Analisando agora as beldades dos filmes com o pior Bond de todos!
007 Contra GoldenEye (Goldeneye, 1995)
Em 1989, a MGM e a United Artists foram negociadas com o grupo Qintex, que visava uma fusão destas com a Pathé, o que levou a Danjaq LCC – empresa ligada a EON Productions – a entrar com uma ação visando impedir, entre outras coisas, a exibição televisiva dos filmes de 007 sem sua anuência. Por conta disso, um novo filme, que deveria entrar em pré-produção em maio de 1990, foi adiado. As coisas só voltariam a andar em janeiro de 1994, quando Michael France entregou um roteiro (que seria completamente reescrito por Jeffrey Caine) para a próxima produção. Chateado com a demora, pressionado pela crítica e pelos fãs mais exaltados e ciente de que os produtores estavam desejando dar uma cara totalmente nova à franquia, começando pelo elenco, Timothy Dalton, que tinha contrato para mais um filme, anunciou, em maio daquele mesmo ano, que não voltaria ao papel.
Sem querer dar espaço para novas especulações negativas, a produção resolveu o problema rapidamente, anunciando, em junho, Pierce Brosnan – cotado para o papel desde a saída de Roger Moore – como o novo 007. A grande surpresa mesmo ficou por conta de escalação de Judi Dench como a nova M, sendo a primeira atriz no papel – uma escolha provavelmente inspirada em Stella Rimington, primeira mulher a comandar o MI5, entre 1992 e 1996.
Na direção, foi cogitado o nome de John Woo, mas este recusou a empreitada. Martin Campbell foi então escolhido para conduzir a estréia de James Bond nos anos 1990.
Foi o primeiro filme a não ser inspirado em um livro de Ian Fleming, criador do personagem. O título, no entanto, faz referência à casa na Jamaica onde o autor escreveu todos as suas obras com o personagem. O nome do imóvel recebeu diversas justificativas do proprietário ao longo dos anos.
A música tema do filme – GoldenEye – foi composta pela dupla principal do grupo irlandês U2, o vocalista Bono Vox e o guitarrista The Edge, e interpretada por Tina Turner. Diversas cenas mais visualmente violentas foram colocadas de lado para que o filme pudesse ganhar uma indicação PG-13.
Na trama, Bond é enviado para investigar um roubo ocorrido na Rússia, onde foram perdidos os controles do satélite GoldenEye, capaz de emitir pulsos eletromagnéticos sobre alvo determinados.
Indo ao que interessa, é simplesmente impossível esquecer a belíssima Famke Janssen como a assassina Xenia Onatopp.
Como Natalya Simonova, aliada de 007, temos Izabella Scorupco.
Como Irina, cantora e amante de um informante russo, Minnie Driver.
Já a nova Miss Moneypenny é Samantha – ora, ora… – Bond.
Ainda temos Serena Gordon, como Caroline, uma psicóloga do Serviço Secreto britânico enviada para avaliar James Bond.
007 – O Amanhã Nunca Morre (Tomorrow Never Dies, 1997)
O sucesso de GoldenEye fez com que a pressão dos fãs por um novo filme aumentasse em vez de diminuir. Além disso, a MGM foi vendida para o bilionário norte-americano Kirk Kerkorian, que passou a exigir o rápido lançamento de um novo exemplar da franquia para coincidir com o das ações do Estúdio para venda ao público. Martin Campbell se recusou a “dirigir dois filmes de 007 seguidos” e foi substituído pelo canadense Roger Spottiswoode, que dirigiu um roteiro creditado a Bruce Feirstein (mas que passou por diversas mãos até ficar pronto, às vésperas do início das filmagens), que, mais uma vez, não é baseado em nenhum livro de Ian Fleming. Campbell voltaria à franquia em 2006, ao dirigir Cassino Royale.
O título é o primeiro a não ter nenhuma alusão, ainda que indireta, ao criador de 007. Feirstein, inspirado na música dos Beatles Tomorrow Never Comes, deu ao seu roteiro o título Tomorrow Never Lies (o amanhã nunca mente), que seria o slogan do jornal Tomorrow, de propriedade de Elliot Carver (Jonathan Pryce), principal vilão do filme. No entanto, um fax passado à direção da MGM erroneamente grafou Tomorrou Never Dies, título que agradou aos executivos (embora não faça sentido como o anterior), que decidiram o manter.
