Ponta de Estoque – Crysis 3

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Sempre tem gente fazendo cobertura de novos games, porém, ninguém se lembra daqueles que não têm dinheiro pra ficar comprando lançamentos, mas também querem ter seus joguinhos. Esse é o objetivo básico dessa coluna: ajudar a orientar as pessoas que querem ter jogos sem gastar tanto, e não se importam que sejam mais antigos. Além disso, também é uma desculpa barata pra cagar regra em cima de jogos antigos que ainda são vendidos em promoção pelos camelódromos e infocenters da vida.

O jogo de hoje será Crysis 3; lançado em fevereiro de 2013. O Game teve recepção difusa na crítica, mas vale a pena?

Crysis 3 narra a volta de Prophet, o grande guerreiro que foi crucial para evitar a ameaça de invasão alienígena e, aparentemente, teria morrido em Crysis 2. Nesta terceira edição, Prophet volta com mais armas, acessórios e decidido a derrotar de vez mais uma ameaça alienígena. Na verdade, não é só Prophet que volta: toda a engine gráfica de Crysis 2 faz um retorno quase que monótono. No fim das contas, Crysis 3 mais parece um remodelamento da edição anterior, com ligeiríssimas melhoras nas cores e no tratamento da frequência de quadros por segundo.

C3 - rifle
Apesar do novo cenário, a impressão que me deu foi a de que eu tava vendo mais do mesmo…

Enquanto a versão para PC é impecável e fabulosa em detalhamento gráfico, a versão do PS3 e do Xbox 360 deixa a desejar. Devido às limitações evidentes de um console que está chegando ao fim de seu ciclo de vida, toda a exuberância gráfica e sonora exibida no PC não pôde ser reprisada nos consoles. Para compensar a resolução menor, optou-se por uma escala ligeiríssimamente menor nos modelos e pela utilização de um espectro maior de cores. O resultado disso é que, mesmo utilizando todo o potencial possível do PS3, o jogo soa forçado, com excesso de cores, tornando muito difícil, em certo ponto, distinguir os seus inimigos no cenário. Se o conflito se passar de noite, então, prepare-se para ter uma dura batalha contra a sua própria visão. Devido ao menor poder de fogo do processador dos dois consoles, o horizonte visível do jogo é um pouco mais limitado, tornando difícil a antecipação do movimento dos inimigos. O resultado disso é que, não poucas vezes, você acaba sendo alvejado sem saber de onde veio o tiro.

C3 - hunter
Esse aí já tomou um tiro nos cornos sem saber…

A jogabilidade, por sua vez, é boa. Apesar de precisão não ser o ponto alto de um game de tiro em primeira pessoa jogado em controles (prefiro muito mais jogar games de 1ª pessoa no mouse, que permite uma precisão quase milimétrica da linha de tiro), o controle responde bem aos comandos, e não é difícil alvejar seu inimigo em locais estratégicos (cabeça e pernas). Não há aquela “deslizadinha” final da alça de mira, que geralmente acontece assim que o jogador solta o controle analógico, e faz com que a mira se desvie alguns centímetros cruciais do alvo, praticamente obrigando que o jogador tenha que ficar dando “toquinhos” de um lado pro outro do analógico, pra conseguir a tão sonhada precisão no tiro. Os inimigos reagem aos disparos de maneira bastante variada e há um esforço da Crytek em tornar a experiência o mais “real” possível (partindo do pressuposto de que você ache “real” dar chumbada de tiros em alienígenas).

C3 - Alien Atack
Toma, alien bunitinho.

Outro lado interessante da jogabilidade é que o uso dos poderes da nanoarmadura do Prophet, ao contrário do PC, fica bastante facilitada no controle dos consoles. Enquanto muitas vezes há uma certa demora (na base da tentativa-erro) até você saber qual a tecla mais conveniente para se atribuir a determinado poder (em que tecla mais ao alcance da mão colocar o poder da armadura ampliada, ou da camuflagem?), nos controles, os poderes estão já todos ao alcance de um toque: um dos quatro botões L ou R aciona os poderes de armadura e camuflagem, enquanto uma pressão mais longa do botão de pulo permite o poder do superpulo. Os poderes são ativados rápida e facilmente, tornando esse viés da jogabilidade divertido e intrigante.

C3 - ataque
Surprise, motherfucker!

Enquanto os atores que emprestam suas vozes aos personagens são ótimos, dando a medida certa para cada emoção demonstrada no jogo, as músicas de fundo não convencem: não fedem nem cheiram. Como o forte dos jogos da franquia Crysis é a parte visual, e já não há, normalmente, uma contrapartida equivalente nos efeitos sonoros; quando a parte visual é prejudicada pelas limitações de hardware (como acontece na geração PS3 e Xbox 360), acabamos tendo uma experiência pela metade. O resultado é que o jogo é quase legal, quase preciso, quase emocionante.

C3 - Landscape
Bonito? Não. Quase bonito.

O design das fases também não é dos melhores. Apesar de os produtores e a propaganda alardearem que o jogo proporciona uma experiência de “jogo aberto”, em que você tem o cenário todo ao seu dispor e pode decidir qual a melhor abordagem ou meio de chegar ao objetivo ou eliminar os inimigos, vários cenários e fases têm design confuso. O desejo de se mostrar uma rica qualidade gráfica acabou fazendo com que os designers viajassem na maionese, entupindo os cenários de informação e criando sets poluídos. Não poucas vezes, o excesso de detalhes no cenário prejudica uma visualização mais ampla do ambiente (que permitiria traçar uma rota de abordagem), e fases como a primeira, passada numa instalação, sob a chuva, são labirintos esquisitos.

Sinceramente, não gostei tanto do jogo quanto esperava. Só ficou facilmente digerível pra mim porque me veio de graça. Em promoção na PSN, o game foi disponibilizado gratuitamente para os usuários durante todo o mês de agosto. Além disso, há a versão Ultimate Bundle, que vem com o jogo e todas as DLCs possíveis e imagináveis, e sai pela módica quantia de R$ 60,99. No PC, esse jogo vale MUITO a pena. Apesar das limitações já apontadas, os gráficos são deslumbrantes e o jogo não decepciona nos outros quesitos. Nos consoles, com o fator gráfico bastante prejudicado, o jogo já não é tão atraente. Fica a dica. Quem é fã da série, talvez não se decepcione.

FICHA TÉCNICA.

Plataformas – Playstation 3 e Xbox 360
Ano de lançamento – 2013
Nota – 6,5
Preço – até R$ 60,99

 

Colossus de Cyttorak

Detentor dos segredos da Mãe-Rússia, fã incondicional de jogos da antiga SNK (antes de virar esse arremedo, chamado SNK Playmore), e da Konami, Piotr Nikolaievitch Rasputin Campello parte em busca daquilo que nenhum membro da antiga URSS poderia ter - conhecimento do mundo ocidental. Nessa nova vida, que já conta com três décadas de aventuras, Colossus de Cyttorak já aprendeu uma coisa - não se deve misturar Sucrilhos com vodka, nunca!!!!

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