Retrospectiva Batman nos Games – O Morcego Eletrônico (Parte 4 de 4)

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Continuando a Semana Batman no Iluminerds, e a série que faz uma retrospectiva crítica de games do Morcego que foram lançados para todos os consoles, da 2ª à 5ª geração (você pode acompanhar a primeira parte aqui; a segunda parte aqui e a terceira aqui), vamos agora, finalmente (UFA!!) à 4ª e última parte, que cobrirá games do Batman lançados para a 5ª geração de consoles. Vamos lá.

PLAYSTATION 2, GAMECUBE e XBOX

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Batman Begins

Desenvolvido em 2005 pela defunta Eurocom e publicado pela Eletronic Arts. Eletronic Arts dispensa apresentações: uma das atuais gigantes do mundo dos games, fundada pelo ex-empregado da Apple, Trip Hawkins, lá pros idos de 1982, foi uma das primeiras empresas a realmente se dedicar à produção de games. O pensamento inovador da companhia, somado à constância como produtora de títulos sempre minimamente rentáveis no mercado, levaram-na a integrar o grupo das 5 maiores empresas de games do mundo. Atualmente produz títulos seletos em seus inúmeros selos e produtoras menores e dedica grande parte de seus esforços como Publisher, distribuidora e administradora de seu portfólio de franquias. Este, Aliás, é extenso e inclui séries de esportes aclamadas pela crítica, como a NHL; FIFA e Madden NFL. Também possui inúmeras franquias de sucesso atual ou passado, como Wing Commander; The Sims/Sim City; Desert Strike; Warhammer; Command & Conquer; Need For Speed; Medal of Honor; Battlefield; Dead Space e Mass Effect.

Já a Eurocom acabou oficialmente em 2012. Foi uma produtora britânica sem grande destaque. Criou alguns jogos melhores, uma porrada de jogos obscuros e bem fraquinhos e uns poucos jogos passáveis, que na verdade se sustentaram por conta do fama de suas franquias, como Mortal Kombat 3 e 4; Cruis’n World (da Franquia iniciada por Cruis’n USA); Duke Nuken: Zero Hour; Dead Space: Extraction e Golden Eye 007: Reloaded; além de uma enorme quantidade de jogos medíocres baseados em inúmeros filmes e desenhos animados. Não é à toa que faliu.

A partir daí, poderíamos imaginar a confusão que nos esperaria numa nova versão eletrônica de um filme do Batman. Felizmente, isso não acontece. O filme Batman Begins fez sucesso como um reboot decente, que reinicia com bastante dignidade o puta puteiro do caralho  a enorme confusão que tinha virado a franquia Batman, desde a última iniciativa do viadinho incompreendido Schumacher. Será que poderíamos aguardar por um retorno igualmente digno nos videogames?

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Finalmente, sem batmamilos.

O jogo tem uma boa resposta e comandos adequados. Além disso, há pela primeira vez a tentativa decente de se incorporar elementos de jogabilidade stealth a um título do Morcego (isso só seria efetivado de maneira assombrosa e incomparável na série Arkham). Enquanto a iniciativa é louvável pelo pioneirismo, peca por não ser um stealth genuíno.

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Stealth com o cabo ótico roubado diretamente do Sam Fisher, do Splinter Cell…

Em jogos Stealth de verdade você tem o cenário aberto e, analisando as possibilidades, pode escolher o método que lhe for mais conveniente para andar pelo cenário, abordar os inimigos e nocautear ou matá-los sem ser visto. No caso do nosso jogo, há grande pobreza de design nesse sentido. O cenário foi criado para ser percorrido de maneira linear, por apenas um caminho, que o jogo indica claramente ao jogador. Além de limitar bastante a longevidade do game (pois não dá ao jogador a vontade de jogar novamente, uma vez terminado), essa característica afeta a própria mecânica do modo stealth, porque uma única linha de conduta em um cenário reduz a zero as possibilidades de abordagens alternativas.

