Retrospectiva Batman nos Games – O Morcego Eletrônico (Parte 1 de 4)

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Continuamos a Semana Batman no Iluminerds, e, como sabemos que Cavaleiro das Trevas tem sido, de fato, um dos super-heróis mais populares de todos os tempos, lançamentos de jogos baseados em seus filmes ou mesmo em sua mitologia acabam sendo inevitáveis e constantes. Aliás, Batman tem sido o único super-herói (se não me engano) com títulos lançados pra quase todas as gerações de videogames (à exceção da geração Atari – a 1ª). Com tanto material, fica fácil fazer uma pequena retrospectiva crítica dos jogos do Batman já lançados pra todos os sistemas, até a 5ª geração (Playstation 2, Xbox e Gamecube). Vamos lá.

NINTENDO ENTERTAINMENT SISTEM (NES)

BG-NES

Batman

Jogo produzido pela finada Sunsoft para o Nintendinho. Como era muito comum na época, o game contava com uma imagem de abertura extremamente bem elaborada (que provavelmente consumia 50% da memória do jogo). A deste jogo, claro, era uma foto frontal do Batman do Michael Keaton, no filme do Tim Burton. A “abertura” dá pequenos resumos de cada personagem existente na “trama”, tentando encaixar o jogador num contexto em que o jogo aconteceria. Mas a semelhança com o filme acaba aí. O jogo em muito se desvia da história  já no chefão da primeira fase: o Vagalume, que nunca sequer apareceu em qualquer dos filmes do Batman.

BG-BatmanSunsoft
Esse jogo era um dos meus sonhos de criança: eu vi o filme do Tim Burton umas 30 vezes, e queria me sentir no papel do personagem. Tinha conseguido, numa loja clandestina, no Centro do Rio de Janeiro, uma versão desse game pra MSX…
BG - Disquetão
Naquela época, você levava um disquete de 5 1/4 pra loja – que ficava num escritório de “serviços de informática” – e PAGAVA pro cara fazer uma cópia do jogo dele pro seu disquete, pra poder jogar em casa…

Mas o sonho mesmo era a versão do Nintendinho, já que era “ricamente” colorida, com uma definição gráfica ligeiramente superior e trilha sonora – a versão do MSX era em preto e branco, com pixels bem maiores e muda. Na prática, é um jogo tradicional de plataforma, em nada diferente de todos os outros, e claramente inspirado na receita criada pela franquia Megaman. Aproveita o licenciamento da Warner/DC para capitalizar tubos de bufunfa em cima do sucesso dos cinemas. O Batman deste jogo até que possui um “grande” repertório de movimentos, pros games da época. Ele pode pular, escalar paredes, se agachar, pode dar soco em pé e agachado, e ainda atirar armas (que podem ser shurikens, batrangues, etc. e são finitos)

BG-NES-Gameplay

A dificuldade do game é de moderada a difícil (para os padrões da época). Você chegava a tomar algumas porradinhas até aprender o timing e a distância certa dos socos e batrangues, e os inimigos apresentavam uma variedade de ameaças razoável. Contando com uma curva de aprendizado decente, tinha primeiras fases mais fáceis, que iam se tornando difíceis de maneira homogênea e respeitosa ao jogador.

Apesar da clara referência temática do jogo, em geral, ao filme, a trilha sonora não tinha ABSOLUTAMENTE NADA A VER COM NADA. Nem no tema principal, nem nos esboços de arranjo que ocasionalmente apareciam. A música é monótona, irritante e não contribui em nada para o clima.

A qualidade das animações era regular. Enquanto os inimigos do Batman apareciam em variações de cores monótonas, o Batman em si andava de maneira decente, com uma qualidade razoável na animação. Seu pulo era tosco, duro e sem nenhuma graça, contando com, basicamente, dois frames de animação (em um frame ele recolhia as pernas, no outro, mexia um braço, como se estivesse pulando). A morte do Batman, por sinal, é bem criativa: ao perder o último quadrinho de energia, seu personagem se transforma em um morcego em chamas, que se apaga rapidamente.

