capas originais e umas partes da HQ A Condenação do Corsário Carmesim, uma história de pirata vinda do pc de Len Wein e do lápis de John Higgins (colorista de Watchmen), publicada aos pequenos pedaços em cada edição original nos EUA.
O primeiro encadernado é o do Coruja, com texto de J. Michael Straczynski (o gênio por trás de Poder Supremo e o jênio por trás de Pecados Pretéritos), lápis de Andy Kubert (Wolverine – Origem, 1602) e arte-final do lendário Joe Kubert, em seu último trabalho antes de falecer (na verdade, ele não terminou o serviço, que foi completado por Bill Sienkiewicz).
Obviamente, a história gira em torno de Dan Dreiberg, filho único de um casal abastado, que vive um relacionamento extremamente conturbado por conta da violência paterna. Fã do Coruja (Hollis Mason), ele descobre a identidade secreta do seu ídolo e o convence a treiná-lo para ser seu parceiro, sem saber que o velho herói prepara um substituto. Usando os recursos deixados por seu pai, Dan se torna um herói diferente do original, menos afeito à publicidade, mais preparado fisicamente e contando com recursos que são investidos em tecnologias que o ajudam no combate ao crime (destaque para a nave Arquimedes). Ele passa, então, a investigar um serial killer que tem como alvo prostitutas, auxiliado por Rorschach e pela Dama do Crepúsculo.
O roteiro não é ruim. É até mediano. Os diálogos, por exemplo, respeitam a forma original com a qual os personagens se expressavam na obra de Moore. As personalidades estão bem de acordo também. As referências a Watchmen são bem feitas.
Uma das coisas que me incomoda é a necessidade de encontrar um trauma onde acho desnecessário. Algumas pessoas são tímidas, fracas ou esquisitas sem precisar ter uma relação complicada com seus pais. Dreiberg, na minha concepção, nada mais era do que um nerd que, movido pela sua idolatria por um vigilante e sua completa inaptidão para qualquer carreira produtiva, resolveu empregar os recursos herdados de seus pais para combater o crime fantasiado – não como um vigilante perturbado, exorcizando seus fantasmas, mas um sujeito com problemas de maturidade e dificuldades de relacionamento. Straczynski deixa isso de lado e adota a receita de sempre, dando ao futuro Coruja os traumas que ele não precisava.
Outra coisa sem graça é a pequena relevância da trama em si. Parece uma crônica, na qual se narram coisas corriqueiras por falta de imaginação de escrever uma boa história. E é tão clichê… Duvido que alguém precise chegar ao final da terceira parte pra descobrir quem é o tal assassino.
Andy procura as sombras – literalmente – e deixa seu pai brilhar. Há páginas que eu não hesitaria em dizer que foram completamente executadas pelo velho Joe. Não foi um casamento perfeito, mas ficou longe de ser constrangedor. O surgimento não creditado de Sienkiewicz tenta emular o trabalho de Joe, mas se percebe que, a partir dali, é o traço de Andy que sobressai, o que não agrada. Mesmo assim, a arte vale muito mais do que a história.
Não é o fim do mundo e não tira nenhum grama da relevância da obra-prima de Alan Moore e Dave Gibbons. Na verdade, chega a ser irrelevante, pois, por exemplo, não conseguiu mudar a visão que eu tenho sobre o Coruja. Vale o preço? Se você quer ver o último trabalho de um dos gigantes dos quadrinhos, sim. Se você quer ver um pouco mais daquele universo maravilhoso criado há quase trinta anos atrás, sem ficar procurando nada profundo ou inteligente, apenas ver novamente aqueles personagens em ação, sim. Se você só quer ler uma HQ de super-herói um pouco melhor elaborada que a maioria das histórias mensais atualmente envolvendo os personagens Marvel-DC, sim.
Mas, se comprar, lembre-se:
Tenho pena de você. Titio Moore nunca vai falar contigo… Ele não gosta de traidores da causa bruxesca.
Depois que li Promethea, Lost Girls e Neonomicon, a opinião do Moore caiu muito no meu conceito!
Que pena… Vou dedurar você pro Tio Moore. Vai tomar uma bruxaria na cabeça. hehe
Falando sério: Concordo que Lost Girls é muuuuito ruim e aquém do que ele já fez. Já Neonomicom e Promethea não li.
Agora, é normal os artistas de verdade terem períodos de alta e de baixa. Ninguém é ótimo o tempo todo… Se nem a gente é coerente o tempo todo, quanto mais no que a gente faz…
Cara, Neonomicon é nhé. E Promethea… Cara, é muito ruim aquilo. Troço chato do cacete!
Que pena… Vou dedurar você pro Tio Moore. Vai tomar uma bruxaria na cabeça. hehe
Porra, Jota Jota!
Mas eu vou ler quando tu me emprestar. Hehehehehehe!!!
Estou comprando a coleção toda. Cara, pelo menos as artes estão muito boas (mas acho que isso é mais porque o Gibbons – embora tenha excelente narrativa – não tem um grande traço).
Quer Porra, Jota Jota?
Por que está sempre me pedindo isso?
Veja ai embaixo, o Neo pedindo muito antes
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