Retrospectiva Batman nos Games – O Morcego Eletrônico (Parte 3 de 4)

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Continuando a Semana Batman no Iluminerds, e a série que faz uma retrospectiva crítica de games do Morcego que foram lançados para todos os consoles, da 2ª à 5ª geração (você pode acompanhar a primeira parte aqui e a segunda parte aqui), vamos agora à 3ª parte, que cobrirá games do Batman lançados para a 4ª geração de consoles. Vamos lá.

 SEGA SATURN

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Batman Forever: The Arcade Game

Desenvolvido em 1996 pela falecida Iguana Entertainment (desenvolvedora que posteriormente seria comprada pela igualmente defunta Acclaim Entertainment). A Iguana Entertainment foi comprada pela Acclaim por bons motivos. A companhia tinha um excelente portfólio de títulos próprios que incluía: as aclamadas franquias NBA Jam; NFL Quarterback Club; e ainda desenvolveu uma das mais bem sucedidas franquias de games em 1ª Pessoa do Nintendo 64, a série Turok. Com esse currículo, poderíamos esperar uma excelente adaptação do filme para os videogames, né? Só que não. O jogo peca em inúmeras frentes…

O game segue o estilo beat-em-up. Pode-se escolher jogar com o Batman, com o Robin, ou com os dois juntos, em cooperação. Uma coisa que me incomodou, logo de cara: os longos tempos de carregamento. Além disso, a sensação ao se controlar os heróis é péssima. Não há precisão e o tempo de animação dos golpes não corresponde exatamente ao tempo que o golpe efetuará o dano no inimigo. Como os personagens parecem estar sobrepostos ao cenário, sem nenhuma integração (a definição e as cores dos personagens são diferentes das dos cenários), não há senso de profundidade e os golpes parecem não atingir os inimigos direito, soando um tanto quanto falsos.

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Robin (aquele viadinho) fazendo seu super golpe especial desmunhecador, com direito a segurada de capa transex e tudo mais.

As fases são longas demais, com muitos inimigos que podem ser derrotados basicamente das mesmas maneiras. Pra piorar, o jogo tem uns power-ups e danos completamente irreais. Um deles é um tipo de encolhimento, que, se for atirado em você, faz com que seu personagem encolha, junto com sua força. É muito escroto, pra dizer a verdade. O troço era tão chato, que no final da primeira fase eu já tinha vontade de desligar o jogo.

A trilha sonora, apesar de ter boas composições, é porcamente executada, em arranjos e instrumentos digitais, que não transmitem nenhum tipo de emoção. Os efeitos sonoros são péssimos e não contribuem para diminuir a sensação de sobreposição dos elementos do jogo.

Apesar de ser um integrante da nova geração 32 bits, a apresentação do jogo – e mesmo as vinhetas das companhias produtoras – parecem ter sido feitas apressadamente, com imagens pré-renderizadas. Mesmo assim, os menus de opções, apesar da aparência apressada, não fazem feio. A seleção do personagem a ser jogado é feita através de um menu que apresenta os personagens de maneira bonita e limpa.

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Pra alegria geral da nação, não há mamilos.

É, realmente, a primeira impressão que se tem do jogo, e é uma impressão e tanto. Infelizmente, essa boa impressão acaba assim que o jogo começa. A animação dos personagens é PÉSSIMA. Batman e Robin, quando andam, parecem deslizar sobre o gelo. O ritmo de caminhada dos personagens destoa MUITO da velocidade com que percorrem os cenários: enquanto os personagens mexem as pernas mais lentamente, a velocidade com que andam pelo cenário é muito maior… Os golpes dos dois lutadores sofrem com a falta de frames e parecem desengonçados. Os cenários são nítidos e interessantes, mas apesar disso, sofrem com o acúmulo de informação e o excesso. Este excesso não é acompanhado por uma quantidade satisfatória de cores e gradações, o que torna tudo artificial e barato. Parece que a ambição foi maior que a capacidade técnica do console pôde suportar.

No geral, jogo fraco e esquecível.

PLAYSTATION

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Batman Forever: The Arcade Game

Quanto à versão do mesmo jogo pro console Playstation, ficam valendo as mesmas críticas feitas à versão do Saturn. A versão do game pra um sistema mais potente é sem vergonha e preguiçosa: o jogo é rigorosamente o mesmo, com ligeiras melhorias na definição e nitidez dos gráficos e imagens. Confiram por si mesmos.

