A série do demônio audacioso, lançada pelo Netflix, fez tremendo sucesso. Agora estamos ansiosos pela segunda temporada, confirmada depois da excelente repercussão. E olha que ainda teremos as séries da Jéssica Jones, Luke Cage, Punho de Ferro e Defensores (reunindo esses três e o Demolidor).

Entre fãs e meros curiosos tivemos os que viram tudo de uma vez, em uma maratona, ou os que preferiram degustar com calma, pra não sofrerem com fortes crises de abstinência por muito tempo (meu caso). Sendo assim decidi falar um pouco sobre a série, em duas três partes. Tentei fugir do lugar comum de resenhas e aquelas referências que todo mundo já sabe. Preferi comparar com os quadrinhos e especular o que poderia vir por aí.

O que? Você ainda não viu a série do Demolidor?! Você é cego? (rá!) Então cuidado com spoilers.

1 – O destino de Ben Urich:

Comecemos com a morte do repórter. Confesso que me desagradou bastante, já que o personagem tinha um baita potencial para informante do herói (como algumas vezes na HQ) além da relação entre Urich e Matt (que nos quadrinhos se desenvolveu ao ponto do jornalista descobrir a identidade do herói e guardar esse segredo, ganhando total confiança de Matt) ser desperdiçada com seu assassinato. Talvez esse viés investigativo fique com Karen Paige (que mostrou aptidão sendo quase “aprendiz” de Urich), mas ainda assim a produção pode enfrentar uma rejeição ao tentar inserir outro jornalista ou personagem semelhante.

Quanto ao ator, apesar de bem diferente da sua versão original com cara de loser (semelhante ao Woody Allen), o Urich da série consegue mostrar um personagem deslocado e muitas vezes desacreditado pelos seus colegas. Ponto positivo.

2 – Foggy, e a identidade do Demolidor:

Este foi o segundo ponto que me incomodou, ainda que menos que o primeiro, por ser compreensível. O Foggy da série tem sua graça, porém é bem mais esperto e sóbrio que a sua versão tapada das hq’s. Sendo assim, seria até uma ofensa o melhor amigo de Matt passar toda a série (ou boa parte dela), alheio as aventuras do seu sócio como Demolidor. É um caminho interessante, mas que os escritores precisarão ter cuidado para não virar clichê, do tipo “vou ali me transformar, Foggy”.

3 – Karen e seus demônios:

Karen Paige foi uma personagem bem construída na série mas, por enquanto, longe do que era nos quadrinhos. O mais próximo disso é o fato de ser secretária do escritório de advocacia e o interesse que ela parece demonstrar cada vez mais por Matt (já que Karen foi um dos maiores amores do Demolidor). A série não parece indicar que ela será uma atriz, por outro lado se esse interesse romântico for correspondido e Matt revelar sua identidade, então talvez teremos a chance de ver a “Queda de Murdock”. Até porquê Wilson Fisk tem motivos para guardar rancor. Lembre-se (se você já viu a série) que ela guarda o segredo da morte de Wesley e apesar de aliviada com o destino de Fisk ao fim da série ela ainda sente-se acuada. Exatamente como quando começou a série. Estaria aí o início do seu declínio?

4 – Alivio cômico:

Sem um Foggy paspalho a série não tem um personagem exclusivamente engraçado. As piadas e gracejos estão espalhados entre os textos dos personagens. A maior parte dentro do escritório da Nelson & Murdock. O Tucão atrapalhado cairia bem na série? Talvez, se não o tivessem transformado em um cara comum.

5 – Apenas “referências”?

Falando nisso, quem ainda não pescou, o Turk Barrett da serie é o Tucão. Metido a malandro e bem diferente. Achei um personagem desperdiçado. Já Leland Owlsley é uma incógnita. O excelente personagem tem o mesmo nome do Coruja, um vilão meia boca do Demolidor, mas que não deu nenhuma mostra de habilidades especiais além de um texto afiado (ok, ele pegou o Demolidor desprevenido com um teaser, mas só). Mas vale lembrar que apesar de ser jogado em uma espécie de poço de elevador por Wilson Fisk, não houve confirmação de sua morte. Então, se juntarmos a grana que ele adquiriu como contador desviando dos chefões, e se sobreviveu, talvez ele possa financiar algum exoesqueleto ou apetrecho especial (como o personagem da HQ possui). Owlsley também citou a existência de um filho no ultimo episódio. Como o ator Bob Gunton (Owlsley) já tem certa idade para acrobacias (e se os produtores optarem por uma versão de Coruja lutador) o tal filho poderia ocupar este papel, até mesmo com o pretexto de vingança pelo que aconteceu ao pai.

6 – Na mosca? Quase!

Um terceiro “possível” personagem seria o Mercenário (Bullseye), que eu chamaria também de “interessante”. O motivo? Se você não percebeu lá no sexto episódio vemos um sniper com um maço de cartas de baralho antes de agir. O detalhe é rápido e a coisa fica por aí mesmo, sendo apenas mais uma referência apesar das especulações da presença do vilão na segunda temporada (rolou até boato da possibilidade de Jason Statham no papel). A parte do “interessante” diz respeito ao fato de que apesar de ter acertado seu alvo no episódio (o Mercenário não erra) a vitima sobreviveu (ops). Seria legal pensar que este vilão já trabalhava para o Fisk, mas ainda seria apenas um novato desenvolvendo suas habilidades, assim como o Demolidor. Fica a dica, Netflix!

E você? O que acha até aqui? Algo a acrescentar?
Até o próximo capítulo.