Batman: Return of the Joker

A finada Sunsoft continua detentora do licenciamento da marca ‘Batman’, e lança um segundo game para o NES: Batman: Return of the Joker. Ao contrário do anterior, esse não se baseia mais no filme, mas parece estar influenciado pela Graphic Novel A Piada Mortal, já que muitos dos layouts da aparição do Coringa e do próprio Morcego remetem bastante ao estilo de desenho de Brian Bolland.

return-of-the-joker1

Ainda um jogo de plataforma, deixou de ser um simples side-scroller, com inspiração em Megaman – Como o jogo anterior – e agora adquire toques de shooter, no melhor estilo Contra (Konami). Aliás, só pra Sunsoft deixar bem claro que chupa os ovos da Konami, em busca de inspiração, sua fase 2-2 nada mais é do que um Gradius, com um Batman “voador” (o morcego carrega nas costas um jetpack escroto) dando tiros em inimigos indefinidos e genéricos, como navezinhas, sondas e drones (com direito a power-ups de tiros e tudo mais. É obsceno, o negócio)…

BG-ROTJ-2-2
É Gradius demais, até pra mim…

Jogo mais difícil que seu antecessor, este Batman torna a experiência de jogá-lo quase insuportável: os pulos não são precisos e isso, em várias fases que precisam ser passadas através de pulos por plataformas soltas, acaba se tornando em dificuldade mortal e extremamente frustrante. As fases em Side-scrolling contínuo (que vão passando pela tela, da direita para a esquerda, e te obrigam a correr com elas, ou morrer tentando) são enjoadíssimas e muito difíceis de superar. Primeiro porque o controle nunca obedece satisfatoriamente, segundo porque o pulo do morcego continua sendo uma merda pequena e mal animada. Não há nada mais frustrante do que enfrentar o 1º chefe, na fase 1-3: além do inimigo em si ser difícil, todas as deficiências do game ditas acima são jogadas na sua cara, já que tudo que se exige do personagem para que ele supere esse boss (obediência satisfatória dos controles, pulo decente e timing amigável) não nos é oferecido pelo próprio jogo. Ou seja: muita frustração e vontade de jogar o videogame pela janela.

Novamente, a trilha sonora é uma MERDA COMPLETA. Músicas irritantes e completamente deslocadas de sentido que não servem em nada para ajudar a ditar o ritmo narrativo do game.

Os personagens ganharam em tamanho, cores e definição. A paleta de cores dos cenários foi ampliada: estes deixaram de ser bicromáticos, e agora têm partes com verdadeiras gradações de cores, o que torna os cenários visivelmente mais bonitos e interessantes de se ver. Ao completar cada fase, o jogo nos mostra um grande desenho do Batman ou de seus apetrechos, em posição Motherfucker, que deveria ser uma recompensa pela sua vitória, mas realmente não acrescenta nenhuma satisfação extra à jogabilidade. Tanto os inimigos de fase quanto os chefes são pouco inspirados e não trazem real vontade de eliminá-los do planeta.

MASTER SYSTEM

BG-Master System

Batman Returns

Produzido pela própria Sega, e tendo como guia o segundo filme do herói feito por Tim Burton, este jogo vai por uma via diferente do que foi lançado até então. Aproveitando-se até de seu histórico como bem sucedida produtora de games para arcades, a empresa já começa oferecendo ao jogador um jogo de plataforma com a escolha da rota a se seguir. Deste modo, o jogador tem duas fases iniciais à disposição, devendo escolher uma delas para começar o jogo. Essa abordagem já dá um tom diferenciado ao jogo, de maneira geral, e aponta para a tentativa de uma maior interatividade.

BG-BatmanreturnsMS

Aliás, a Sega consegue fazer um belo trabalho de fuga do que foi feito, até então, pela despersonalizada Sunsoft. Seu Batman, apesar de contar também com um grande repertório de movimentos (para os jogos da época), possui movimentos completamente diferentes: pode lançar a bat-corda, o que permite que ele explore plataformas superiores sem precisar apelar para artifícios (avançar na fase para retornar posteriormente), alcançando grandes alturas. O Batman da Sega também pode usar a capa para planar, permitindo que ele caia e manobre seu pulo de maneira decente e bastante interessante. Além disso, o herói pode lançar bumerangues infinitos, mas, infelizmente, não consegue se agachar.

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Batman usando a capa para planar: uma boa sacada do jogo.

