Top X: Os 20 melhores episódios de Seinfeld (na minha opinião de merda) – Parte 1

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Já aviso: vão ser posts longos.

Seinfeld foi um seriado diferente: além de não cair nos lugares-comuns da maioria dos sitcons de comédia (idas e voltas de algum relacionamento amoroso que vai se firmando ao longo da série; existência de personagens-escada, que dão pretexto pras piadas dos protagonistas; etc.), criou todo um novo estilo mais “despojado” de fazer sitcons. Em Seinfeld se inaugura a moda (agora muito comum em qualquer sitcom norte-americana) de os personagens comerem ou fazerem lanches rápidos no cenário, enquanto desenvolvem seus plots, pois a sua premissa principal é a de que este seria “um show sobre nada”, ou seja, se passaria nos intervalos entre uma atividade ou outra dos protagonistas, sendo que, muitas vezes, durante o preparo para os compromissos principais a que os personagens se preparavam, adversidades aconteciam que, simplesmente, faziam que os personagens se frustrassem de alguma maneira e não conseguissem as atividades pretendidas.

A partir dessa semana, passarei a limpo meus episódios favoritos, fazendo um breve resumo.

1) The Stake Out

Apesar de ser o 2º episódio da curta 1º temporada de 5 episódios, pra mim é o primeiro que vale, pois é a primeira aparição de Elaine e é quando os personagens começam a exibir os traços de seus comportamentos totalmente reprováveis. Ao apresentar Elaine, temos uma geral de como foi o relacionamento entre Jerry e Elaine. Parece estar claro que eles terminaram há não muito tempo, e algumas feridas ainda estão abertas, mas, como tudo nesta sitcom, isto é tratado de maneira leve e quase desdenhosa.

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Os dois decidem continuar amigos e resolvem ir juntos a uma festa de aniversário. Lá, Jerry conhece uma moça por quem fica a fim, e não consegue achar jeito de falar com ela, pois Elaine está sempre do lado. Numa breve conversa, Jerry descobre que a moça trabalha numa firma de advocacia, e é a única informação que obtém dela.

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“Sagman, Bennett, Robbins, Oppenheim and Taft”. Esse era o nome da firma, que Jerry repetia mentalmente de maneira rápida. Um nome enorme, e uma enorme sacanagem com os sempre grandes nomes de firmas de advogados nos EUA

Este também é o primeiro episódio que mostra os pais de Jerry (o ator que fez o pai seria substituído, na temporada seguinte, pelo excelente ator Barney Martin. O pai de Jerry sugere que este faça uma tocaia, esperando a mulher na frente do prédio em que ela trabalha. No dia seguinte, Jerry leva George pra que parecesse que os dois estariam eventualmente ali, e a moça não ficasse assustada. Depois de muito tentarem combinar como seria a história que usariam pra enganar a moça, George decide usar um nome falso. A partir daí, surgiria o seu lendário alter-ego, Art Vandelay, que, assim como os super-heróis (constantemente referenciados na série), seria tudo o que George da vida real não é: descolado; com um bom emprego de arquiteto; bem sucedido na vida.

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A partir de então, ao longo da série, Jerry e Kramer também desenvolveriam Alter-egos, pra terem desculpa de fazerem as maiores barbaridades, como se passarem por outras pessoas ou invadirem lugares. Jerry usaria o pseudônimo de Kal Vernsen (em homenagem ao Kal-El, o Superman); enquanto Kramer volta e meia se passava como sendo Peter Van Nostrand, um cara refinado e rico, e H. E. Pennypacker.

Elaine descobre que Jerry fez a tocaia para a outra moça, e isso acaba sendo motivo para que eles sejam definitivamente amigos e se apoiem em novos relacionamentos.

2) The Jacket

É o terceiro episódio da segunda temporada. Jerry está comprando roupas com Elaine e encontra uma jaqueta de camurça de que gosta muito. Tem receio em compra-la, pois acha ela muito cara, além de não gostar do forro da jaqueta, que é branco com listras verticais rosas. Jerry acaba comprando a jaqueta e, enquanto está se admirando com ela na frente do espelho, Kramer entra e também admira tanto a jaqueta quanto o preço dela. Logo em seguida, Kramer pede a Jerry que dê a ele um casaco que se encontrava pendurado na sala, já que, com aquela jaqueta nova, tão bonita, Jerry não precisaria mais do casaco.

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No dia seguinte, Jerry, Elaine e George jantam com o pai de Elaine, um famoso escritor chamado Alton Benes, ex-militar autoritário, amargurado e extremamente mal-humorado. Jerry e George acabam ficando muito nervosos, pois além de se encontrarem com alguém tão famoso, chegam bem antes de Elaine, tendo que lidar com o temperamento horrível do escritor. Quando Elaine chega e os quatro se encaminham para o restaurante, Jerry percebe que está nevando, o que estragaria a camurça de sua tão amada jaqueta nova. Então, decide vesti-lo ao avesso, deixando à mostra o forro listrado de rosa. O pai de Elaine se recusa a sair com um rapaz vestido como “um maldito idiota” e ordena que Jerry use a jaqueta normalmente. Jerry assim o faz, o que estraga completamente a roupa.

