Iluminamos: Aos 14 – Festival do Rio 2015

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Aos Treze foi um belo filme da diretora Catherine Hardwicke sobre a adolescência de uma menina. Com ele, conquistou prestígio suficiente para ser convidada a levar às telas o fenômeno Eclipse. No dia 3/10, apresentou, no Odeon, Já Sinto Saudades, um novo olhar sobre o universo feminino, com um elenco estelar.

Aos 14 lembra Aos Treze até no título. A produção, dirigida por Helene Zimmer, integra a mostra Expectativa, voltada a cineastas promissores, e sua principal diferença reside no fato de focar não numa, mas em três moçoilas, enfatizando suas semelhanças e diferenças ao longo das estações do ano.

Mais: Por ser francês, desvia nosso olhar do já extremamente dissecado universo das escolas norte-americanas. Claro que as relações de amizade, os excessos, o efervescer do desejo, a confusão dos hormônios, as festas, o uso de drogas e o papel da família e dos educadores continuam centrais, mas é renovador perceber as diferenças culturais e seus reflexos comportamentais.

Reza a lenda que a França é um país verdadeiramente liberal. A julgar por seus jovens, sim. Pelos pais deles, nem tanto. Quando estão longe, no entanto, podemos ver todos os seus joguinhos, crueldade, irritabilidade e a ausência quase institucional de travas morais.

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O esforço de mostrar a realidade nua e crua dos jovens franceses de tenra idade aproxima a diretora Helene Zimmer do especialista em hormônios em ebulição, Larry Clark, diretor do mítico Kids. Não à toa o último filme do homem, O Cheiro da Gente, foi rodado na França.

Ainda que Helene Zimmer seja uma cineasta mais apegada à história e menos à imagem, seu filme possui uma beleza fugaz, é permeado por uma sensação de que as personagens precisam fazer o melhor possível por elas mesmas agora mesmo, sem julgamentos, sem remorsos. Elas não terão 14 anos a vida toda. E, definitivamente, essa é a graça.

Rodrigo Sava

Arqueólogo do Impossível em alguma Terra paralela

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