Iluminamos: 13° Distrito USA (Remake) x France (Original)

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Fala, galera que curte o número treze, mas agora tem medo de perder de sete! Resenhando o último filme de nosso querido Paul Walker, falaremos da regravação de Distrito 13, agora, pelas mãos do diretor Camille Delamarre!

Como muitos já sabem, o longa é uma refilmagem americana do clássico francês “B13 – 13º Distrito”. No entanto, uma curiosidade reside no título, afinal, o escolhido para o Brasil trata-se de uma mera e simples referência ao filme original, uma vez que em parte alguma do filme há referências ao 13º Distrito, renomeado para Brick Mansions.

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Como foi dito, este foi o último filme inteiramente rodado por Paul, falecido num acidente em novembro de 2013. Porém, caso ainda queiram ver o autor pela última vez em cenas inéditas, também valerá a pena conferir Velozes & Furiosos 7 (2015), mesmo que algumas partes ainda não tivessem sido concluídas antes da sua morte.

Passadas as apresentações, vamos falar do filme e seu enredo, além, claro, da comparação ao original francês.

De início, podemos pegar a sinopse dos colegas do Adoro Cinema:

Brick Mansions é uma área da cidade de Detroit onde a violência tem índices altíssimos, o que fez com que a prefeitura local praticamente abandonasse o local à própria sorte. Com isso, traficantes como Tremaine Alexander (RZA) ganharam status e poder, por mais que sejam combatidos por Lino (David Belle), um especialista em le parkour que tenta erradicar as drogas do local. Entretanto, Lino tem problemas com a polícia, corrompida pelo crime organizado, o que faz com que seja preso. Um dos poucos que tentam realmente seguir as leis é Damien Collier (Paul Walker), um detetive que recebe como missão entrar em Brick Mansions para resgatar uma bomba que pode matar milhões. Para tanto, ele precisa contar com a ajuda de Lino, que deseja retornar ao local para resgatar Lola (Catalina Denis), sua namorada, que foi raptada pelos capangas de Tremaine.

E comparar com a original:

Paris, 2010. Diante do aumento inevitável da criminalidade em alguns subúrbios, o governo autoriza a construção de um muro de isolamento ao redor dos bairros classificados como de alto risco. O pior de todos é o 13º distrito, que é controlado por um chefão do crime, Taha (Dominique Dorol). Um jovem punk íntegro, Leïto (David Belle), está determinador em acabar com seu poder. Quando Taha retalia seqüestrando a irmã de Leito, Lola (Dany Verissimo), seu irmão tenta resgatá-la, mas é traído pelo chefe da delegacia do 13º distrito, que temia o poder de Taha. Leïto acaba sendo preso e Lola é mantida prisioneira de Taha, que colocou uma coleira nela, como se fosse uma cadela. Após 6 meses um míssil é roubado e ao agente Damien (Cyril Raffaelli) é dada a quase impossível missão de desarmá-lo, pois está no distrito B13 e em poder de Taha. Damien tem menos de 24 horas para fazer isto, pois segundo seu chefe ao findar este tempo o míssil explodirá, matando milhões de pessoas. Então Damien se passa por um preso que está sendo transferido com Leïto e ambos “escapam”, mas nem toda a verdade foi revelada.

Capa do original.
Capa do original.

Como podemos ver, nas duas premissas o governo prefere segregar e omitir-se a intervir em áreas com maior vulnerabilidade social, onde a violência impera. Porém, diferenciando-se de nossa realidade nacional, eis que surgem os muros, as barricadas e a oficialização do descaso. Descaso que às vezes me lembra das “barreiras acústicas” feitas em torno do Complexo da Maré, com o intuito de proteger as comunidades do som dos carros… Onde meros vinte milhões foram gastos para cercar por todos os lados a comunidade. Para que investirmos em saúde e educação se podemos mascarar nossas mazelas e ainda levar um trocado com os contratos?

Também conhecido como Muro da Vergonha.
Também conhecido como Muro da Vergonha.

Retornando a ideia do filme, embora o governo já tivesse murado e relegado tal região a sua própria sorte, outras ideias ainda estariam por vir. E, logo no começo do filme norte-americano, o prefeito da cidade de Detroit expõe uma vistosa maquete do que seria um novo e gigantesco empreendimento privado destinado a ocupar aquela área tão complicada da cidade. No entanto, para que as obras pudessem começar, existia um revés: o que fazer com a população? É nesse momento que a perigosa bomba de nêutrons é roubada.

