Tratamento de Choque: Até onde você iria para salvar seu filho? – A polêmica série do A&E

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Fala galera que curte violência policial, mas se esquece que também faz parte da população desfavorecida (empoderamento social) deste mesmo Estado, a partir de hoje trarei resenhas sobre algumas séries pouco comentadas em terras tupiniquins.
De início, cogitei elaborar o review de uma série francesa que tem me chamado bastante atenção nos últimos meses, contudo, após um dia extenuante de trabalho e discussões sobre o atual panorama social de nosso país, resolvi mudar meu cronograma e trazer uma produção que certamente jamais seria aceita por nossas bandas. Eis que apresento para vocês, Tratamento de Choque!
Com o Slogan, ” Tratamento de Choque: Até onde você iria para salvar seu filho?”, a série é inspirada no documentário em curta-metragem Scared Straight!, vencedor do Oscar da categoria em 1979. Mesmo contendo uma premissa bastante apelativa, ele sensibilizou o mundo graças ao “choque de realidade” a que submeteram o trabalho de intervenção a jovens prisioneiros, mostrando-lhes como realmente é a vida em seu futuro lar em potencial, também conhecido como o sistema carcerário de sua região.

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Abusando do conservadorismo inerente a fascistas, o programa expõe o objeto – crianças e adolescentes – sem um mínimo de piedade à agentes penitenciários e aos próprios prisioneiros, forçando a interação direta com aquilo que é freqüentemente denominado como seu retrato futuro.
O que para muitos é visto como a exploração da imagem de condenados desesperados em troca de benefícios judiciais ou redenção, para a produção do programa nada mais é do que a última chance para “resgatar” os jovens infratores deste culto a pseudo-liberdade sem escrúpulos, assim como uma mentalidade voltada até então para o crime, as drogas e a violência. Respaldando-se no fato de que, ao longo dos anos, tais programas de intervenção livraram diversos jovens desse pesadelo por todos os cantos dos EUA.
O programa abrange diversos condados e instituições correcionais em busca de pais também desesperados que, no limite de seus esforços, não encontram outra solução a não ser transformar seus filhos em “cobaias”, isso com a esperanças de que neste último recurso os mesmos se livrem da ameaça de se tornarem os delinquentes do futuro. Como pode ser visto no próprio site, a série é semanal e os episódios acompanham quatro ou cinco jovens – entre 11 e 17 anos – que, por inúmeros motivos, estão a margem da sociedade. De início, antes do “tratamento” em si, o perfil desses jovens nos é apresentado contando detalhes sobre suas vidas e seus graves problemas. Em seguida, eles são colocados dentro de uma prisão para sentirem o gosto do que realmente é viver atrás das grades. É onde começa a intervenção, a equipe retorna um mês depois para encontrar e assim descobrir se eles estão verdadeiramente recuperados, expondo ao público se tudo o que foi prometido após a visita fora um choque ou não.

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Após ser confrontado com a hipótese de reproduzir a imagem do próprio pai – presidiário- no futuro, este jovem cedeu a abordagem mais humanizada e deixou de praticar furtos.

Analisando as diversas experiências que me foram passadas durante o processo de estudo desta série, além de ver o quão preconceituoso – principalmente no fator socioeconômico -, infelizmente, ainda posso me mostrar, outro fato interessantíssimo é que dos dez jovens levados ao programa, a produção faz questão de colocar para “encabeçar” os episódios aqueles que fazem parte de famílias monoparentais, tanto por falecimento, abandono ou prisão de um de seus responsáveis. De imediato também fica evidente a imagem – proposital ou não – que nos é apresentada dos jovens afrodescendentes, independentemente de sexo e idade. Pois, enquanto boa parte dos  caucasianos são dados como dependentes químicos violentos, numa espécie de retrato dos próprios pais, ou ignorados devido a extrema obesidade dos responsáveis, o que os torna praticamente inertes; os jovens negros são retratados como parentes de alguém já encarcerado, envolvido com gangues ou com recorrentes surtos de violência. Isso certamente proporciona um prato cheio ao público padrão que os assiste dentro de seus confortáveis lares, se divertindo com o martírio daqueles que, em boa parte dos casos, encabeçam a fila dos “convidados”, assim, também alimentando o conceito de marginalização da pobreza e , especialmente, do mito das classes perigosas.

