Nerdtalgia – Transformers Generation One – parte 3

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Continuando com o especial Transformers G1. Agora, falaremos sobre os brinquedos no Brasil…

A primeira parte está AQUI e a segunda AQUI.

No Brasil, a ex-gigante Estrela, empresa de brinquedos, lançou apenas os minicars, renomeados aqui de robocar + modelo (Robocar Volks, Robocar Camaro, etc). Mesmo assim, a coleção veio de forma incompleta. O Huffer nunca pintou por aqui. Para compensar esta falta, enfiaram um personagem chamado Bumblejumper. O nome é resultado da mistura de Bumblebee e Cliffjumper, já que ele apresenta características de ambos os personagens. Ainda assim um tremendo tapa-buraco, já que este personagem não existe na linha americana original. Muito menos na TV e quadrinhos (falarei um pouco mais sobre ele no próximo post). Além disso, cada personagem tinha uma opção de cor, o que resultou em DOZE robôs. É o que se tinha pra época.

Diferenças entre a cartela gringa e a nacional. A logo foi modificada para a América do Sul (A Argentina também usou essa versão). Até o símbolo Autobot foi retirado. O robô da esquerda (Huffer) foi o único minicar que não veio para o Brasil. O que foi uma tremenda sacanagem, já que era justamente esse que eu queria quando moleque. hehehe

Pior do que não lançarem o restante da linha G1, porém, foi o fato de a Estrela praticar uma ação irritante (e por que não dizer, desonesta?). Tempos após o lançamento dos brinquedos, em vez de importar os outros personagens restantes, a empresa preferiu relançar todos os seis minicars repintados e divididos em facções imaginárias. Por aqui, Autobots viraram Optimus e Decepticons tornaram-se Malignus. Até os simbolos de ambos foram bem modificados e lembram muito vagamente as logos originais. Gears, Windcharge e Brawn se tornaram Malignus e tiveram repaints mais escuros, dando o tom vilanesco. E, mais uma vez, todos os seis ganharam uma opção de cor. Tudo isso era uma tentativa de se aproximar do sucesso da TV e, principalmente dos quadrinhos, que usava os mesmos nomes (mas não as mesmas logos tupiniquins) das facções. Como existiam problemas de licenciamento, a Estrela preferiu criar a versão brasileira.

logos
Que bosta é essa, Estrela?!
Um cachorro e uma formiga?!

Uma observação interessante é que esses repaints safados da Estrela são peças raras, de certa forma, para colecionadores gringos. Ironicamente, viraram opções relativamente valiosas. Não é todo dia que se vê um Bumblebee prateado ou um Cliffjumper dourado. Por outro lado, a qualidade dos adesivos colados aos personagens brasileiros é considerada de baixa qualidade pelos americanos, pois elas descolam com o tempo. Não é de todo mentira. Eu mesmo tinha alguns que seus adesivos perderam aderência com os anos.

minicars
Robocar Volks (Bumblebee), Robocar Carrera (Cliffjumper), Robocar Sedan (Bumblejumper), Robocar Pick-up (Gears), Robocar Jipe (Brawn), Robocar Camaro (Windcharger): eram esses os nomes que a Estrela deu em vez de usar os originais (entre parênteses). O quadro da esquerda era a primeira versão, cada um com duas opções de cores. O da direita já era a linha Optimus x Malignus, também com duas opções.

As mudanças e variações de cores não pararam por aí. A linha Jumpstarters, que contava apenas com dois autobots (Topspin e Twin Twist), foi rebatizada e lançada com o nome de Salt-Man. Topspin virou Salt-Man X (modelos branco + vermelho ou branco + verde escuto) e Twin Twist tornou-se Salt-Man Z (amarelo + preto ou laranja + azul marinho). Os Jumpstarter, aliás, eram uma linha curiosa. Não faziam parte da cronologia G1, mas, diferente de Bumblejumper, eram um produto oficial da Hasbro. Provavelmente, estes eram um dos brinquedos mais bem elaborados e inovadores da linha, pois, com o impulso em modo veículo, o personagem dava uma pirueta em movimento e caía (geralmente) em pé, no modo robô.

saltman
Topspin e Twin Twist: Jumpstarters / Salt-Man:
Considero os mais engenhosos de toda a linha G1.

Falando de modificar logos, a Estrela tinha em suas cartelas uma logo de Transformers bem diferente da original, usada não só no Brasil, mas também na América do Sul. A logo Transformers foi condensada, quase virando símbolo de uma das facções robóticas. Esse redisign espalhou-se também para todas as publicações impressas.

Além do famigerado Bumblejumper, a Estrela lançou outros robôs exclusivos que levavam a marca Transformers mas que não faziam parte da linha original. Aliás, algumas dessas peças são raridades, valendo uma boa grana até para colecionadores estrangeiros, já que foram vendidos somente abaixo da linha do Equador. Os Eletrix e os Bat-Robôs.