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Alton Benes estranhando a jaqueta estúpida de Jerry.

Este episódio vale por mostrar mais a personalidade de Jerry e George, demonstrando o quanto eles são imaturos e infantis, e fazendo piada disso, em contraposição ao vivido e amargo pai de Elaine. A cena do banheiro é impagável.

3) The Phone Message

É o quarto episódio da segunda temporada. Neste episódio, quem ganha destaque é George. O imbecil sai para um encontro com uma moça chamada Carol e, no final da noite, ela chama ele para entrar e tomar um café. George recusa, dizendo que não gostava de café porque o deixaria acordado a noite inteira e se toca, depois que a moça sai do carro, de que café não é realmente “café”, café é “sexo”. Fica desesperado de raiva com sua falta de habilidade de lidar com as pessoas e entender as sutilezas num diálogo.

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George resolve ligar para Carol, mas só consegue deixar uma mensagem extremamente longa e idiota na secretária eletrônica. Preocupado em não deixar a imagem do completo imbecil que é pra moça, tenta pensar em alguma coisa pra remendar a série de eventos estúpidos. Jerry lembra que seu cunhado passara por coisa semelhante, só que em uma entrevista de emprego, e teria invadido a casa da pessoa e trocado a fita da secretária eletrônica. Ao descobrir que Carol teria viajado a trabalho, George decide fazer o mesmo e decide, no dia em que a moça voltaria de viagem, ficar esperando-a com o Jerry, na portaria, pra entrar junto com ela. George distrairia Carol, enquanto Jerry trocaria a fita da secretária. No fim das contas, todo o hilário transtorno que isso causou e os planos absurdos pra roubar a fita não dão em nada, pois George descobre que Carol já ouvira sua mensagem imbecil, dizendo que adorava esse tipo de mensagem idiota e engraçada, era uma boa piada.

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Episódio que vale por mostrar a dinâmica da amizade neurótica que há entre Jerry e George, cheia de diálogos escrotos, e por começar a mostrar o quão inútil e fracassado George Costanza pode ser.

4) The Statue

Sexto episódio da segunda temporada, mostra que Jerry herdou algumas velharias de seu avô, que estavam esquecidos lacrados em uma caixa no fundo do seu apartamento. Dentre os bagulhos, George e Kramer se interessam por uma estatuazinha antiga, idêntica a uma antiga estátua que os pais de George tinham e ele teria quebrado enquanto imitava uns passos de dança (aqui, o seriado começa a abordar, aos poucos, a possível e hilária homossexualidade incubada do George). Após os dois disputarem a guarda da estátua na base do Uni-Duni-Tê (No qual Jerry roubou pra favorecer o amigo), George ganha o direito de ficar com a estátua, enquanto Kramer se interessa por umas meias, um chapéu e um terno velhos, que, segundo ele, pareceriam roupa de detetive da década de 1960.

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Ao mesmo tempo, Elaine (que é revisora de uma editora) convence Jerry a deixar que o namorado de Rava, uma escritora com quem está trabalhando, faça uma faxina em seu apartamento. Jerry fica tão impressionado com a limpeza que vai pessoalmente à casa do rapaz agradecê-lo, e, enquanto espera, nota na estante da casa do namorado uma estátua idêntica à do seu avô, que tinha dado ao George. Jerry liga pro Kramer pra confirmar se sua estátua está em casa, e descobre que a estátua na casa do namorado da escritora é a sua, que o rapaz roubara enquanto fazia a faxina. Kramer, então, se fantasia de detetive policial com as roupas do avô de Jerry e arromba a porta do namorado de Rava, botando ele contra a parede e, discretamente, roubando a estátua de volta.

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Neste episódio quem rouba a cena é Kramer. Vale, principalmente, por começar a demonstrar a personalidade expansiva e destrambelhada do personagem, que fica hilário se fazendo de policial e gritando com o namorado da escritora. Episódio cheio de cacos e improvisos de Michael Richards (Kramer) e que acaba marcando, de vez, o tom que Kramer terá ao longo de toda a série.

5) The Revenge

Este episódio é o primeiro totalmente escrito por Larry David, co-criador do seriado, junto com Jerry Seinfeld. Apesar de ter 3 plots simultâneos, o plot mais interessante é o de George, que é tarado por frequentar banheiros de luxo e é banido do banheiro executivo, exclusivo de seu chefe. Por conta disso, George vai à sala do chefe, fala um monte de desaforos pra ele e pede demissão.

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“Você é pior que nada!”