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Apesar de não ter sido bem sucedido (e até ter decepcionado) no modo stealth, algumas pequenas inovações aconteceram nesse jogo: este modo de ataque, em que o Batman, de cabeça para baixo, captura o inimigo a partir de um ponto de segurança no teto, pode ter, posteriormente, inspirado o ataque “Inverted Takedown” na série Arkham.

No confronto físico, os golpes são adequados. Batman reage de maneira decente aos ataques e também ataca os inimigos com facilidade. Apesar de haver, a princípio, um pequeno problema de alcance, isso logo será superado e você em breve poderá porrar tranquilamente seus inimigos. O game tem duas barrinhas, uma de “reputação” e outra de “medo”, que vão enchendo a cada vez que o Cavaleiro das Trevas utiliza o ambiente e elementos do cenário para assustar os capangas ou atacá-los de surpresa. Estas barras deveriam incentivar o uso da abordagem stealth nos capangas, só que isso não acontece. Primeiro porque é difícil abordar silenciosamente inimigos que enxergam até onde não deveriam enxergar (zonas de sombra, por exemplo), mais difícil ainda abordar silenciosamente em cenários que obrigam o jogador a percorrê-los de maneira linear, quase sem opções para se esconder ou se esgueirar. Segundo porque o enchimento das barras não afeta em nada a jogabilidade. Seria legal se, com as barras de “reputação” e “medo” cheias, o jogador pudesse derrotar inimigos, em eventuais combates corpo a corpo, com menos golpes. Seria uma premiação boa pelo esforço do jogador. Mas nada disso acontece, você enche as barras, mas acaba tendo que dar uns trocentos socos e chutes em cada inimigo até nocauteá-lo. Ou seja, é frustrante e contribui ainda mais para que a abordagem stealth seja abandonada pelo jogador. Outra coisa é o movimento de defesa, que não é muito eficaz. Por várias vezes, eu me vi tendo que fugir de dois ou três inimigos, pois não conseguia simplesmente me defender adequadamente.

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Os efeitos sonoros são bons mesmo, e proporcionam um senso de imersão adequado. A trilha sonora e as vozes também merecem destaque: não só pela produção impecável dos arranjos como pela ótima atuação dos atores originais do filme também no game. Não houve falta de cuidados, nesse sentido.

Visualmente, o game é bonito e segue com bastante esmero a linha narrativa do filme. De fato, várias fases se portam como verdadeiras “versões ampliadas” de cenas do filme. Neste ponto, o jogo funciona bem, e de maneira muito eficaz, como um plus. Jogá-lo é como ver o filme em uma “versão estendida”, onde temos acesso a inúmeras possibilidades e informações extras, que as duas horas de duração do filme não permitiram. Ou seja, há um diálogo sadio e construtivo entre a película e o jogo. Tal diálogo é explicitado pelas cutscenes presentes entre as fases, que são cenas do próprio filme e seguem a cronologia de eventos abordada no longa-metragem (vez por outra, alterando uma ordem de eventos aqui ou ali). A interação entre filme e game é tão encorajada e bem sucedida que finalizar as fases com eficácia dará ao jogador acesso a informações adicionais do universo do Batman no filme, como cenas extras, entrevistas, making of, etc.

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O jogo chama a atenção. A tela de abertura nos mostra um batman tenso, na entrada de uma caverna, com morcegos saindo ao fundo. É uma tela muito bonita e os filtros de luz e gradações em sépia e tons de cinza ressaltam ainda mais a ideia de que, talvez, finalmente estejamos vendo novamente uma adaptação cinematográfica decente.

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O jogo inicia com narração do próprio Christian Bale, enquanto apresenta algumas imagens do filme. Aliás, as vozes de Christian Bale, Michael Caine, e de vários outros atores do elenco do filme aparecem no game com bastante frequência. A Eurocom não poupou despesas na tentativa de recriar no jogo as emoções vividas no filme, e até o faz com bastante competência. Algo que me incomodou, desde o início, foi a postura atarracada e um tanto quanto fora de lugar do Batman neste game. Não é nada que realmente prejudique a jogabilidade ou atrapalhe na movimentação, mas me é incômodo ver o Batman sempre curvado e com braços e pernas semi-arqueados, como um gorila.

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A animação do Batman subindo escadas também é desconfortável e desengonçada.