Embora o roteirista tenha declarado diversas vezes que baseou Carver em Robert Maxwell, membro do Parlamento Inglês e grande empresário do ramo de telecomunicações, a crítica encontrou mais pontos em comum entre o personagem e o australiano Rupert Murdoch, principal acionista da News Corporation e um dos maiores empresários do ramo de mídia no mundo. O papel foi oferecido a Anthony Hopkins, que declinou, abrindo caminho para Jonathan Pryce.
Por curiosidade, em uma ponta aparece Gerard Butler, que ficaria mundialmente famoso ao interpretar Leônidas em 300 (idem, 2007), filme de Zack Snyder baseado na mini-série em quadrinhos de Frank Miller.
Na trama, um estranho incidente envolvendo um navio inglês em águas chinesas leva os dois países a ficarem a um passo de um conflito que ameaça arrastar o planeta para uma nova guerra mundial. James Bond é enviado para, em 48 horas, tentar desvendar quem está por trás do acontecimento, e descobre que tudo é um plano do barão da mídia Elliot Carver, que usa um satélite para provocar acontecimentos que geram notícias exclusivas para os veículos de comunicação sob seu poder.
Ufa! Agora vamos ao que importa. Como Bondgirl em destaque temos Michelle Yeoh.
Outra presença de destaque é Teri Hatcher.
Em participações mais que especiais, temos Daphne Deckers…
… e Cecilie Thomsen como a Professora Inga Bergstrom.
007 – O Mundo Não é o Bastante (The World Is Not Enough, 1999)
Barbara Broccoli cogitou seriamente entregar a direção do filme a Joe Dante ou Peter Jackson. Se, pelo que parece, o diretor de Gremlins (idem, 1984) não pareceu tentado, por outro lado Jackson era um fã ardoroso dos filmes de James Bond. Mas se o trabalho dele em Almas Gêmeas (Heavenly Creatures, 1994) animou a produtora, o mesmo não se pode dizer do que executou em em Os Espíritos (The Frighteners, 1996), tanto que ela terminou aquiescendo com a escolha de Michael Apted. Jackson ainda manteve esperanças de comandar uma produção com 007 até o estouro da saga O Senhor dos Anéis (The Lord of the Rings, 2001-2003). Segundo a sua forma de ver as coisas, diretores muito badalados não estavam dentro do perfil dos que eram contratados para trabalhar com Bond.
Inicialmente, o filme deveria sair em 2000 e se chamar – pasmem! – Bond 2000. Depois de se cogitar outros nomes (como Fogo e Gelo e Ponto de Pressão), acabaram optando por O Mundo Não é o Bastante, que é uma tradução da expressão orbis non sufficit, uma adaptação do epitáfio de Alexandre, o Grande, que é apontada no filme 007 – À Serviço Secreto de Sua Majestade como o lema da família de James Bond. Aliás, como neste filme, O Mundo Não é o Bastante também termina com o tema musical do personagem, não com uma canção própria da produção.
Visando superar a imagem de obsoleto que o personagem gozava junto aos jovens norte-americanos, a MGM firmou uma parceria com a então relevante rede de TV MTV, que fez maciça exposição da imagem do agente em sua programação. A boa bilheteria conquistada em território estadunidense é atribuída, em boa parte, a esta ação de marketing.
A sequência inicial tem 14 minutos, sendo a mais longa de toda a série até então. E teria sido ainda maior pela vontade do diretor, mas o resultado irregular fez com que a edição deixasse de lado o que seria uma “segunda parte” da abertura, que aconteceria após os créditos iniciais.
Na trama, James Bond é destacado para fazer a segurança de uma rica herdeira, Elektra, que enfrenta dificuldades para construir um imenso oleoduto. Ela se torna alvo de um terrorista, Renard (Robert Carlyle), que aparentemente busca principalmente vingança contra M, chefe do MI6, que ordenou sua execução. Como curiosidade: em uma cena que se passa em um castelo (o mesmo utilizado em Highlander, de 1986), pode-se ver um quadro do ator Bernard Lee, primeiro intérprete de M no cinema.
Foi o primeiro filme de James Bond a trazer o logo da MGM ao invés do da United Artists.
Infelizmente, foi o último filme do ator Desmond Llewellyn, intérprete de Q, o inventor das traquitanas utilizadas por James Bond, em dezessete produções. Ele faleceu em um acidente automobilístico pouco tempo depois do lançamento desta procução.
Bom, para levantar o astral, temos no papel de Elektra King a deslumbrante Sophie Marceau.