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Batman And Robin

Desenvolvido em 1998 por outra grande empresa defunta, a Probe Entertainment, que sofreu da mesma maldição da Iguana: foi comprada pela Acclaim e acabou sendo afundada, junto com os destroços de falência da matriz. Assim como a Iguana, a Probe tinha um portfólio com inúmeras franquias bem sucedidas, como: Mortal Kombat; Extreme G (um excelente jogo de corrida de motos futurista); Die Hard Trilogy (ótima franquia baseada nos filmes de Bruce Willis); Alien Trilogy (excelentes adaptações dos filmes para o mundo dos games) e alguns títulos da série FIFA.

Esse jogo, por sua vez, já nos entrega uma ótima apresentação inicial. De fato, de todos os jogos produzidos pela Acclaim e suas subsidiárias, esse me pareceu ser o mais bem cuidado e finalizado título. Os menus são dinâmicos e bonitos, com letras e itens bem selecionados e acabados

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Esta tela é precedida por uma bela animação

Seguindo as novas tendências, agora você controla o Batman em um jogo de plataforma tridimensional, podendo movimentar-se livremente por um cenário em aberto. No jogo, você é instigado a usar os dotes investigativos do Morcego, e deve descobrir pistas nos documentos que lhe são entregues, pra poder finalmente conseguir chegar às fases e efetuar as missões. Ao descobrir as pistas, você consegue obter marcadores no mapa, devendo se dirigir a eles com seu Batmóvel. Dirigir o Batmóvel, por sua vez, não é mole. O carro é duro e não facilita. A jogabilidade é um pouco truncada, e, por mais que se tenha boa vontade, em determinado momento fica muito difícil combater os veículos inimigos que por ventura apareçam pelo caminho. No final das contas, eu simplesmente deixava os inimigos pra lá e me dirigia ao objetivo.

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O primeiro objetivo do jogo é o Museu de Gotham. É lá que começaremos a jogar efetivamente com o Cavaleiro das Trevas e teremos chances de explorar o cenário. A jogabilidade não é das melhores. Apesar de estar graficamente bem realizado, Batman se movimenta de maneira estranha, e desfere golpes mais estranhamente ainda. O pulo dele é simplesmente BISONHO: o morcego pula mais duro que uma vara, suas pernas sequer se mexem… Como agora a direção é livre (e não mais em plataforma), parece que não só nós jogadores, como os próprios programadores tiveram dificuldades, pois perde-se tempo vital tentando se alinhar o seu personagem ao inimigo, até que seja possível dar umas porradas de jeito nele. Esse, aliás, vai ser o problema crônico na jogabilidade do personagem, porque seus adversários são rápidos e conseguem acertar os golpes em você com muita eficiência. Pra piorar, quando se pega a prática em alinhar o Batman ao inimigo, geralmente ele é mais rápido e consegue bater primeiro. Batman demora horrores até armar e soltar o primeiro golpe do combo, o que resulta em perda de life constante a cada confronto (e são muuuuitos…). Em compensação, a inteligência artificial dos adversários inexiste. Os inimigos são tão burros, mas tão burros, que se você correr deles, eles não te perseguirão. Além disso, você pode vir a encontra-los andando sem direção ou dessa forma: correndo desesperadamente um contra o outro, sem se darem conta de que você está do lado deles.

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Felizmente, o jogo não é só feito de porrada, e você deve vencer alguns labirintos intrincados, dentro do museu, para conseguir chegar à solução e recuperar a peça que se encontra ali guardada sob forte segurança. O esquema é mais ou menos o seguinte: uma vez terminada a fase e descoberto o objetivo, você enfrenta o chefão e deve voltar à Batcaverna, procurar novas pistas e solucionar enigmas para descobrir o próximo objetivo e rumar para ele. Assim como veremos muitos anos depois em jogos como a série Arkham, você é obrigado a explorar o museu e outros cenários dentro de Gotham City, descobrindo câmaras secretas e itens escondidos.