A versão do jogo para Xbox é basicamente a mesma. As diferenças visuais são irrelevantes, com a versão do Xbox ligeiramente mais embaçada, enquanto a trilha sonora e a jogabilidade permanecem as mesmas. Já a versão do jogo para o Game Cube tem diferenças gráficas marcantes. O jogo é visualmente ainda mais nítido, com cores mais vivas, enquanto sons e jogabilidade permanecem os mesmos (pelo menos eu, ao jogar, não notei diferença alguma).

De resto, é um jogo razoável, que vale a pena ser visto e jogado; ainda mais na versão do Game Cube. Em alguns momentos fica monótono e o ritmo cai bastante, mas no geral é um game interessante. Infelizmente, não teve o destaque devido na grande imprensa e, graças a isso, passou quase que despercebido; o que deve ter concorrido ainda mais para a falência da Eurocom.

Batman: Vengeance

Lançado pela Ubisoft, em 2001, numa parceria com a Warner Entertainment e a DC Comics, o jogo é a aposta segura da Ubisoft (depois das suas péssimas incursões passadas na franquia) em um estilo que, a essa altura do campeonato, já é consolidado e está no campo de expectativas da base de fãs do Batman, quando se fala em games do morcego: o estilo beat-em-up. O jogo segue o estilo visual da fantástica série animada do mestre Bruce Timm, e sua história começaria ao fim da série As Novas Aventuras de Batman.

O jogo se passa numa Gotham City belamente transposta diretamente do desenho animado. Os prédios e construções remontam perfeitamente à série, e a Gotham é enorme e aberta ao estilo Sandbox. Porém, o percurso que Batman deve fazer dentro da cidade é extremamente linear, acabando com a graça de se vagar pela cidade. Pra piorar, a cidade aparenta estar abandonada e sem vida, e as texturas, ao se olhar com mais cuidado, repetem-se exaustivamente.

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Uma belíssima torre Art-decô, bem ao estilo de Bruce Timm.

Batman se move suave a graciosamente. Mover o personagem é fácil e eficaz, e é muito bacana correr com ele pelos telhados dos prédios de Gotham. O problema é quando se exige precisão. Logo nos primeiros minutos de jogo, já tive uma dificuldade: para se atirar a Batcorda, é necessário mudar a visão do jogo de 3º para 1ª pessoa, para poder mirar o equipamento. O problema é que a mira é ruim demais. Tive dificuldade de achar o ponto certo (quando a sua mira fica vermelha) para, finalmente, atirar a batcorda. A princípio, pensei que era um problema comigo, que não estava ainda acostumado aos controles, mas notei que o problema continuou ao longo de todo o meu período de jogo. Atirar a Batcorda é chato pra cacete.

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Meu Deus, como é chato achar o local preciso no cenário onde a mira fica vermelha e é possível lançar a batcorda…

Da mesma forma, atirar os batarangues é trabalhoso e estúpido. Para que sejam atirados com precisão, você precisa alternar seu modo de visão de jogo, novamente, de 3ª para 1ª pessoa, e, mais uma vez, apontar até que sua mira mude pra cor vermelha. Infelizmente, isso é mais fácil na teoria que na prática. Atirar batrangues é outro pé no saco.

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Detalhe: a mão do Batman segurando um batrangue, vista de perto, é bem mal feita…

Os golpes, no entanto, são muito bons. Bonitos, ágeis, bem bolados e com bom alcance, os socos e chutes do Batman são um achado. Não vai haver mais nada assim até o lançamento da trilogia Arkham, aí sim, teremos o Batman mais porradeiro, sinistro e motherfucker da história do videogame.

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Um detalhezinho muito legal: algemas. Você prende os margiranhas com elas depois do nocaute, e eles não voltam mais a te encher o saco.

Este é mais um jogo que tenta investir nas habilidades silenciosas, através do modo stealth. Assim como Solid Snake ou Sam Fisher, Batman pode se esgueirar por cantos, sombras e paredes. Mas, contrário ao que se poderia pensar, não tem nenhum golpe silencioso! Ou seja, não há o menor incentivo pra jogabilidade stealth… De que adianta se esgueirar e procurar o melhor ângulo pra derrubar um inimigo, se o jogador vai acabar tendo que trocar golpes e encher o cara de porrada de qualquer maneira?