Como Christmas Jones, uma doutora em física atômica que abusa da sensualidade (tipo todas aquelas que conhecemos na vida real, entende?), temos Denise Richards.
Como a assassina Cigar Girl, Maria Grazia Cucinotta.
Como a madura chefe do departamento médico do MI6, Dra. Molly Warmflash (mais warm que flash, eu diria), a atriz Serena Scott Thomas.
007 – Um Novo Dia para Morrer (Die Another Day, 2002).
No vigésimo filme oficial da franquia, a intenção de fazer uma “homenagem” a todos os filmes anteriores teve acertos e erros. Entre as boas sacadas, as referências a objetos e cenas exibidas anteriormente (inclusive uma segunda visão do escritório de James Bond, mostrado antes apenas em 007 À Serviço Secreto de Sua Majestade, de 1969). Entre os equívocos mais gritantes, os exageros espalhafatosos que vinham marcando a franquia, fazendo com que algumas seqüências de ação ficassem risíveis em vez de empolgantes e os vilões ridículos em vez de assustadores. Não à toa, então, que Brett Ratner – diretor de coisas como A Hora do Rush (Rush Hour, 1998) e X-Men – O Confronto Final (X-Men: The Last Stand, 2006) – foi cotado para comandar esta produção, sendo preterido pelo neozelandês Lee Tamahori.
Pierce Brosnan se despediu do papel nesta obra. A posição oficial da EON e MGM é que a intenção de resetar a franquia pedia um rosto diferente (mas não necessariamente “novo”). Boatos na época apontaram que o ator não estava mais dando conta fisicamente do papel, tendo inclusive ficado afastado por algumas semanas das filmagens por problemas em um dos seus joelhos. Particularmente, acho que apenas acordaram para o fato de que ele é, de longe, o pior intérprete do personagem em todos os tempos. O cabeçudo não convence como galã sedutor, como assassino frio ou como espião prático. A sensação que ele sempre me passou em tela é de um modelo fazendo comercial de carro, comercial de caneta, comercial de relógio…
Quem quase ficou de fora deste filme foi Judi Dench, que seria substituída pelo ator Edward Woodward, mas foi convencida por Brosnan, seu amigo particular, a renovar o contrato.
No papel de Q agora tínhamos John Cleese, substituindo o falecido Desmond Llewelyn. Ele já tinha aparecido no filme anterior, mas como R, auxiliar de Q. Em uma cena no seu laboratório, são mostrados vários apetrechos ligados aos filmes anteriores. Ele também fala que está trabalhando no vigésimo relógio para James Bond, numa clara alusão ao fato daquele ser o vigésimo filme.
Whitney Houston chegou a negociar para interpretar a canção-tema, Die Another Day, que terminou tendo a voz de Madonna e é a primeira desde O Satânico Dr. No a fazer referência direta à obra. Esta também foi a primeira intérprete da canção tema a participar de um longa da série, como Verity. Sua ponta foi gravada no último dia de filmagens e rendeu à pop star um Framboesa de Ouro de Pior Atriz Coadjuvante. Aliás, a sua interpretação da canção também recebeu uma indicação para o mesmo prêmio.
Na trama, Bond – depois de ser libertado do cativeiro na Coréia do Norte, onde foi capturado enquanto investigava o tráfico ilegal de armas entre as duas Coréias -, descobre um traidor no MI6 e sai em seu encalço, enquanto busca impedir o misterioso Gustav Graves (Toby Stephens) de desenvolver um armamento de alta tecnologia que pode levar o mundo à beira de uma nova guerra.
Na sua jornada, Bond é auxiliado pela agente da CIA Giacinta “Jinx” Johnson, que tem o corpo – que corpo! – e o rosto – que rosto! – de Halle Berry!
Como a antagonista de Jinx, temos Rosamund Pike!
Como a agente chinesa Peaceful Fountais of Desire, a atriz Rachel Grant.
Bom, com isso sepultamos a Era Brosnan. Depois, voltaremos com a ressurreição do herói, agora com o rosto – e os cabelos loiros – de Daniel Craig.
Que maneiro, que beleza! =D
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CARACOLES! Essa sim é a Mercy Graves!!!
E tá envelhecendo bem…
Excelente matéria.
O Mundo Não É O Bastante é o melhor filme da Era Brosnan, divertido demais, gibizão de fim de semana.
É o menos ruim, eu diria…