O tempo de resposta do Batman aos comandos do controle é muito bom. O fato de o personagem não se agachar (como o Megaman) acaba se tornando um acréscimo de desafio à jogabilidade, pois você precisa usar táticas para, por exemplo, eliminar inimigos que atacam no nível do solo. Apesar de parecer difícil, acaba sendo desafiador e interessante. Os chefes de fase são bacaninhas e com dificuldade progressiva, porém, a baixa qualidade gráfica geral cria um certo clima de decepção.

Apesar de o aparelho contar com menos canais de áudio e recursos sonoros que o NES, sua trilha sonora, neste game em específico, é ótima. A tela de abertura nos apresenta um tema vago e misterioso, que contribui para criar uma sensação de expectativa para iniciar o jogo: praticamente convida o jogador a pressionar o botão start. A música das fases, apesar de não seguir a toada da tela de início, e ser agitada demais para um personagem como o Batman (mais parece música de jogos de aventura leves como E-Swat), tem temas centrais muitíssimo interessantes.

Graficamente, o jogo é muito inferior à versão do NES. O baixo processamento gráfico do aparelho transparece nos pixels, afastados e monocromáticos. Backgrounds pobres e de, no máximo, cinco cores, apresentam pouca variedade e nenhum tipo de gradação (que simularia tridimensionalidade/profundidade). O ápice das dificuldades técnicas do aparelho é demonstrado nas lutas contra os chefes de fim de fase. A luta contra o boss é sobre um fundo negro, sem ABSOLUTAMENTE NENHUM CENÁRIO. Não há sequer uma justificativa (tipo, a luz apagou, etc.). É decepcionante e de uma indigência que acaba, de certa forma, matando todo o bom e difícil trabalho feito neste game, pra um sistema com tantas limitações.

Até a próxima com os jogos do Batman lançados para a 3ª Geração!

Colossus de Cyttorak

Detentor dos segredos da Mãe-Rússia, fã incondicional de jogos da antiga SNK (antes de virar esse arremedo, chamado SNK Playmore), e da Konami, Piotr Nikolaievitch Rasputin Campello parte em busca daquilo que nenhum membro da antiga URSS poderia ter - conhecimento do mundo ocidental. Nessa nova vida, que já conta com três décadas de aventuras, Colossus de Cyttorak já aprendeu uma coisa - não se deve misturar Sucrilhos com vodka, nunca!!!!

Este post tem 13 comentários

  1. Anubis_Necromancer

    Joguei muito o de NES^^
    Bons tempos que o pessoal espremia a capacidade do console para nos proporcionar games de qualidade^^

    1. Pô, cara… O primeiro Batman do NES foi o melhor de todos. Depois a Sunsoft veio só na decadência, como você verá nos próximos posts….

  2. JJota

    Acho que o Inacreditável Neo jogou essas coisas aí.

    Era no tempo em que ele tinha dois trabalhos, assim como o pai do Chris.

    1. HAHAHAHA!

      Cara, eu joguei quase todos no original, quando saíram. Desses, só joguei recentemente, por emulador, pra fazer o post, o primeiro do NES (na época, como disse no post, só consegui a versão do MSX) e o do Master System, que não conhecia ainda e tive uma grata surpresa: foi menos pior do que eu imaginava.

        1. Anubis_Necromancer

          Idem, não achei pra jogar no Master na locadora perto de casa, e nem nem vi no emulador aqui também…

          Podiam fazer uma serie sobre as diferenças entre os jogos “iguais” do Master pro NES.
          Já que há muitos, alguns pirateados, e outras feitos pela próprias empresas, como Double Dragon.

          1. Colossus de Cyttorak

            Cara, nessa série do Batman eu comparei as versões dos mesmos jogos, lançados pra plataformas diferentes. Você me deu uma boa ideia de fazer isso com outros títulos, acho que vou anotar sua ideia. Tem sugestão de outros títulos, além de Double Dragon?

          2. Anubis_Necromancer

            Tem Shinobi, Altered Beast, California Games (Jogos de Verão), Ninja Gaiden, Ghouls ‘n Ghost entre outros que não lembro agora…

  3. Slag, o desnecessauron

    Legal era jogar os jogos do MSX em… fitas cassete.

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