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A trilha sonora é ótima, bons arranjos que respeitam e remetem ao que foi feito no filme. Os efeitos sonoros são eloquentes e grandiosos. O único ponto negativo é relativo aos efeitos sonoros dos pés. Batman pisando no chão faz um barulho monótono e repetitivo, e é basicamente o mesmo barulho em vários tipos de solo diferentes…

A sequência introdutória, feita em CG, é interessante e foi produzida com bastante cuidado. O jogo foi ricamente acabado e isso tem o seu preço: constantes (e em muitos casos, chatas) telas de carregamento que acabam prejudicando e muito o ritmo do game. A Probe tentou fazer um game no estilo Sandbox, criando uma Gotham tridimensional e interessante e conseguiu. A Gotham deste jogo realmente é um lugar legal pra se andar. Apesar das limitações do console, houve um capricho na criação de inúmeros lugares diferenciados, com o objetivo de dar uma organicidade à Gotham City. No geral, o jogo é bacana e não faz feio.

Jogo razoável, que vale a pena dar uma olhada.

Batman Beyond: Return Of The Joker

Agora a bola da vez é o Batman do Futuro. Ubisoft, hoje uma das grandes poderosas do mundo dos games, faz sua estreia na história do Cruzado Encapuçado publicando, em 2000, o jogo produzido pela Kemko. Pra quem não conhece, a Kemco foi uma das primeiras e mais longevas parcerias da Nintendo, produzindo jogos pra gigante já no distante ano de 1985. Seu sucesso mais duradouro tem sido a franquia de corrida Top Gear. Ubisoft, por sua vez, dispensa apresentações: detentora de inúmeras franquias milionárias como Assassin’s Creed; Armored Core; Battle of Giants (que fez relativo sucesso no DS); Call of Juarez; Prince of Persia; Far Cry; Just Dance; Rayman (seu primeiro grande sucesso); e toda a linha militar do escritor Tom Clancy (Rainbow Six; Ghost Recon e Splinter Cell).

O jogo é um beat-em-up em perspectiva livre. Há a tentativa de seguir, na feitura do game, os traços do desenho animado original. Infelizmente, a tentativa não é bem sucedida. Apesar do estilo do desenho de Bruce Timm favorecer a aplicação dos polígonos, o Batman nos é apresentado sendo um tanto quanto instável. Suas pernas movem-se sozinhas, discreta e inexplicavelmente. Ele dispõe de socos e chutes, mas os golpes são inseguros e o boneco move-se estranhamente de lugar enquanto executa os movimentos. Aliás, os personagens são construídos em polígonos simples e instáveis. Ao atingir os adversários, não há demonstração outra de impacto que não algumas faíscas e efeitos sonoros. Não há simulação de peso ou força. Além disso, os adversários permanecem impassíveis, na mesma posição, sem cederem, se curvarem, ou demonstrarem se estão sendo ou não atingidos. Parece que você está batendo em uma pedra ou algo inanimado. Muito feio. Alguns inimigos movem sua cabeça de um lado pro outro, sem nenhuma razão aparente. Me pareceu que houve uma medonha falta de acabamento nisso… Aliás, o jogo é um péssimo beat-em-up. Lento e sem ritmo algum. Certos inimigos chegam vagarosamente e ficam parados, ou vagando pelo cenário, sem objetivo concreto de acabar com a sua raça. As frequentes telas de carregamento entre fases deixam o jogo ainda mais sonífero.

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A trilha sonora, apesar de manter o característico tom agressivo do tema do desenho animado, é repetitiva e monótona. Os efeitos sonoros são planos, simples e desanimadores. Não dá nem graça de bater em alguém e ouvir um som oco de batida em madeira (ou coisa parecida).

A apresentação do jogo é relativamente simples: o menu de abertura nos é apresentado subitamente, sem animações ou nada, e a história nos é introduzida através de simples painéis (sugerindo painéis de quadrinhos), que vão nos contando e inteirando da história na qual entraremos. A simplicidade quase espartana da abertura e introdução do jogo me foi muito negativa, dando a impressão de algo feito às pressas, sem o cuidado que a marca merece.

Os cenários não conseguem fugir da mesmice: as mesmas paredes e padrões de cores são repetidas à exaustão, acabando com qualquer perspectiva de se ver variedade nas mudanças de subfases; consequentemente, dissipando completamente o interesse de continuar a seguir à frente no jogo.

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Notem como o padrão de portas e paredes se repete…
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… E aqui, temos uma outra seção da fase, bem mais à frente, com as mesmas paredes de placas, só mudando a cor. Isso era completamente compreensível e desculpável em games de 8 e 16 bits. Não na geração atual.

Jogo monótono e esquecível. Não perca tempo com ele.