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Tanto silêncio e stealth… Pra acabar enfiando um shoryuken no palhaço. Desperdício de tempo. Acaba ficando cansativo ter que sempre abordar os inimigos dando as mesmas porradas…

A trilha sonora é vibrante e os efeitos sonoros são refinados e variados. Complementos perfeitos para um bom jogo.

Os visuais do Batman e dos cenários são muito bons. Finalmente, consigo controlar um Batman com o qual não me sinto desconfortável. O personagem tem uma movimentação ótima e fluida. Anda e corre da mesma maneira que nos desenhos e com boa frequência de frames. A movimentação da capa peca, vez por outra; seja se movimentando de forma irreal (treme demais ou fica pulando) em alguns momentos, ou permanecendo dura em outros. Os cenários, por sua vez, fazem uma boa ambientação. Tão boa que dá até pra se imaginar como um personagem dos desenhos. Essa sensação inclusive é ressaltada pela própria equipe criativa do jogo, que exibe créditos de produção ao longo do começo da primeira fase, como se o jogador começasse a ver um novo desenho da série.

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Os adversários normais, de meio de fase, ao contrário, são visualmente inexpressivos e extremamente repetitivos. É o mesmo layout de adversário, repetido ad nauseam, só mudando a cor da roupa… A simplicidade dos traços e cores da equipe de Bruce Timm, nesse caso, não pegou bem, e os inimigos são sem graça pra cacete.

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Não tem desculpa, esse inimigo é de uma preguiça criativa fenomenal: máscara branca, pra não ter necessidade de fazer rostos; um colant de corpo inteiro, pra não ter que colocar inúmeras peças coloridas diferentes…
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Os chefes de fase, ao contrário, são difíceis e desafiadores.

Sinceramente, não percebi diferenças em gráficos, sons e jogabilidade entre as versões do jogo para Playstation 2 e Xbox. No Gamecube, novamente, a imagem me pareceu mais nítida e brilhante. Não havia quebra dos polígonos em ângulos fechados (como na junção do rosto com o pescoço ou do antebraço com o braço, por exemplo), e os personagens mantinham uma aparência uniforme e bonita. Tirando isso, nada demais.

Com ótimas animações, trilha sonora fantástica e dividido em dois grandes capítulos (como se fossem dois episódios do seriado), é um jogo legal que merece ser visto ou revisto. Alguns entraves – como a dificuldade para se atirar batrangues e batcorda – são enjoados e quebram um pouco o ritmo e a ação do jogo, forçando o jogador a ir com frequência pro combate mano a mano. Com tanto combate físico o jogo acaba ficando, com o tempo, cansativo e chato. O modo silencioso, apesar de não tão mal realizado, não é encorajado. Mesmo assim, é um jogo que merece algum respeito.

PLAYSTATION 2 e GAME CUBE

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Batman: Rise of Sin Tzu

Lançado em 2003 pela Ubisoft Montreal, O jogo é sequência ao título Batman: Vengeance e, assim como seu predecessor, continua apostando no estilo da consagrada série de animação do grande Bruce Timm.

O menu inicial do jogo é muito bonito e bem bolado. Ao mesmo tempo em que apresenta as opções de configuração, demonstra os personagens que estarão disponíveis para jogar e tem uma EXCELENTE trilha sonora, que é um remix da música do Danny Elfman, num estilo meio Rock and Roll. Muito bom mesmo.

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Parece que a Ubisoft desistiu da fracassada tentativa de se colocar ataques silenciosos em jogos do Batman. Este jogo se aproveitou para explorar a excelente mecânica de golpes criada pro seu antecessor e escancarou sua pegada beat-em-up, passando a ser, simplesmente, um jogo de porrada. O jogo chega a prestar homenagens a clássicos do gênero como Final Fight, por exemplo, permitindo que o personagem agarre caixas de madeira, barris, tampas de lixeira ou outros bagulhos largados pelo chão pra atirar nos inimigos. Apesar disso, o jogo ficou incrivelmente mais chato. Agonizantemente chato. O jogo resume-se basicamente a uma fórmula: 1) Bata em uma porrada de capangas; 2) Salve um cidadão e 3) Desarme uma bomba. Depois disso, o jogador enfrenta o chefe. Só isso. Repita essa fórmula inúmeras vezes e você tem o esquema enfadonho e monótono desse jogo.