Um dos casos que mais me surpreendeu... E mesmo após toda a humilhação, por incrível que pareça, a vida desta menina tomou outro rumo.
Um dos casos que mais me surpreendeu… E mesmo após toda a humilhação, por incrível que pareça, a vida desta menina tomou outro rumo.

Após ver a eficiência deste método ser parcialmente comprovada, uma vez que nem todas as histórias são mostradas, cabe a ressalva de que boa parte dos delitos  cometidos por tais jovens são leves e variam de estado para estado, assim como suas legislações. Este dado nos traz programas completamente distintos tanto no material humano que nos é apresentado como “cobaia”, quanto o próprio laborar dos interventores, passando de oficiais militarizados a profissionais que buscam a palavra como instrumento de mudança. Algo que pode ser facilmente percebido na atual temporada, quando assistimos ao episódio número 10 – CONDADO DE LAKE, FLÓRIDA (Visivelmente mais humanizado que os demais) e o 12º em ONEIDA, NOVA YORK (certamente o mais agressivo e desmedido de todos). Querem saber do melhor? O Condado de Lake, na última atualização, atingiu progresso com todos, enquanto o de Oneida viu-se sem saber como agir diante de suas crianças…
Agora, imaginem que no Brasil também tivéssemos o toque de recolher imposto as crianças e adolescentes, assim como certas áreas nos EUA. Em seguida, você, um jovem em busca de sua liberdade – a mesma imagem embusteira que nos é vendida dia a dia – decide fugir de casa e dar um rolé, quando após inúmeras tentativas de demovê-lo desta ideia, sua mãe – sua responsável legal – simplesmente assina alguns papéis e por um dia o torna propriedade – Isso mesmo! – do sistema penitenciário de sua região. Mesmo que o exemplo pareça beirar o banal, em alguns casos, é exatamente isto o que acontece.
Então, rapaziada, caso vocês morem nos EUA e achem que se Leonardo Da Vinci “dá vinte” por que vocês não podem dar dois, é melhor recordarem do saudoso Bezerra da Silva, que logo em seguida diz : “Mesmo apertando na encolha Malandro! Pinta a sujeira depois”

Deixarei aqui uma amostra do que lhes espera:

 

Explicação bem simples sobre o que acontece na vida real:

 

Para os curiosos, eis aqui a propaganda da nova Temporada :

“Começa a nova temporada da série que faz com que os jovens pensem duas vezes antes de cometer um crime. Em TRATAMENTO DE CHOQUE, adolescentes experimentam como é dura a vida dentro de uma prisão. Nesta QUARTA TEMPORADA, você ficará sem fôlego ao ver como um programa de TV pode salvar a vida de um jovem que teria tudo para ser mais um criminoso.”

E também os comentários de alguns dos nossos conterrâneos:

  • ” Pena que no Brasil não tem esse tipo de projeto, e muito menos local e pessoas capacitadas para isso. A marginalidade, e o número de crianças e adolescentes drogados e alcoólatras seriam bem menores. Mas só de assistir esses episódios, da pra se ter uma idéia do que se passa dentro de uma prisão. E ainda imaginar, que aqui seria 1000 vezes pior.
  • ” O Brasil não tem esse tipo de projeto porque os políticos não têm interesse nenhum em querer ajudar os jovens do Brasil, porque são eles que vão para rua para que eles sejam expostos por suas atitudes corruptas.”
  • “Condenados orientando jovens marginais, aparentemente no território deles, os conselhos com certeza seriam bem diferentes dos vindos dos pais, professores e até mesmo dos conselheiros das fundações casa. Senhor como nós, enquanto governo, país, família, seres humanos, falhamos. É uma opção desafiadora, mas enquanto há vida há esperança.”

