Skyrim e o desespero do mundo aberto – parte I

Você está visualizando atualmente Skyrim e o desespero do mundo aberto – parte I

Voltei a jogar Skyrim. Isso mesmo. Havia desistido, mas depois de assistir a alguns vídeos de gameplays na internet, decidi dar mais uma chance ao jogo da Bethesda – só que dessa vez, vim preparado…

Skyrim é um RPG eletrônico de mundo aberto (pra caceta). Esse foi meu erro: não me atentei ao fato de o jogo possuir múltiplas possibilidades de caminhos, missões, itens, configurações e locais no mapa. Assim, aceitava todas as missões, parava em todas as novas localidades, combatia todos os inimigos, falava com todos os personagens, pegava todos os itens… Socorro!

No fim de alguns dias jogando, estava com uma fila incomensurável de quests, diversos pontos para vasculhar no mapa e um sobrepeso constante que me obrigava a avaliar o inventário para descartar algo ou a caçar um maldito vendedor para comprar, no máximo, um ou dois itens (os caras eram mais ferrados que eu). Ou seja, a narrativa, aquela sobre o Dovahkiin e a destruição de Skyrim pelos dragões, desapareceu. Inclusive, as próprias histórias das novas missões eram ignoradas (se eu parasse para ler tudo, não fazia mais nada na vida). A minha única preocupação/obsessão era zerar a lista de tarefas, “ticar” todas as missões e juntar o máximo de dinheiro possível – só que eu não negava nenhuma quest nova enquanto isso. E mais, sempre que aumentava de nível, passava horas analisando as 18 habilidades para escolher como gastaria meu mísero um ponto…

A execução de uma tarefa, ao invés de retirar um item da lista, acabava acrescentando mais uns dois ou três, sem falar que no caminho surgiam novas ruínas, templos e cidades para explorar. É um pouco desesperador imaginar que algo que começa assim…

Termina assim…

Como havia muitos outros jogos na fila de espera, decidi parar de jogar (isso somado ao maldito YLOD do PS3, que me fez perder todos os dados salvos). Desta forma, Skyrim caiu no limbo da minha gaveta…

Mas isso, de forma nenhuma, diminuiu a importância do jogo. Pelo contrário, ele me fez lembrar e analisar questões muito importantes. Uma delas é sobre o deslocamento para uma realidade verossímil destacada. Verossímil no sentido de ser baseada na realidade que conhecemos e destacada por ser algo que não é nossa vida (eu não sou um guerreiro sarado nórdico que possui cordas vocais mágicas). O jogo, assim, cria um ambiente capaz de abrigar um avatar nosso e este “boneco” passa a representar a ferramenta que nos permite viver desejos, vontades, ambições, estratégias etc.

Skyrim e jogos similares criam, minimamente, a dinâmica de uma vida realista ao permitir ações corriqueiras, manipulação de objetos, escolha de caminhos e diálogos. O problema, neste caso, é nosso instinto de querer conhecer tudo, saber tudo o que o sistema pode nos dar – coisas impossíveis de fazer na vida concreta (viajar no tempo, só com um DeLorean). Antes de tratar disso, é importante abordarmos a questão das possibilidades de ação que o jogo eletrônico nos proporciona.

Continua… (meio óbvio, já que o título do post é parte I)

Gustavo Audi

Se fosse uma entrevista de emprego, diria: inteligente, esforçado e cujo maior defeito é cobrar demais de si mesmo... Como não é, digo apenas que sou apaixonado por jogos, histórias e cultura nerd.

Este post tem 5 comentários

  1. Leonardo Delarue

    Comprei o jogo essa semana e para variar estou com aquele velho problema de começar a criar um personagem, jogar até o level 6 e depois criar outro, mas nesse fim de semana eu decido com quem jogarei de fato. 🙂

  2. João Vital

    Sempre tive esse problema… Vou começar a interpretar de verdade o personagem que eu criar, na próxima vez. Se surgir aquelas famosas quests “por favor, ajude-me a encontrar meu filho!”, apenas vejo se isso interessa ou não ao personagem e deixo passar…

    Skyrim é muito legal, mas muito aberto. Você perde toda a narrativa do jogo por conta disso..

    1. Gustavo Audi

      O pior é que estou tentando fazer isso também. Mas quando falo com os outros personagens, eles me passam a porcaria da quest sem eu aceitar. E quando vai para a lista de tarefas, eu tenho que fazê-la. É patológico.

Deixe um comentário