Pra piorar, o jogo tem chefes irritantes. Cara-de-Barro e Sin Tzu são quase impossíveis de derrotar, enquanto o Espantalho dá tanto trabalho pra ser encontrado no meio da fumaça que meu primeiro reflexo foi desligar o aparelho e jogar o dvd pela janela.

Apesar de permitir que você desbloqueie conteúdo adicional – como golpes especiais, por exemplo – o game não chega a atrair o jogador a novas partidas, pois os golpes especiais comprados são tão difíceis de fazer, e de execução tão lenta, que nem valem o esforço. É muito melhor chegar até o fim do jogo com o seu combo padrão (bem rápido e eficiente) do que ficar morrendo a torto e a direito tentando fazer seus tão suados golpes especiais novos…

A trilha sonora é fantástica. É uma mistura do tema do Danny Elfman à pegada rock mais pesada da trilha sonora do Batman do Futuro. Acaba sendo uma música agitada, simpática, e que consegue amenizar um pouco a monotonia que acaba tomando conta desse jogo.

Graficamente, o jogo está muito mais bonito que seu antecessor. Todas as falhas foram corrigidas, as imagens estão coloridas, brilhantes e variadas, e os cenários são menos monótonos do que antes. À medida que o jogador progride, vai ganhando bônus que se traduzem em novos golpes e uniformes. Aliás, os uniformes alternativos dos quatro personagens jogáveis são ótimos, e dão até vontade de jogar o game mais uma vez, apesar de toda a monotonia inerente.

Novamente, a versão do Gamecube é ligeiramente superior à do Playstation 2. O jogo é mais nítido e colorido.

Apesar das melhorias gráficas e da fantástica trilha sonora, o jogo peca pela falta de inventividade na progressão pelas fases, além de contar com uma história sem sal, baseada num vilão meia-boca criado pelo “mestre” Jim Lee. Joguinho cretino que só valeria um aluguel, ou o download (caso você tenha emulador), pra uma diversão rápida por algumas horas, podendo depois ser apagado ou jogado, sem pena, no fundo de uma prateleira.

XBOX E GAMECUBE

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Batman: Dark Tomorrow

Criado pela Kemco e lançado em 2003, esse jogo vinha sendo anunciado desde 2001 como a grande virada do Cavaleiro das Trevas nos games, pois seria uma transliteração dos quadrinhos, direto para os consoles. Havia promessas de que seria produzido por membros da própria DC Comics, e de que seria contratado o roteirista responsável pela história de Final Fantasy III e VI. Além disso, a proposta seria de que o Batman caminharia por uma Gotham City aberta e explorável, a qual você poderia patrulhar usando o Batmóvel, a Bat-asa ou mesmo a pé. Enfim, o jogo foi cercado de expectativas e por um longo tempo de produção (quatro anos), e acabou, infelizmente, virando uma enorme pilha de lixo.

É isso mesmo. A jogabilidade é uma merda completa. Batman tem um grande arsenal de equipamentos, que em sua grande maioria, são completamente inúteis. Para acessar os equipamentos, não há atalhos, você é obrigado a apertar o mesmo botão repetidamente, até que o equipamento desejado apareça. A Batcorda pode ser usada para pular sobre os prédios, de telhado em telhado, mas funciona mal. Muitas vezes, você acaba sendo jogado no intervalo entre dois prédios e morre vergonhosamente. Batman não consegue nem pular uma cerca de metal direito: pra conseguir isso, o jogador deve alinhar o personagem perfeitamente à cerca, num exercício de paciência e prática. É horrível…