Para aqueles que desejam assistir a série,
http://canalaetv.com/pt/series/tratamento-de-choque/videos.html

Don Vitto

Escritor, acadêmico e mafioso nas horas vagas... Nascido no Rio de Janeiro, desde novo tivera contato com a realidade das grandes metrópoles brasileiras, e pelo mesmo motivo, embrenhado no submundo carioca dedica boa parte de seu tempo a explanar tudo que acontece por debaixo dos panos.

Este post tem 19 comentários

  1. toddy

    ah, com esse nome estava achando que era a nova série do Charlie! ótimo post meu jovem

      1. Max06

        Pode ver sem medo, que é muito boa. Eu considero The wire a melhor serie que já vi, seguida de perto por Sopranos e depois BB.

  2. Alana

    Eu assisti alguns episódios e achei um absurdo existir um programa desse. É uma violação extrema dos Direitos Humanos desses jovens. E o povo ainda legitima esse tipo de violência e sugere algo semelhante aqui no Brasil. As pessoas não têm um mínimo de criticidade para avaliar tal situação. Tudo que surge nos EUA é considerado como bom exemplo para o Brasil. Não esqueçamos que os EUA financiou a Ditadura Civil-Militar no Brasil. Na minha concepção, não tem nenhuma relevância política-social, só reafirma e reforça a violência, o individualismo exacerbado e a discriminação racial norte-americana.

    1. Todo loco

      Para de bobeira. Você come carne? Então financia animais a serem estripado, usa carvão de churrasco? Então financia o trabalho escravo de muita gente inclusive crianças no nordeste. Parem de ser hipócritas.

    2. Luis Mendes

      Violação dos direitos humanos é você estar voltando para casa do serviço altas horas da noite e um moleque sacar um cano bem no meio da tua cara e roubar o seu celular e o resto dos seus pertences que você se fodeu de tanto trabalhar para trocar por alguns pinos de droga (situação que eu já passei) isso se ele não te matar! Deixa de ser retardada e para de defender bandidos e marginais!

  3. Katie

    Beyond Scared Straight essa série é muito boa,um programa desse tipo deveria existir no nosso país!

  4. Natinha Arnaud

    Sinceramente, é por causa desses programas q os USA formam jovem diciplinados, não é como o Brasil q transformam jovens em putas, bandidos e jovens pais, enfim, eu tenho 3 filhas, uma de 6 anos, outra de 3 anos e uma de 1 ano, se puder, quero escrever a minha de 6 e de 3 anos p participar, principalmente a de 3 pq ela é terrivel q nem com conversa ou metodo super nani resolveu. Quem sabe um tratamento de choque resolva. Adorei, por isso q USA está sempre na frente do Brasil, mil anos luz na frente do Brasil, parabéns USA. T AMO>

  5. DUMDUM BOT

    Alguem sabe o nome da musica que tem na
    propaganda da serie tratamento de choque,sei que é um rap, mais o nome ñao sei.??!!
    Alguem pode ajudar por favor ??!!

  6. Juliana

    Eu queria participar desse Tratamento, pra me entender como é… aqui no Brasil vc pode fzr tudo o que vc quiser ” Quando vc é adolescente” vc pode matar, roubar, estrupar, usar drogas e outros fatores… eu preciso viver a realidade como é viver em uma prisão, mais minhas família com certeza não tem dinheiro pra me levar a esse lugar, afs eu queria uma oportunidade pra ir ver esse tratamento… e tbm eu queria ir pra eu falar pra outros adolescente que a vida só é uma que q vivemos em mundos diferentes…. se algum dia eu ir nesse lugar … quem quiser me ajudar eu vou ficar muito grata …

  7. Rosemere

    Tenho um filho de 18 anos não bebê não fuma e não curti madrugadas é trabalhado mais como nada é perfeito ele gosta de paga carro emprestado de amigos e sai andando na redondeza
    Mais como nós do Brasil sabendo que um dia ele vai bater de frente com uma viatura e o policial não vai querer saber que é menino de família e trabalhando hoje nossos jovens estão levando nome de bandido
    Então gostaria que ele participasse do programa tratamento de choque me ajuda

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