Série “FRONTIER” e o abuso do desperdício

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Comecei a assistir Frontier, série da Netflix em parceria com o Discovery Canada, sem qualquer pretensão. O que foi uma boa escolha. A série é ambientada no século XVIII, com inspiração no período de exploração europeia na região da América do Norte, focando especialmente na vida de comerciantes de pele, seus conflitos com os nativos, as dificuldades territoriais, as disputas por território e pelo comércio. O contexto histórico é ótimo, e o que incentivou ainda mais a ver foi a presença de Jason Momoa como protagonista. E é por isso que vou falar sobre desperdícios.

Na introdução somos apresentados a Declan Harp, filho de um europeu com uma nativa americana. Harp é mostrado como um verdadeiro bárbaro, a encarnação da violência. E Lord Benton, o nome por trás da Hudson Bay Company, como um homem forte e imperioso. A intenção de Harp é quebrar o monopólio da Companhia sobre o mercado de peles, e por isso, Benton decide, pessoalmente, acabar com ele, restaurando o controle da HBC sobre o mercado de peles. Uma boa justificativa. Pena ter sido completamente mal desenvolvida.

Declan Harp – Jason Momoa 

No decorrer da série, Harp vai sendo humanizado. Suas ações violentas vão sendo justificadas, e somos apresentados à uma nova perspectiva: Declan não quer destruir a HBC, e sim, destruir Benton. E Benton não é um homem de negócios frio e calculista, pelo contrário! O homem tem sérios problemas com o ego que o levam a cometer crimes absurdos por justificativas mais absurdas ainda. Como um homem desses se manteve tanto tempo no comando de uma grande companhia, sem levá-la a falência ou sem tomar um tiro na cara? Nunca saberei.

Lord Benton – Alun Armstrong

O fato é que as atitudes de Benton bailam entre o infantil e o tedioso. Tudo digno de uma trama de novela global. Falta apenas uma gargalhada de Nazaré Tedesco para um contrato com a Globo estar garantido. E Declan Harp, o violento e sangue frio inicial é substituído por um homem compreensivo, que até “adota” em seu bando um garoto britânico completamente despreparado, porque “vê algum potencial nele”. Tentei gostar de algumas personagens femininas, principalmente de Grace Emberly, a dona da cervejaria e restaurante da região. Uma pessoa influente, e cheia de esquemas e planos. Em alguns momentos, você percebe que, se bem desenvolvida, a história dela poderia ser sensacional. Mas no final, os planos de Grace eram mal costurados, e parece que seu objetivo era Harp, por quem é apaixonada (AHN?).

Grace Emberly – Zoe Boyle

A série tem gancho pra ótimas possiblidades, e escolhe ir pelo fácil e chato. Alguns personagens que poderiam ser muito interessantes ficam esquecidos, e os planos centrais da história sempre acabam envolvendo os personagens descartáveis e a história esquecível.

Sobre o contexto histórico, nada é aprofundado, tudo é superficial e até mesmo estereotipado. Os nativos aceitam presentes para negociar, os irlandeses são burros e cabeças quentes, os britânicos são arrogantes e descontrolados, os americanos são prepotentes. Não apresentam nada sobre a história de fato, além de que foi um período violento e conturbado.

É por isso que a série é um desperdício. Não precisavam colocar Jason Momoa para repetir um roteiro tão fraco e vazio, embora, devo dizer, algumas cenas dele tenham sido muito boas, mesmo com o texto ruim. Não precisavam usar um contexto histórico tão rico, para contar uma historinha clichê. Não precisavam criar personagens interessantes, se o foco ficaria nos personagens chatos.

Então a série não vale a pena? Bom, ela não nos prende. Tanto que mesmo a temporada tendo apenas seis episódios de 45 minutos, demorei mais de uma semana pra assisti-la toda. Portanto, dá pra assistir, desde que não vá esperando grandes coisas. E não espere nada mesmo, porque não há nenhuma surpresa, nenhuma virada de roteiro espetacular, não há nada.

Ah, e a Netflix já garantiu uma 2ª temporada, que eu provavelmente vou assistir. Quem sabe eles dão uma melhorada, certo? Afinal, a história tem potencial.

E se você já viu a série, e quiser discordar ou acrescentar algo, comenta aí embaixo.

Hypolita Prince

"Nerd" por acaso, e ainda não satisfeita com a denominação. Escrevo sobre feminismo, e outros assuntos que me interessem. Não os desenvolvo tanto quanto gostaria, mas é por preguiça de organizar as ideias nos textos.

Este post tem 3 comentários

  1. Gabriela

    Discordo, terminei a serie em 2 dias, tb acho que poderiam investir um pouco mais em alguns momentos, mas achei a serie sensacional, me prendeu mt atenção

  2. Vanda

    Por enquanto estou gostando, concordo com os comentários sobre o Lord Benton ….vamos aguardar o desenrolar!

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