Iluminamos: Der Nachtmahr: Seu Pior Pesadelo – Festival do Rio 2015

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A primeira sessão à meia-noite do Festival do Rio 2015 foi simplesmente arrebatadora. Silenciou a platéia que, diga-se de passagem, já havia se mostrado entusiasmada e etilicamente influenciada desde o começo e se pôs, ao final, para aplaudir e urrar no The End.

Clássico instantâneo? Não dá para definir Der Nachtmahr: Seu Pior Pesadelo apenas como um filme de terror. E certamente não apenas MAIS um filme de terror. É um passeio pela fantasia, pelo horror, até mesmo pelo drama.

É contagiante e nauseante com suas cores em neon, suas luzes piscando, seus cortes rápidos e cenas ao ar livre, em contraste com tomadas claustrofóbicas e longas, principalmente numa casa tão assustadora quanto comum. Como disse o diretor AKIZ, antes de começar a sessão de 2/10 no Estação Botafogo 1: “É preferível que cada um tire suas próprias conclusões“. Nada mais acertado a se dizer, pois o longa constrói muito bem o drama de Tina, uma jovem assombrada por uma criatura fantasmagórica que ninguém mais parece ver, e nos deixa com a pulga atrás da orelha com a sucessão dos acontecimentos, num crescente clima angustiante.

A atmosfera é desenvolvida desde o início, com a alternância de momentos aparentemente calmos e outros de puro caos visual e ruído, representado pelas cores estroboscópicas e sons binaurais de festas de música eletrônica pesada.

capa

A música eletrônica, aliás, é um dos elementos-chave do filme: ao estabelecer uma presença opressora que ocupa todos os espaços em alguns momentos, praticamente uma metáfora para uma situação de estresse desencadeada por um surto psicótico. A condição mental da protagonista é questionada em diversos oportunidades, e põe à prova a credibilidade do que vemos na tela. Acontecimentos que se repetem, remetendo a lembranças reconstruídas de determinados fatos, a situações mostradas de forma incompleta e rápida, podem denotar um blackout, que é quando simplesmente apagamos por algum tempo e tudo simplesmente desaparece.

E, desse jeito, como saber se o monstro é real? O fato de ela vê-lo o torna real? Ou o fato de poder tocá-lo, como diria a ciência? E se outras pessoas o virem, como fica? O filme é um achado, e merece ser visto por muitas pessoas. É uma produção pequena mas de alta qualidade audiovisual. É difícil acreditar que foi feito com 100 mil Euros, como disse o diretor, que mostra muito talento, e usa o cinema como ferramenta para quebrar a barreira existente entre a realidade e os sonhos (ou a loucura), ao melhor estilo David Lynch.

Se você liga pra notas, aqui vai um 10! Corra pro Cinépolis Lagoon 5 na próxima hoje, dia 7/10, às 16:30h ou 21h, e garanta uma noite (ou uma tarde) de diversão e insanidade.

Agora, se você está com medo de assistir ou não vê problemas em spoilers, leia o que vem a seguir. Do contrário, volte depois para conferir minhas teorias…

Teoria 1 – O monstro é Tina projetando em sua vida o rapaz esquisito que ama quase platonicamente. Ou seja, um fator puramente psicológico. O fato dela temê-lo no começo e se aproximar dele depois seria mais um indício. O monstro/rapaz é motivo de conflito entre ela e a família e amigos. E ele chega a machucá-la, apenas sendo como ele é, assim como o monstro. Ao se aproximar mais do garoto, ela passa a dominar o monstro, a conviver com ele, a amá-lo plenamente.

Teoria 2 – O monstro é como ela resolve encarar e, na prática, ver o rapaz esquisito. Quando vemos o monstro, é ela vendo o rapaz, na verdade. O medo que ela tem da presença furtiva dele na casa (o rapaz que ela veria na geladeira como sendo um monstro) se deve à não alertar os pais dela. A cena em que os pais inacreditavelmente veem o monstro pela primeira vez e o atacam se passa no quarto da jovem. O monstro estava na cama dela após eles se entenderem. Talvez eles tenham pego os dois jovens no sapeca iaiá flagra.

Teoria 3 – O monstro é, na verdade, a gravidez da jovem, coproduzida pelo rapaz esquisito. A insistência dela em ver o monstro, poderia ser a menina querendo, contra a vontade de todos, ter o bebê. O resgate do monstro do hospital poderia ser interpretada como o sequestro do bebê já entregue à adoção.

Rodrigo Sava

Arqueólogo do Impossível em alguma Terra paralela

Este post tem 2 comentários

  1. Harvey_o_Adevogado

    passando só para checar o controle de produtividade e de qualidade dos post.

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