Nossas dicas de HQ no Social Comics

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Aproveitando os lançamentos da Valiant no Social Comics, eu e o João Gabriel de Oliveira resolvemos fazer uma lista de HQ que lemos ou que seriam boas sugestões para quem pretende assinar ou quem já assina a plataforma.

Deixarei os links das resenhas em cada nome das que indico, já o João, tem acompanhado os títulos da Valiant e irá comentar os títulos que leu.

A Valiant é atualmente a melhor alternativa para quem curte HQ de super- heróis, mas está um pouco cansado do “morre-revive-morre-de-novo-volta-mais-forte-ainda” dos universos da Marvel e DC. Assim como nas duas editoras maiores, aqui também temos um universo compartilhado e permanente, ou seja, quase todas suas publicações se passam em um mesmo universo, com as consequências de suas histórias anteriores persistindo em sua continuidade. Mas é aí que está sua maior diferença: Por não ter tantos anos de histórias acumuladas, e nem uma tradição a ser protegida, as consequências dos acontecimentos no universo Valiant são realmente levadas a sério, dando a impressão de histórias que estão sempre se movendo adiante, sem os malabarismos criativos utilizados para manter o status quo dos super-heróis mais tradicionais.

O que nos leva diretamente a um segundo ponto forte da editora: Por serem personagens contemporâneos, não sofrem do mal dos clichês do início do século passado. A Valiant apresenta um mundo diverso de personagens, incluindo mulheres, negros, asiáticos e outros grupos sociais de maneira bem natural, e ninguém pode reclamar de estarem alterando seus personagens prediletos, pois eles já nasceram assim.

Apesar do carro chefe da editora ser o título X-O Manowar, sua história demora um pouco para se unir aos demais títulos da Valiant, e por isso eu recomendo que se inicie neste universo através de outros dois títulos: Bloodshot e Harbinger, já que é justamente a partir destas duas publicações que temos o primeiro grande evento da editora, Harbinger Wars.

Em Bloodshot temos a história de um super soldado pertencente a uma agência de segurança relacionada ao governo dos EUA, chamada Projeto Espíritos Ascendentes (sigla P.E.A), encarregado de realizar missões sujas em território inimigo, como um verdadeiro exército de um homem só. E isso é possível devido às diversas melhorias realizadas em seu corpo, que foi coberto de nanomáquinas chamadas “nanites”, que lhe conferem habilidades como recuperação extraordinária de danos físicos, capacidade de comunicação com outras máquinas e equipamentos eletrônicos, alteração facial e corporal por um curto período, entre outras.

Bloodshot é o típico anti-herói trágico: Ao descobrir que todas suas lembranças são programações implantadas em sua mente, decide ir atrás de respostas de sua origem, o que o leva diretamente para uma espiral crescente de perigos até dar de cara com crianças psiônicas presas em uma instalação secreta. O que? Psiônicos? Sim, e é aí que entra a relação com o outro título que irei comentar…

Harbinger é o título onde descobrimos quem são os psiônicos do universo Valiant, seres humanos capazes de proezas extraordinárias através do poder de suas mentes. Acompanhamos assim a jornada de Peter Stanchek, um adolescente que viveu a maior parte de sua vida nas ruas, com muitos problemas de socialização e que, por acaso, é potencialmente o psiônico mais poderoso de sua geração. Conhecemos também Toyo Harada, tido como o psiônico mais poderoso e influente na ativa, dono dos Conglomerados Harada, que na verdade serve de fachada para a Fundação Harbinger, uma espécie de escola de psiônicos com o propósito salvar o mundo de si mesmo… pelo menos, de acordo com as convicções de Harada.

Quando crianças com poderes incríveis, criadas dentro de um laboratório subterrâneo por quase toda sua infância são libertadas, uma guerra envolvendo organizações de grande influência mundial fica cada vez mais próxima de estourar. O PEA, Toyo Harada e sua Fundação Harbinger, Peter Stanchek, Bloodshot e muitos outros querem encontrar estas crianças psiônicas, cada qual com seu interesse particular. Alguns terão sua jornada finalizada prematuramente. Rostos novos aparecerão. Mas sem dúvida nenhuma, ninguém passará incólume pelas Guerras Harbinger.

Mas se você não é o maior fã de super-heróis, não tem problema! O Social Comics tem mais de 3.000 títulos e os lançamentos são anunciados mensalmente em sua fan page. Ou seja, quantidade e variedade pra leitor nenhum botar defeito.

O Mundo de Aisha – É muito triste, mas muito necessária. Baseada nos registros de uma fotógrafa em uma viagem ao Iêmen, o leitor acompanha o drama de algumas mulheres em um dos países mais machistas do mundo.

As HQ do selo Pagu –  Além do universo compartilhado, as HQ do selo trazem muita aventura e inclusão sem precisarem apelar para um tom panfletário. Com títulos produzidos exclusivamente por mulheres, as histórias prometem agradar aos públicos mais exigentes.

Yeshua Absoluto – Uma verdadeira obra prima dos quadrinhos nacionais, Yeshua traz uma perspectiva muito particular sobre a vida de Jesus. É o tipo de trabalho que todo mundo deveria ler.