Os Eletrix eram três modelos bem distintos: Porsche (lembrando o Jazz, só que preto), Jipe (azul) e Esporte (praticamente um Cliffjumper). Eles eram elétricos (duas pilhas AA) e funcionavam por um controle, ligado por um fio ao carrinho. A transformação era simples. Os carrinhos simplesmente levantavam e aparecia a imagem de robô, no fundo do carro. Nada muito elaborado. Apesar de semelhanças com os minicars, o brinquedo original era de uma empresa japonesa chamada Yonezwa. A Estrela fez a “gentileza” de incorporar à linha TF ao trazer para o Brasil.

eletrix
Eletrix: Considero caros e bobos. Rapidinho perdiam a graça e nem dava pra criar uma briga decente com o Bumblebee.

Os Bat-Robôs funcionavam quase igual ao Eletrix. Levantavam e viravam robôs automaticamente. A diferença é que, além da ausência de controle remoto, a linha de carrinhos era acionada sofrendo uma pancada na frente deles (como sugeria o nome da linha). Ao pressionar um pino no para-choque algumas partes se “desmontavam” para virar o robô. No Eletrix, os carrinhos eram uma peça única, sem “desmontes”. Bat-Robôs vinham como modelo Turbo (azul claro ou vermelho) ou Pick-up (verde claro ou laranja). O original foi liberado para comercialização pela japonesa Tonka, e a  linha chamava-se Powertrons.

batrobo
Bat-Robô: mais uma safadeza que a Estrela empurrou na criançada oitentista.

Opinião de quem brincou com ambos nos anos 1980: tanto Eletrix quanto Bat-Robôs empolgavam no início. O Eletrix um pouco mais, talvez pela “ostentação” de se ter um carrinho de controle remoto nos anos 1980, mesmo com o fio que limitava a distância do carrinho. No entanto, enjoavam rápido e NUNCA dava pra se brincar junto com a linha tradicional de carrinhos. Não combinavam.

Será que esqueci algo? Lembrem aí nos comentários.

Em breve, mais um capítulo.

Vilipendiador Unperucked

Sempre se metendo em novos projetos e lutando contra pré-conceitos interiores. Já teve pilhas de HQ's, videogames e cartuchos. Hoje somente bons encadernados e um emulador. Ainda assim, sempre tenta colecionar algo. Pensou em escrever sobre a procrastinação mas achou melhor deixar pra semana que vem.

Este post tem 14 comentários

  1. Cara, esses minicars foram minha grande paixão de infância. Tive quase todos (menos o Bumblejumper), e ainda os dois Saltman, o X e o Z. Me lembro que, na falta dos brinquedos da linha principal, na hora de brincar, eu fingia que o Saltman Z era o Optimus e o Saltman X era o Starscream.

    Ainda tinha alguns bonecos de uma coleção-clone, lançada pela Glaslite, no rastro do sucesso dos transformers, chamada Mutantes. Não sei se você conheceu, Vili. Inclusive, eles tinham uma variedade muito maior de carros-robô: tinham um caminhão, um hidro-avião, um carro de fórmula 1, uma retro-escavadeira, dentre outros.

    PORRA, e eu tava vendo em um site especializado… Eu tinha o Ônibus dos Mutantes, que é raríssimo, só foi produzido no brasil e no Japão… Ninguém merece… hahaha

    1. Vilipendiador Unperucked

      Lembro da coleção, Colossus. Com bastante detalhes até, pois ainda tenho varios deles. No próximo capítulo eles serão lembrados.

      E eu ainda tenho esse ônibus. Sem duvida, raríssimo!

    2. Anubis_Necromancer

      A serie Mutantes era baseada em GoBots.
      O primo pobre de TF.
      Anos depois a linha foi comprada pela Hasbro e inserida na linha de toys repaints da linha Minibots

  2. Atualmente, a Hasbro OFICIALIZOU TODAS as versões locais de brinquedos Transformers G1 espalhadas pelo mundo, como personagens do seu universo. Todos os repaints… variações… invenções locais. E isso inclui os ”optimus” e os ”malignus”, inclusive, explicando que eles usam um idioma próprio que, ao chegarem na Terra, na Idade Média, se combinou com o idioma dos reinos emergentes que formaram Espanha e Portugal, originando a versão no qual conhecemos. Ou seja, são transformers que ”FALAM português e que tem nomes latinos”, por estarem entre portugueses e espanhóis desde antes da formação desses países. Conseguiram amarrar legal e aumentaram o valor dessas peças raras para colecionadores.

    1. Vilipendiador Unperucked

      Se já é confuso hoje, imagine na época onde essas versões não tinham respaldo da matriz, hein!