Ao chegar em casa e conversar com Jerry, George vê que não tem lá habilidade pra muita coisa, nem alternativa de outro emprego e descobre que pedir demissão foi uma burrice tremenda. Jerry sugere que George volte ao trabalho no dia seguinte e haja como se nada tivesse acontecido, que jogue um verde, pra ver se cola. No dia seguinte, na sala de reunião, logo após perguntar a alguém do lado o que George fazia ali, o chefe o humilha publicamente e o expulsa do escritório, o que enseja um desejo de vingança por conta do George.

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“O que o Costanza tá fazendo aqui?”

George, então, pede a Elaine que tente seduzir seu chefe, enquanto coloca comprimidos fortíssimos pra dormir na bebida dele. O plano funciona, mas, um pouco antes do remédio fazer efeito, o chefe de George decide emprega-lo de volta, o que acaba dando errado, pois descobrem que George teria dopado ele.

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Um dos plots secundários diz respeito a Kramer: querendo economizar dinheiro, Kramer pede a Jerry que lave suas roupas junto às dele. Quando tudo dá errado, Kramer decide sabotar a lavanderia. A cena da sabotagem é absurdamente hilária, com Michael Alexander improvisando inúmeras quedas e desastres como Kramer.

O episódio vale por aumentar cada vez mais o grau de idiotia do George Costanza. O plot do pedido de demissão de George é baseado em um fato  que realmente aconteceu com Larry David, na época em que ele era redator do humorístico Saturday Night Live. Só que, ao contrário do que aconteceu com George, Larry voltou à redação, fingindo que nada aconteceu, e conseguiu seu emprego de volta.

Colossus de Cyttorak

Detentor dos segredos da Mãe-Rússia, fã incondicional de jogos da antiga SNK (antes de virar esse arremedo, chamado SNK Playmore), e da Konami, Piotr Nikolaievitch Rasputin Campello parte em busca daquilo que nenhum membro da antiga URSS poderia ter - conhecimento do mundo ocidental. Nessa nova vida, que já conta com três décadas de aventuras, Colossus de Cyttorak já aprendeu uma coisa - não se deve misturar Sucrilhos com vodka, nunca!!!!

Este post tem 7 comentários

  1. JJota

    O mais sem graça de Seinfeld é o próprio. Toda resenha de algum episódio sempre tem: “fulano” rouba a cena!

    1. GuilhermeCunha

      A função do Jerry não é bem fazer a graça e sim ironizar os outros personagens e seus exageros. Tanto que ele tem falas tão boas ou melhores que o próprio George mesmo não sendo tão engraçado. Tirando alguns momentos com o Newman, o Jerry tem que ser desse jeito comum mesmo, e não cartunesco como os demais pra dinâmica do programa funcionar.

      Como dizia a propaganda do Canal 21: George, o amigo folgado de Seinfeld… Elaine, a amiga sexy de Seinfeld… Kramer, o amigo maluco de Seinfeld… Seinfeld, o amigo normal de George, Elaine e Kramer.

      1. É meio por aí mesmo, Jota. Concordo com a opinião acertadíssima do Guilherme Cunha: Seinfeld é a âncora que segura todo o universo extravagante que o rodeia. Tanto é que, em algum episódio (não me lembro mais qual), Elaine e George chamam Jerry de “Even Steven”, algo como “Estevão Equilibradão”, no que Jerry concorda, no final, já que as coisas terminariam pra ele, em todos os episódios, “Even”, ou seja, iguais ou equilibradas.

  2. GuilhermeCunha

    The Stake Out tem uma frase que eu me lembro até hoje: ”Quando você está de tocaia prefere ficar escorado ou escondido?”

    The Phone Message marca o início das armações mais elaboradas deles, tanto que é o primeiro capítulo que, como você mencionou, Art Vandelay é citado. A senha que o George inventa pra avisar o Jerry que a garota estava entrando na sala (”De fininho, de fininho”) e a desculpa que o George usou pra distrai-la no quarto (”Você sabia disso? O pai dele entra de tênis na piscina.”) também são hilários.

    Pra mim o episódio que faz a série deslanchar é The Busboy, décimo segundo da segunda temporada, porque é onde pela primeira vez eles cruzam as histórias paralelas, com o garçom que George e Elaine fazem ser demitido saindo na porrada no final com o namorado chato dela quando ele ia pro aeroporto. A partir dai esse recurso virou peça chave pro humor da série.

    1. The Stake Out inaugura o repertório de assuntos aleatórios, insólitos, ou que seriam de pouca relevância numa conversa normal de determinada situação, mas que acabam tendo muito mais destaque do que deveriam, graças a esses personagens extremamente neuróticos e perturbados.

      Quanto ao “The Busboy”… Cara, você leu meus pensamentos: The Busboy entrará na segunda parte dessa série, que sairá semana que vem, e justamente pelos motivos que você fala. Depois disso, a série começa a engrenar na forma de uma comédia de erros, onde os erros de plots paralelos de vários personagens que, a princípio, nada teriam a ver, acabam desencadeando um desastre maior, que fechará o episódio. Obrigado por ser um dos 6 leitores a continuar acompanhando a série de posts, e aguarde, pois quarta que vem tem mais!

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