Quando a Noite Fecha os olhos – Parceria entre os brasileiros André Diniz e Mario Cau, a HQ conta  a história de Camilo e por meio de recursos narrativos bem criativos, descobrimos que existe uma razão para que o protagonista não consiga ver o sol há algum tempo, tendo como companhoa constante apenas a lua.

Bear – De Bianca Pinheiro, é uma das histórias mais incríveis do mercado nacional. Divertida e sensível, narra a aventura de uma menina, e seu amigo urso, em busca de seus pais. Em sua jornada, não faltam referências aos clássicos da literatura fantástica, que conferem à narrativa um ar de familiaridade que é impossível não amar.

Desconstruindo Una – Apesar do tema delicado, que é o abuso sofrido pela autora, a HQ é repleta de recursos gráficos que enriquecem muito a narrativa, fazendo da leitura algo muito agradável.

Manual de sobrevivência à vida adulta – Brendda Lima conta um pouco do que é a experiência de ter que se virar fora de casa e pagar suas próprias contas, de um jeito leve.

Pílulas Azuis – Também uma leitura obrigatória. Por meio dos quadrinhos, o autor busca retratar como é viver com alguém que é soropositivo. Extremamente sensível, é impossível não se envolver e não se identificar com algumas situações que os protagonistas enfrentam.

O Rei Amarelo – Clássico do terror, a antologia da editora Draco traz releituras de histórias de terror de arrepiar até o último fio de cabelo.

O Último Marinashi – Cris Camargo criou uma HQ de ficção que mistura traços de mangá e muita aventura na história de um alienígena que caiu na Terra.

Placas Tectônicas – HQ francesa que ficou muito popular por retratar o cotidiano das mulheres francesas de forma bem humorada.

Primeiras Vezes – É uma HQ erótica que traz 10 histórias escritas por uma mulher e desenhadas por artistas diversos. Cada uma aborda algum tipo de experiência, como a primeira vez em uma sex shop, a primeira vez em uma casa de swing…

Além das mencionadas, eu recomendaria todas as HQ da editora Nemo que estão disponíveis. Entre obras imperdíveis de Moebius e adaptações de Shakespeare, há as HQ nacionais ilustradas por nomes como Lillo Parra e Will.

Umbrella Academy: Suíte do Apocalipse –  criada e escrita por Gerard Way, da banda My Chemical Romance, apresenta a arte do desenhista vencedor do prêmio Eisner, Gabriel Bá (10 Pãezinhos, Casanova), cores do premiado Dave Stewart, e as capas originais da série feitas pelo premiado James Jean. Este livro reúne a primeira série em seis partes, além de histórias curtas raras e uma seção de desenhos e esboços apresentando trabalhos feitos por Bá, Jean e Way.

Do selo HQMIX, O que é o Brasil foi um desafio lançado aos melhores desenhistas brasileiros, que envolvia produzir, cada um, uma página de quadrinhos sobre algum tema brasileiro. Exposição que dá a certeza de que, no mínimo, temos estilo e arte. O que verão daqui pra frente é o mais puro caldo da sopa cultural nativa, transformado em traços e textos de 52 artistas brasileiríssimos da HQ.

Na minha lista de futuras leituras estão: Frida Khalo (editora Nemo), Arroz, de Ale Presser, Olga: a séxologa, da Thaís Gualberto.

As editoras Mino, Zarabatana, Abril, Maurício de Sousa Produções (com formatinhos da Turma da Mônica), Disney, Instituto HQ, Globo Livros (Menino Maluquinho), são algumas das editoras com títulos disponíveis no site e que também valem a pena ser conferidos.

Com todas essas dicas, duvidamos que você não encontre várias HQ que te levem a lugares incríveis, na companhia de personagens que vai adorar conhecer. Depois conta pra gente quais são seus títulos favoritos no site.

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Fã incondicional de quadrinhos, o João Gabriel é meu amigo no grupo fechado do site Balão de Fala. É apaixonado por semiótica, pesquisador iniciante de Análise do Discurso em HQs, curioso sobre tudo que envolve a industria cultural e tem o sonho de um dia poder viver apenas como educador, fomentando a leitura crítica de obras da cultura pop em geral (mas por enquanto paga suas contas trabalhando com TI mesmo). Um dos participantes mais ativos no grupo, sempre colabora com comentários super pertinentes quando o assunto é uma de suas HQ favoritas. Obrigada, João!

Dani Marino

Dani Marino é pesquisadora de Quadrinhos, integrante do Observatório de Quadrinhos da ECA/USP e da Associação de Pesquisadores em Arte Sequencial - ASPAS. Formada em Letras, com habilitação Português/Inglês, atualmente cursa o Mestrado em Comunicação na Escola de Artes e Comunicação da USP. Também colabora com outros sites de cultura pop e quadrinhos como o Minas Nerds, Quadro-a-Quadro, entre outros.

Este post tem um comentário

  1. Joao Gabriel de Oliveira

    Yay! Imagina, obrigado você Dani, pelo espaço e atenção dispensada a mim. Não sei se mereço, mas sou muito grato. E quando quiser fazer mais dessas dobradinhas, pode contar comigo! =)

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