Um batismo de sangue e fogo – A Guerra dos Tronos

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A Guerra dos Tronos - George R. R. Martin - Ed. Leya
A Guerra dos Tronos – George R. R. Martin – Ed. Leya

Não, este não é um texto sobre a série Game of Thrones, da HBO, mas, sim, sobre o primeiro livro das Crônicas de Gelo e Fogo, ou, em inglês, A Song of Ice and Fire, do tio avô George R. R. Martin. A Guerra dos Tronos é o primeiro livro das Crônicas e se preparem, porque vem mais seis depois desse e  cinco já foram publicados.

Antes de ler o livro, ouvi muita gente comparando com Senhor dos Anéis. Li resenhas e críticas que diziam isso e falavam de Martin como o novo Tolkien. Sinceramente? Não achei nada disso!

“Meu Deus, essa mina tá louca, olha só o que ela escreveu!”; “Ca*****, fica quieta que você tá falando merda!”; “Vai se f****! Vai dizer que não gostou da p**** do livro e ainda vem pagar de inteligente escrevendo sua opinião de merda sobre ele!”

Para qualquer um que tenha pensado isso, ou coisas parecidas, e esteja com as mãos no teclado para me xingar nos comentários, calma! Primeiro, os livros das Crônicas estão no meu top “li, releio e morro falando deles”. Segundo, vou explicar porque não concordo com a comparação.

O modo de escrever dos dois autores são bem distintos, esse por si só já é um ótimo motivo para não comparar. Tolkien foi um gênio que criou um universo próprio, encaixando vários elementos folclóricos e explicando como surgiram e o que fizeram, além de criar idiomas para esses seres. Mas até hoje não conheci uma pessoa que não tenha ficado com sono em algum momento lendo uma de suas obras. O próprio Senhor dos Anéis é um exemplo do quão detalhista ele era sobre o ambiente em que suas histórias aconteciam.

Por outro lado temos Martin. Para mim ele também é um gênio. Ele criou um universo baseado, no nosso, no mundo real, com características medievais e os personagens mais humanos que já vi em um livro de ficção.

Para começar, cada capítulo é um POV (point of view – ponto de vista) de um personagem da história. Ou seja, tudo o que lemos em cada capítulo, é o modo como um personagem enxerga o mundo ao seu redor, com seus pensamentos, sentimentos e escolhas, que com certeza acabam influenciando toda a trama mais cedo ou mais tarde.

Desde o momento em que somos apresentados a esses personagens, vendo através dos olhos deles, não tem como dizer que fulano é um típico vilão e beltrano o personagem bonzinho que vai fazer tudo dar certo no fim. Isso é Disney!

Admito que quando comecei a ler a Guerra dos Tronos, e passei do prólogo (já volto nesse ponto), fiquei um pouco perdida com os vários nomes que apareciam, de personagens secundários, terciários e por aí vai, e isso é um detalhe que se repete em todos os outros livros, a ponto de tornar algumas passagens cansativas e até confusas, mas nada que, a meu ver, estrague a leitura. Tanto que se nesse ponto for para retomar a comparação Martin – Tolkien, diria que essa é uma característica que até pode se comparar um pouco com as descrições das florestas da Terra Média.

“Beleza, entendi porque você não concorda com a comparação dos dois autores, mas sobre o que é o livro afinal de contas?”

Para explicar melhor a história…

 

O mundo criado por Martin

Mapa de Westeros
Mapa de Westeros

A maior parte da história, em A Guerra dos Tronos, se passa em Westeros, um continente com Sete Reinos que são governados por um Rei. Lembram das aulas chatas de história sobre feudalismo? É basicamente isso. Cada reino tem um líder, um Senhor (Lord), cada líder tem seus vassalos, e todos têm o chefão supremo, que é o Rei.

Mas antes, há centenas de anos, não existia um Rei para toda Westeros. Aos poucos descobrimos que esse sistema começou com uma das principais famílias da história, os Targaryen, que atravessaram o oceano montados em dragões e assim conquistaram os Sete Reinos, subjugando inclusive alguns Reis, como o Rei do Norte, que era de outra família bem importante no primeiro livro, os Starks.