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O sistema de combate é UMA MERDA. A defesa simplesmente não funciona. Como resultado, o Batman, um indivíduo treinado em inúmeros estilos mortais de artes marciais, acaba tomando porrada de um monte de Zé Ruela mascarado armado com lixeiras, faquinhas e pedaços de pau. Uma vergonha, cara. Pra piorar, o sistema de controle de câmeras é bisonho. Se você resolver atacá-los silenciosamente, usando uns batrangues, você deverá mudar o ponto de vista para 1ª pessoa. Ocorre que, como o sistema de mira é extremamente impreciso, você acaba sendo descoberto e, surpresa!!! Ao voltar o ponto de vista para 3ª pessoa, sua câmera aparece num ângulo COMPLETAMENTE DIFERENTE, muitas vezes focando o Batman atrás de caixas, caminhões, ou qualquer obstáculo. Daí você fica indefeso, apanhando dos bandidos e sem saber onde está e pra onde correr…

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Este é mais um jogo de Batman que tenta investir no modo Stealth de abordagem, que funciona de maneira irregular. O golpe silencioso é patético e idiota: o cara simplesmente toma uma bordoada mal feita e cai toscamente no chão. Há fases completamente NOJENTAS, como a do Batplanador, que é tão difícil e mal planejada que chega ao cúmulo de o jogador simplesmente se chocar contra obstáculos invisíveis ou muito mais perto do que aparentam, caindo pra morte dolorosa e certa.

A trilha sonora é um ponto destoante e extremamente positivo para este jogo. Gravada pela Royal Philharmonic Orchestra, conta com um acervo excelente de músicas sombrias e coerentes com tudo o que já foi feito para o morcego. Os efeitos sonoros e vozes, por sua vez, também são bastante interessantes, e contribuem para que o jogo não seja uma enorme derrota.

Jogo graficamente feio. Péssimo design de cenário com fases feias ou pouco atrativas e extremamente repetitivas. O visual é medonho, com feições dos personagens extremamente irrealistas e simplórias: o rosto do Batman, aliás parece uma escultura Moai da Ilha da Páscoa.

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Sério mesmo, QUE BRUCE WAYNE DE MERDA É ESSE???!!!
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E QUE BATMAN É ESSE???!! Parece o Kiko fantasiado de Batman!

Não sei o que vários críticos viram de belo nos gráficos desse jogo, pois detectei severos erros de renderização e cores. A tentativa de se transportar o Batman soturno dos quadrinhos para os videogames se traduziu em cenários desnecessariamente escuros demais. Muitos lugares são excessivamente cheios de fumaças e névoas.

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Sim, essa fumaça escrota veio de uma bomba de fumaça escrota.

Os únicos pontos altos são o próprio Batman, que, tirando a modelagem do rosto, tem excelentes animações e design, com movimentação fluida e uma capa fantasticamente animada (a qualidade da animação da capa neste jogo, aliás, só viria a ser superada na série Arkham).

Péssima história, com os arqui-inimigos do Batman sendo todos jogados uns contra os outros e todos contra o Batman, numa história confusa sobre guerra entre gangues e aquecimento global, como parte do plano do Ra’s Al Ghul de destruir o mundo. Não tem como ser mais patético e vergonha alheia. Pra piorar, a jogabilidade é péssima e os gráficos são uma bosta injustificável. Jogo que merece o total esquecimento e uma vida eterna de sofrimento e lamentação para seus criadores.

É isso aí, meu povo! Obrigado pela paciência e por terem acompanhado essa trabalhosa e longa série. Grande abraço!

 

Colossus de Cyttorak

Detentor dos segredos da Mãe-Rússia, fã incondicional de jogos da antiga SNK (antes de virar esse arremedo, chamado SNK Playmore), e da Konami, Piotr Nikolaievitch Rasputin Campello parte em busca daquilo que nenhum membro da antiga URSS poderia ter - conhecimento do mundo ocidental. Nessa nova vida, que já conta com três décadas de aventuras, Colossus de Cyttorak já aprendeu uma coisa - não se deve misturar Sucrilhos com vodka, nunca!!!!

Este post tem 4 comentários

  1. Anubis_Necromancer

    Nem eu faria algo tão ruim, e olha que eu sou uma merda…

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