Durante as guerras algumas armas culturais são utilizadas para defender e contrariar sua realização. Bandas como Metallica, System Of A Down e The Black Eyed Peas se mostraram contra a guerra entre Estados Unidos e Iraque, gravaram músicas, ganharam milhões e provavelmente influenciaram as opiniões de muitos de seus fãs.
Mas será que sem o rock ‘n’ roll – inventado no final dos anos 40 – dá pra fazer música sobre guerra?
Tanto dá que, hoje, listarei três músicas famosas durante a Primeira Grande Guerra – ou Primeira Guerra Mundial, como preferir.
- Over There – George M. Cohan
Como muitas canções daquela época, Over There fazia uma apologia desgraçada ao alistamento dos jovens no exército americano. A letra veio à cabeça de George durante uma viagem de trem, ao ouvir os Estados Unidos declarar guerra à Alemanha.
Algum tempo depois, nosso amigo Cohan foi condecorado pela criação desta música, e algumas outras, pelo presidente Roosevelt, ganhando a Congressional Gold Medal, o maior prêmio que um civil pode conquistar nos Estados Unidos.
Essa música também foi utilizada num episódio dos Simpsons, quando o pai de Homer está cuidando de Bart e Lisa, na segunda temporada do desenho.
- It’s A Long, Long Way To Tipperary – Jack Judge
A primeira citação relacionando esta canção ao conflito aconteceu em um jornal chamado Daily Mail – que existe até hoje na Terra da Rainha –, pelo correspondente George Curnock. Na matéria, nosso querido amigo jornalista noticiava que estavam regendo o Connaught Rangers – (agora pare que esse travessão vai ser longo) um exército irlandês, na verdade, a parte irlandesa do exército britânico, famosão durante a Guerra Peninsular (1807 – 1814) por serem fanfarrões e aprenderem só observando a galera – (ufa!) enquanto eles marchavam em direção a uma cidade no norte da França, com a criação do nosso amigão Judge, em 13 de agosto de 1914.
Não demorou muito e outras unidades do exército britânico adotaram o mesmo sistema, porém a música só ganhou o mundo quando gravada pelo amigão John McCormack (versão que você ouvirá se der o play no vídeo do Youtube – o que, aliás, eu recomendo muitão).
Diferente das músicas dos nossos amigos da Terra da Liberdade, os britânicos, em suas canções sobre a guerra, cantavam a espera e o longo caminho feito dos campos de batalha até suas respectivas casas. Não sei se isso seria mais nobre ou mais indiferente.
- I Didn’t Raise My Boy to Be a Soldier – Alfred Bryan e Al Piantadosi
Vocês tem noção do quão badass é dizer, “eu não criei meu filho para ser soldado”, nos Estados Unidos pré-Primeira Guerra Mundial? É por isso que essa é minha música favorita quando se fala da tal guerra.
Para vocês terem uma pequena noção, o presidente Roosevelt ficou tão bolado com a música que dizem que ele fez o seguinte comentário:
“[…] pessoas estúpidas que aplaudiram a canção intitulada ‘I Didn’t Raise My Boy To Be A Soldier’ (Eu Não Criei Meu Filho Para Ser Soldado) são as mesmas que, em seus corações, aplaudiriam uma música intitulada ‘I Didn’t Raise my Girl To Be A Mother’ (Eu Não Criei Minha Filha Para Ser Mãe)”
A questão é que o impacto desta canção em especial foi imenso, os movimentos antiguerra começaram a aparecer e a adotaram como hino, e, com o passar do tempo, a música também se tornou um sucesso em lugares já em guerra, como o caso do Reino Unido.
Aliás, essa música é tão absurdamente foda que gera discussões até hoje sobre a frase que dá seu título, tenho orgasmos pacifistas toda vez que penso nela.
A questão é que toda guerra tem seus produtos culturais, no caso da Faixa de Gaza, Rússia X Ucrânia, não será diferente, basta esperar e ficar de olhos – e ouvidos – abertos e atentos.
Poxa, Gaby, essa última música me fez suar pelos olhos.
Acho que ouvir esta música enquanto lê Johnny Vai à Guerra de Dalton Trumbo deveria tornar impossível a qualquer pessoa sã acreditar que exista essa história de “causa que vale uma vida”. Sou fã do Batman: nada vale uma vida humana!
Cara, é mt triste a cena do soldado sendo arremessado por causa de uma explosão no vídeo da terceira música. Estava recentemente vendo vídeos de distúrbios psicológicos que a Primeira Guerra causou em alguns recrutas. Um deles se escondia em baixo da cama sempre que ouvia a palavra “BOMBA”. É impossível não ficar penalizado após ver o modo como a vida desses jovens foi afetada para sempre devido a violência.
Com certeza…
Achei essa última bem melancólica.
E mais de 100 anos depois, as bombas continuam a explodir e as armas continuam a disparar…não querem ouvir Cristo.
Vc quis dizer ler, né?