Sinceramente, chega a ser vexatória a maneira como os produtores, roteirista e diretor subjugam a inteligência do espectador, ainda mais quando traçamos um paralelo com a ótima produção francesa. Na versão europeia, em momento algum a condução narrativa é escrachada, motivo pelo qual as reviravoltas se tornam tão interessantes.

Uma dica válida é assistir ao original antes, pois, só assim vocês vão ter a noção exata da superexposição desnecessária, e até certo ponto, caricata dos corruptos e sua vilania típica dos filmes de ação dos anos 70. Em certos momentos imaginava o Dr. Evil, da franquia Austin Powers, entrando naquela sala de reuniões, mordiscando o dedo mindinho, e pedindo seu ultrapassado “um milhão de dólares”. Algo bem diferente do roteiro oportuno que trabalhava em cima das péssimas condições de alguns cidadãos marginalizados na França que, um ano depois, com a morte de dois jovens filhos de estrangeiros, viria a eclodir em manifestações com mais de 9.071 veículos incendiados.

Outro fato que me desanimou foi que as mudanças feitas neste remake não surtiram efeito algum no filme, na verdade, as mais significativas soaram até falsas, em especial, com o destino do vilão Tremaine – interpretado por Robert Diggs, mais conhecido como o rapper/ator/diretor RZA –  que diferentemente de Taha – vilão do original – não age de maneira controversa e completamente dual. De longe, este é o pior personagem da trama, afinal, não tendo cojones suficientes para bancar toda sua maldade, fez-se necessário a inserção de um personagem original no remake.

Yeti e a personagem mais Motherfuck do filme!
Yeti e a personagem mais Motherfuck do filme!

Ainda nesta temática, tivemos a substituição da irmã mais nova de um dos principais por uma “namoradinha”. Assim, substitui-se a Lola da pequena, porém geniosa, Dany Verissimo, pela maravilhosa, de pernas finas, Catalina Denis.

Danny e sua carismática personagem.
Danny e sua carismática personagem.
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Catalina Denis e sua roupa fetichizada rs

Agora, chegando ao ponto que todos esperavam, uma comparação, embora seja um tema delicado, entre Cyril Raffaelli  e Paul Walker no papel do Agente Damien. Mesmo que o falecido ator norte-americano fosse um bom ator para filmes de ação, infelizmente o marketing fez-se presente e, abusando de cenas com os mais variados veículos, senti que tal jogada fez com que o filme perdesse um pouco de sua essência. Ao mesmo tempo em que, assumindo-se um noob frente a flexibilidade e peripécias físicas de David Belle, esta versão da personagem tenha dado origem a uma das cenas mais divertidas da refilmagem. Embora eu tivesse apreço e até curtisse o falecido, Cyril Raffaelli está anos-luz em vantagem, ao menos neste filme, principalmente, nas cenas de luta.

Um pequeno exemplo...
Um pequeno exemplo…

Quanto a David Belle, por incrível que pareça, os produtores usaram do bom senso e o escolheram para reviver seu papel, porém, ao invés de chamar-se Leïto, agora atende pelo nome de Lino.

No geral, o filme não acrescenta nada a versão francesa, sendo que, em certos momentos, chega a ser muito inferior através da banalização dos personagens e a forma como os antagonistas são retratados, além, claro, das explosões, artifício tão comum em filmes estadunidenses.

Aqui embaixo deixarei o trailer das duas versões.

Versão Tio Sam:

Versão Bonaparte dublada por Pujol.

Don Vitto

Escritor, acadêmico e mafioso nas horas vagas... Nascido no Rio de Janeiro, desde novo tivera contato com a realidade das grandes metrópoles brasileiras, e pelo mesmo motivo, embrenhado no submundo carioca dedica boa parte de seu tempo a explanar tudo que acontece por debaixo dos panos.

Este post tem um comentário

  1. vinicius bezerra

    Quando assisti esse remake tive a impressão de estar vendo o filme francês de novo, tudo parecia igual, tomei raiva desse remake, não acrescentou nada de novo, só deu uma americanizada.

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