      1. Verdade. Eu ficava bem fulo, ao saber que eu tinha um ou outro transformer que NÃO se encaixava na história do desenho animado. Era como ter comprado uma versão pirata… sendo que era oficial de fábrica.

        1. Vilipendiador Unperucked

          A complicação maior na época era carecer de fontes. Quem viveu os anos 80 sabe que conseguir um quadrinho importado por aqui era o máximo de contato com o exterior. Lembro que quando criança, visitando meu avô no hospital, que vi uma criança com um encarte guia da linha americana e soube ali que a vida era muito mais do que os brinquedos que a Estrela oferecia. Muitos não tiveram essa informação e devem ter se perguntando por um bom tempo o motivo de não fazerem brinquedos dos outros Transformers.
          Mas usa informação é muito importante. Esqueci de agradecer

        2. Vilipendiador Unperucked

          A complicação maior na época era carecer de fontes de informação. Quem viveu os anos 80 sabe que conseguir um quadrinho importado por aqui era o máximo de contato com o exterior. Lembro quando criança, visitando meu avô no hospital, que vi uma criança com um encarte guia da linha americana. Soube ali que a vida era muito mais do que os brinquedos que a Estrela oferecia. Muitos não tiveram essa informação e devia se perguntar por um bom tempo o motivo de não fazerem brinquedos dos outros Transformers.
          Mas a sua informação é muito importante. Esqueci de agradecer

          1. Helder Jaguarhx Chaves

            Eu é que agradeço pelo papo, amigo! 😉 Lembro também de ir com meu pai no aerporto de Fortaleza só para poder folhear as revistas importadas. Hehehe. E minha maior chateação, quando criança, era que nunca lançaram o Optimus Prime G1 oficialmente na época. Heehehe. Lembro que só soube da linha da Hasbro e Takara também graças a um amigo da escola que tinha brinquedos trazidos pelo pai, via Miami. Ele tinha um Watchman robotChronos (da linha japonesa Diaclone) de verdade, que era relógio funcional e mini-robô. Fiquei muito bobo de ver aquilo.

  3. Rods

    Os Jumpstartes faziam parte sim da cronologia G1. Embora nunca tenha aparecido no desenho, apareceram nos quadrinhos da Marvel, onde fazem parte do famoso grupo dos Wreckers

    1. Vilipendiador Unperucked

      Sim, você tem razão.
      O problema é que talvez não tenha deixado muito claro na série de textos que a intenção é mais abordar a trajetória da G1 aqui no Brasil. Necessariamente muitas vezes tenho que “sair do país” para explicar a origem de algo, como fiz com os Eletrix e os Bat-Robôs.
      Mas vale ressaltar que por aqui os Jumpstarters não apareceram no desenho NEM Nos quadrinhos, que foram cancelados aqui muito antes de serem apresentados.

  4. Jonas Lobato

    Artigo feito por aqueles famigerados e típicos nerds “leite com pêra”.
    A Estrela fez o que pôde na época, com a crise financeira e a inflação que assolava o país, e fez muito bem. Chamar esses itens hoje raros de “famigerados” e a atitude da empresa de “safadeza” é uma atitude típica de um filho da puta.

    1. Vilipendiador Unperucked

      Rapaz, o senhor fala com tanta certeza sobre as (supostas) ações da empresa e a relação com a inflação que imagino que você só poderia ser uma das duas pessoas: o presidente da empresa de brinquedos ou o ministro de economia da época. Nem vou perguntar sua idade com medo de descobrir que você é um jovem que não viveu essa época de inflação oitentista.

      Infelizmente (pra você) sua afirmação cai por terra quando lembramos que a própria Estrela comercializava produtos bem mais caros em “Comandos em Ação” com tanques e aviões que custavam o fígado dos nossos pais. Se você quiser ficar só em Transformers os próprios Eletrix e Bat-robôs eram um desperdício de grana onde valeria mais investir pra ter um Prowl, Jazz ou Starscream. E nem vou citar os boxes com seis veículos da Mimo e seus Converts. Tudo perfeitamente comercializado.
      A Estrela fez “tão bem” que simplesmente ignorou o Huffer, um personagem da mesma dimensão dos outros minibots. Preferiu ficar mastigando esse chiclete já sem açúcar.
      Se eu tivesse de arriscar um palpite a Estrela simplesmente “protegeu” essa linha já que parece certo pra mim que se lançasse o resto da linha a criançada com certeza pediria um Starscream em vez de mais um repaint de Bumblebee. E aí os minibots encalhariam de vez.

      Sendo assim sua postagem é tão equivocada quanto seu pai (que poderia ter se masturbado, jogado você fora e poupado o planeta de sua presença), sua mãe que lhe colocou no mundo ou você insinuando que eu seja seu irmão ao meu chamar de filho da puta.
      Muito engano pra um individuo só.

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