Batman: Gotham City Racer

Outro jogo do Batman, desta vez produzido e publicado pela Ubisoft em 2001, que agora tenta focar nos veículos fantásticos dos super-heróis que povoam Gotham City. Não é uma mudança de abordagem nos jogos do Batman particularmente inovadora: como vimos anteriormente, a Sega fez isso muito bem em seu Batman Returns, para SegaCD (veja aqui). Mas é uma mudança de abordagem que praticamente afunda o jogo como um todo. Sem sombra de dúvidas, o pior de todos os jogos do Batman dessa geração. Nem daria pra imaginar que a Ubisoft conseguiria, anos depois, ser uma das gigantes do mundo dos videogames.

A jogabilidade é PÉSSIMA. Seja com o Batmóvel, com as motos do Robin ou da Batgirl, ou com qualquer outro veículo, não há diferença no desempenho. Todos são igualmente difíceis de se manusear, e você simplesmente não vai conseguir mantê-los em linha reta. A dificuldade na estabilização do veículo é extrema, e você vai ter mais trabalho de manter seu veículo na pista do que com as pistas em si. As pistas, aliás, são extremamente planas, mal projetadas e executadas. É uma vergonha completa. As pistas simplesmente não têm curvas, somente esquinas; isso mesmo: esquinas em quinas pontiagudas e dificílimas de manobrar.

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As curvas nesse jogo são todas assim: esquinas…

Os veículos deslizam como se estivessem sobre sabonete, e chegar em algum lugar, qualquer lugar, só é possível com apelo ao Divino Espírito Santo. Não há simulação de choque ou colisão; o carro bate e volta na pista como um pedaço de plástico oco; não há derrapagem ou qualquer forma de simulação de aspectos físicos da pista, só sabonete por toda a parte. Aliás, o Batmóvel parece uma caixa de cartolina.

Teoricamente, seu objetivo na primeira fase é perseguir o carro do Duas-Caras. O jogo dificulta tanto a sua vida, em tantos defeitos e por tantas maneiras possíveis, que a última coisa que você verá, antes de jogar o CD desta merda na latrina, será o carro do Duas-Caras. No fim das contas, a única coisa que salva no jogo são as cutscenes: trechos do desenho do Bruce Timm que servem para ligar a história do jogo, tão preguiçosa que também foi chupinhada do desenho.

A trilha sonora é praticamente inexistente. O barulho do motor é uma qualquer coisa genérica, que em nada lembra um carro potente como seria o Batmóvel, enquanto as músicas, nas raríssimas vezes em que aparecem, são sofríveis.

Os gráficos são os mais lixões já vistos, são piores até que dos mais lastimáveis games do Sega Saturn. O jogo parece simplesmente inacabado, como uma versão beta divulgada precocemente para a imprensa. Não tem texturização alguma dos polígonos de nenhum dos elementos; tudo é cru e horroroso. O troço é tão inacabado que quando o Batmóvel capota é possível ver os eixos dos polígonos por através de uma carroceria semi-transparente. Aliás, a parte inferior do capô do Batmóvel, durante a capotagem, fica transparente e é possível ver o cenário ao fundo, através dele….

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Dá pra ver a estrada abaixo do carro, através do capô… Putz.

Um dos piores jogos que já joguei em toda a minha vida. Quase me causou uma concussão. Tive que me livrar dele pra continuar vivo.

NINTENDO 64

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Batman Beyond: Return Of The Joker

Lançado também para Nintendo 64, o game é superior à sua versão Playstation. Devido à maior capacidade e poder de fogo do Nintendo 64, que podia processar os mesmos polígonos de maneira muito mais estável, o jogo tem os gráficos firmes e mais nítidos, com cenários mais trabalhados e definidos. Tirando isso, o jogo tem os mesmos problemas de jogabilidade e falta de criatividade.

Até a próxima com os jogos do Batman lançados para a 5ª Geração!


Colossus de Cyttorak

Detentor dos segredos da Mãe-Rússia, fã incondicional de jogos da antiga SNK (antes de virar esse arremedo, chamado SNK Playmore), e da Konami, Piotr Nikolaievitch Rasputin Campello parte em busca daquilo que nenhum membro da antiga URSS poderia ter - conhecimento do mundo ocidental. Nessa nova vida, que já conta com três décadas de aventuras, Colossus de Cyttorak já aprendeu uma coisa - não se deve misturar Sucrilhos com vodka, nunca!!!!

Este post tem 3 comentários

  1. JJota

    Putz, Batman & Robin, o filme que me fez chorar… de vergonha.

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