Fora a Westeros, somos apresentados a uma parte das cidades além do Mar Estreito (Narrow Sea). Conhecidas a princípio como as Cidades Livres, conforme acompanhamos a história do único personagem com capítulo naquele canto do mundo, percebemos que a escravidão é algo comum por lá…

 

A trama

Muitas pessoas têm o costume de pular o prólogo dos livros… Por favor, não façam isso em nenhum dos livros dessa saga!

Em a Guerra dos Tronos somos imediatamente apresentados a três homens, sem saber onde eles estão e qual é o significado da Muralha, lugar de onde eles saíram e para onde dois deles querem voltar o quanto antes, pois sentem algo estranho no ar. Aqui também somos levemente introduzidos às crenças que rodeiam o mundo de Martin, para só depois conhecermos melhor o que são os antigos e os novos deuses, e onde pode ser que as histórias de gigantes, monstros na escuridão e feiticeiros nos levem.

O prólogo começa leve, com o leitor jogado na mente de um desses três personagens sem ter ideia do que esperar. Eu senti certa apreensão no começo, talvez pelo jeito que os pensamentos do personagem tenham sido escritos ou talvez porque esse foi o primeiro livro que li que chegou com os dois pés no peito, me mostrando que tudo é possível.

Depois começam os capítulos ‘normais’. Cada um apresenta um pouco de cada personagem, e aparece de novo a sensação de estar sendo jogado numa história onde você não tem noção do que está acontecendo.

Tudo começa no norte de Westeros, onde vemos toda a família Stark, com o honrado Eddard (Ned), sua esposa Catelyn, e seus filhos Robb, Sansa, Arya, Bran e Rickon. E logo descobrimos que até o mais honrado dos homens tem um filho bastardo, chamado Jon Snow.

Mas Eddard é um personagem importante. Ele é o melhor amigo do Rei Robert Baratheon, e inclusive o ajudou a conquistar o Trono de Ferro quando lutaram contra os Targaryen e o Rei Louco. No entanto, Ned vive com a culpa de ter seu filho bastardo, mantendo sempre em segredo quem é a mãe de Jon, e sempre revivendo a promessa que fez à sua irmã, Lyanna, quando ela estava morrendo. Mas suas preocupações mudam um pouco com a notícia da morte de seu amigo e tutor, Jon Arryn.

Com a morte de Arryn, o Rei pede para Eddard assumir a função de Mão do Rei, que é uma espécie de conselheiro autorizado a governar na ausência do Rei. Com muita má vontade ele aceita o novo cargo, porque acredita que só assim poderá salvar seu melhor amigo das intrigas da corte e tentar descobrir como Jon Arryn morreu.

Ao mesmo tempo somos apresentados aos Lannisters, com a rainha Cersei, seu irmão gêmeo Jaime Encantado de Shrek, e seu irmão mais novo Tyrion, o anão.

A família Lannister é a mais rica de Westeros, logo a mais importante, e também a que tem mais fama de má, por causa do papel que desempenharam durante a guerra contra o Rei Louco, Aerys Targaryen, morto por Jaime Lannister, que já era Guarda Real, com o juramento de proteger a família real por toda a sua vida.

Enquanto isso, do outro lado do mar, conhecemos os únicos sobreviventes da linhagem dos dragões: Viserys Targaryen e sua irmã, Daenerys. O herdeiro do Rei Louco quer reconquistar o Trono de Ferro, e por isso ele é capaz até de vender a própria irmã em busca de um exército.

 

Sangue e fogo

Intrigas e manipulações correm soltas por todo o mundo conforme os personagens movem suas forças no jogo dos tronos. E em um dos melhores momentos do livro, somos avisados pela Rainha Cersei que nesse jogo não há meio termo, ou ganha ou morre.

Lembro que quando li isso não levei muito a sério, afinal nenhum personagem tinha morrido, mesmo quando isso parecia ser o mais provável de acontecer, mas… Sempre existe um ‘mas’!

