Um sábado no Nichi Festival – Lado A

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O Rio de Janeiro é como uma panela de pressão, na qual eventos culturais fervilham sem parar. Mas, o que acontece noutras regiões, em municípios menores, em outros estados?

Longe demais das capitais”, dizia a canção dos Engenheiros do Hawaii. Juiz de Fora me parecia um desses lugares, e me enganei redondamente. A bucólica cidade do interior devotada apenas à venda artesanal de queijos, lingüiças e roupas não existe, mas sim um colosso mineiro, com comércio de rua vibrante e trânsito intenso, ruas limpas, arborizadas e jovens para todos os lados. Pois uma fila desses jovens diante de um prédio histórico nas primeiras horas da manhã do sábado, dia 11/4/2015, me chamou a atenção. Meninas de gravata e saia xadrez remetiam a um universo bastante particular, e lá fui eu porta adentro do Centro Cultural Bernardo MascarenhasCCBM, palco do Nichi Festival.

8 reais e uma pulseira lilás com inscrições em japonês me concederam passe livre para visitar o lugar, em cujas salas, teatro e cinema as atrações do evento dividiram o espaço com esculturas, telas e placas.

No principal auditório, a Sala de Encenação Flávio Márcio, cuja programação anunciava um workshop de língua japonesa e uma palestra sobre a história do Japão, acompanhei o fim de uma divertida conferência a respeito da mitologia grega em Os Cavaleiros do Zodíaco.

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Circulei pelos corredores, encontrando (e fotografando) cosplayers de diferentes universos, animes, games, super-heróis americanos. Fora anunciado algo chamado ‘cosmaker’, que imaginei se tratar de um profissional preparado para realizar, no evento, o sonho dos aspirantes a cosplayers.

Havia duas salas exclusivas para gamers: Uma para os jogadores clássicos e sedentários, composta por consoles e controles manuais, e uma segunda para dançarinos especializados no jogo semiacrobático chamado Just Dance, em que os jogadores aparentemente imitavam os passos e movimentos dos personagens coloridos que, na tela, dançavam ao som de eletrizantes canções.

No primeiro andar, curiosas opções gastronômicas dividiam as atenções dos presentes: Cup Noodles para microondas e drinks preparados na hora com o conteúdo colorido de garrafas sem rótulo. Lembrei dos refrescos de limão que parecem de laranja e têm gosto de tamarindo. Menção honrosa para refrigerantes a inacreditáveis R$ 2,00!

Não tive coragem de perguntar o preço, para o caso de estarem vendendo, mas o estande Mattos Box exibia interessantes peças artesanais, como uma capa para livro (ou fichário, não sei ao certo) simulando um monstruoso rosto esculpido na madeira, e armas reais, com destaque para um imenso machado trabalhado no cabo e na lâmina.

Alguns estandes representavam lojas físicas, como a Superheroes, que vendiam camisas com estampas divertidas e HQs. Duas tabernas disputavam espaço no evento: A Taberna do Dragão e a Taberna Conclave, a primeira especializada em RPG e a outra, em jogos de tabuleiro. Não faltaram as costumeiras vendas de mangás antigos com desconto, bottons  e camisas.

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Não vi lançamentos de quadrinhos ou sessões de autógrafos no evento, mas descobri a presença de um autor de mangás fazendo uma parceria com a Superheroes: Rael Mochizuki. Ele estava distribuindo gratuitamente o primeiro número de sua revista independente, Ameto, no estande da Superheroes, onde vendia a segunda e terceira edições. Anunciou que uma nova tiragem do numero 1 viria com melhor acabamento gráfico.

Convidada para levar a arte do origami ao Nichi Festival, a artesã Verônica Akiko exibiu suas belas criações não somente em papel, mas também em tecido. Veja na foto se não é uma gracinha a bolsinha tipo pokebola:

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Por fim, as atenções se voltaram para o auditório. O hit do fim da tarde foi o Concurso de Cosplay, composto de uma rápida (rapidíssima) aparição de cada concorrente, puxada pela apresentação do mestre de cerimônias. Após os desfiles e a premiação, o MC encerrou o evento, aproveitando para convidar a todos para voltar no dia seguinte, para a Nerdcon, também no CCBM.

Confesso que eu não sabia, mas, com um combo de convenções de cultura pop, Juiz de Fora com toda certeza começa a se destacar no mapa de eventos nerds que lindamente vicejam por todo o país.

Rodrigo Sava

Arqueólogo do Impossível em alguma Terra paralela

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