Iluminamos: Elena – Meu encontro com Elena através da generosidade de Petra – Parte II

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Hoje, continuaremos com a matéria sobre o filme Elena, “Meu encontro com Elena, através  da generosidade de Petra”,  elaborada por Rodrigo Luz . Para aqueles que ainda não leram a primeira parte. clique AQUI.

Nessas breves linhas de hoje, gostaríamos de sublinhar o grandioso impacto emocional de perder um filho – sobretudo se a morte ocorrer de forma traumática e, até certo ponto, imprevista e inesperada. Recorro, então, a Young & Papadatou (2003), estudiosos do processo do luto, quando afirmam que “qualquer que seja […] a perspectiva – evolutiva, social, psicológica ou biológica –, a ligação dos pais com os filhos é geralmente considerada a mais significante, poderosa e duradoura de todas as relações humanas”. É justamente por isso que a morte de um pai ou de um filho não apenas promove a experiência de um intenso sentimento de pesar, mas apresenta, também, “um desafio único ao bem estar futuro e ao desenvolvimento” dos sobreviventes. Nesse sentido, aspectos psicológicos, culturais, sociais, físicos e espirituais interferem no processo de uma forma dinâmica e muito complexa.

Young & Papadatou, com respeito aos aspectos culturais, advertem que “cada cultura atribui à morte de uma criança um significado único”. Nada mais preciso e verdadeiro do que isso. Nesse mesmo sentido, John Bowlby (2004), psiquiatra e pesquisador dos processos de formação e de rompimento de vínculos, teve a oportunidade de analisar, criteriosamente, o luto em outras culturas – percebendo que cada cultura, assim como afirmaram Young & Papadatou, possui uma forma muito particular de conferir significados diante da morte de uma criança.

Citando o sociólogo Gorer (1973), Bowlby (2004) afirma que, do ponto de vista dos costumes, “são poucos os traços ou práticas universais encontrados em todas as sociedades humanas”, bem como diz que “todas as sociedades conhecidas falam uma língua, conservam o fogo e têm algum tipo de instrumento cortante; todas as sociedades conhecidas desenvolvem os laços biológicos de mãe, de pai e filho em sistemas de parentesco”. Ou seja: todas as sociedades têm regras que regulam o comportamento sexual, vida familiar e todas elas designam os casais competentes, de forma a legitimar as gerações futuras e a continuidade da vida – uma forma de produção de legado. Bowlby (2004) ainda esclarece que cada sociedade tem “regras e rituais sobre a eliminação dos cadáveres e o comportamento adequado dos enlutados”.

O processo de luto que se segue após a morte de alguém que amamos é extremamente complexo e é marcado, muitas vezes, de uma intensa oscilação. Isso ocorre porque o luto não é um conjunto de sintomas que aparecem após a morte e tendem a desaparecer com o tempo, mas, constitui, sim, um processo multideterminado de fases que se sucedem e se substituem. Essas fases são didaticamente estudadas e expostas por vários autores e, embora elas tenham uma validade e sejam importantes para estudos e pesquisas na área, penso que elas não têm a mesma eficácia quando se tornam um programa ou uma prescrição para o luto – há pessoas que não vivem todas as fases, e a ordem que as fases são vividas comumente se alterna de pessoa para pessoa.

Na primeira fase (choque e entorpecimento), há a dificuldade em compreender e acreditar que a morte tenha acontecido de fato. Muitas pessoas se sentem atordoadas pelo impacto da perda e se descrevem, muitas vezes, como em um sonho – ou pesadelo. Na segunda fase (anseio e busca), há uma dificuldade em reconhecer a perda e uma tentativa de fazer as coisas voltarem a ser como eram antes da morte. Impõe-se o teste da realidade e quase sempre há uma busca por reaver a pessoa novamente. Quando o indivíduo percebe que o retorno da pessoa, com vida, é impossível, os sentimentos de frustração e raiva podem vir à tona. Na terceira fase (desorganização e desespero), é comum a dificuldade para se concentrar, e o enlutado pode tornar-se profundamente triste. É nesta fase que ele se dá conta de que o falecido não voltará mais, o que o deixa confuso, com medo, e incerto sobre seu futuro. Na quarta fase (reorganização e recuperação), o enlutado começa a reconstruir a vida sem seu ente querido. É possível abrir mão de recuperar a pessoa perdida, são construídos sentidos para a morte da pessoa, e os sobreviventes podem reconstruir suas vidas.

Amanhã, continuaremos o debate e vamos relacionar o que expusemos ao filme e minhas próprias observações… Não perca!!!!

Texto enviado por  Rodrigo Luz, vice coordenador da organização Amigos Solidários na Dor do Luto – RJ.

 

Colaborador

Colaborador não é uma pessoa, mas uma ideia. Expandindo essa ideia, expandimos o domínio nerd por todo o cosmos. O Colaborador é a figura máxima dos Iluminerds - é o novo membro (ui) que poderá se juntar nalgum dia... Ou quando os aliens pararem com essa zoeira de decorar plantações ou quando o Obama soltar o vírus zumbi no mundo...

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