Nada pode evitar a guerra que começa nesse livro, e tudo o que acontece, mesmo quando planejado pelos personagens para se chegar a uma paz, vai por água a baixo…

A meu ver, torcer por alguns personagens nesse livro é fundamental, mas a lição que o seu Martin passa é que todo mundo pode morrer quando menos se espera! Não tem como não ficar chocado com algumas coisas que acontecem, eu perdi a conta de quantas vezes xinguei o nosso bom mau velhinho por isso e depois me xinguei também porque era óbvio que aquilo ia acontecer, mas ninguém quer que aconteça!

E o fim do livro… Acho que nunca tinha lido um livro com tantos cliffhangers, a ponto de me deixarem curiosa como um gato para saber o que ia acontecer, e ao mesmo tempo com medo do que eu poderia ler a seguir.

Sangue e fogo resumem bem as Crônicas de Gelo e Fogo, apesar de sermos lembrados o tempo todo que o inverno está chegando e com ele as coisas só tendem a ficarem mais sinistras.

 

Curiosidade

A banda Blind Guardian tem uma música baseada na Guerra dos Tronos.

Enjoy! ;]

Colaborador

Colaborador não é uma pessoa, mas uma ideia. Expandindo essa ideia, expandimos o domínio nerd por todo o cosmos. O Colaborador é a figura máxima dos Iluminerds - é o novo membro (ui) que poderá se juntar nalgum dia... Ou quando os aliens pararem com essa zoeira de decorar plantações ou quando o Obama soltar o vírus zumbi no mundo...

Este post tem 8 comentários

  1. starscream2

    Desde que li o primeiro livro eu já dizia que não é possível fazer comparações entre a obra do Tolkien e do George Martin no meu falecido blog:

    http://tf-cyberclube.blogspot.com.br/2011/08/as-cronicas-do-gelo-e-do-fogo-volume-1.html

    Aliás, duas correções:

    1. Westeros eram originalmente sete reinos, unidos à força pelos Targaryen, mas hoje existem basicamente só quatro regiões (Norte, Sul, Leste e Oeste), que são dominadas pelas maiores Casas (famílias), cujos senhores detém o título de “protetores”. A hierarquia da nobreza também se faz presente, então as Casas mais poderosas e ricas possuem seus respectivos vassalos, mas nem sempre as terras dessas Casas poderosas foram reinos. A única exceção quanto à divisão de Westeros por regiões é Dorne, que sempre foi um caso à parte.

    2. A “Mão do rei” é como um primeiro ministro; um chefe executivo (talvez um vice-rei) que tem a autoridade do Rei em muitas questões, mas que não é superior hierarquicamente a nenhum dos outros membros do “pequeno conselho do Rei”. A Mão não age apenas na ausência do Rei (no caso do Eddard, o Rei Robert tinha preguiça de participar das reuniões do conselho, mas isso não significa que ele estava ausente). Isso fica claro mais adiante, quando é nomeado um Regente para governar junto com a Mão (se a Mão tivesse poderes para exercer o governo na ausência do Rei, não haveria necessidade de um Regente).

    De resto, bom post de introdução. Espero que os próximos abordem mais profundamene a personalidade das personagens.

    1. Sim, você está certo.
      É que agora eu queria falar mais sobre o primeiro livro, e admito que não lembro se explicavam direito sobre Westeros na Guerra dos Tronos, por isso não entrei em detalhes aqui.
      Quanto ao Mão, você também está certo, mas ai não entrei em detalhes por não querer deixar escapar um spoiler do primeiro livro.
      Obrigada pelo comentário! E espero conseguir falar melhor sobre os personagens nos próximos. Se você visse a primeira versão que fiz desse texto, acho que muita gente não ia ler de tão grande…

      1. Don Vittor

        Minha querida Barbarella, encha o povo de spoiller, afinal, a despeito das reclamações é disso que eles gostam rs

  2. Renver

    Tb concordo que são bem diferentes Guerra dos Tronos eTolkien;;;;

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