Olá, Iluminados. Não É sem uma certa dose de prazer que eu trago pra vocês a terceira parte desta mui satisfatória empreitada ao universo cinematográfico do maior espião de todos os tempos, principalmente porque posso me ater ao mais importante: as bondgirls.

Lembrando que, caso tenham perdido, vejam também a primeira e segunda partes.

007 CONTRA A CHANTAGEM ATÔMICA (THUNDERBALL) – 1965

Deveria ter sido o enredo do primeiro filme da franquia, mesmo antes de Ian Fleming ter se associado a Broccolli e Saltzman.

Explicando rapidamente, Fleming havia se associado a Xanadu Productions – com Kevin McClory, Ernest Cuneo e Ivar Bryce. Cuneo escreveu um argumento, que depois foi trabalhado por Jack Whitman sob a supervisão do criador de 007 e de Kevin McClory, que pretendia fazer o roteiro final e dirigir o filme. No entanto, por causa das dificuldades para captação de recursos – e o fato de que o agente de Fleming estava sempre aconselhando o escritor a procurar “gente mais gabaritada” para levar adiante o projeto – o acordo venceu sem que o filme fosse feito.

Safadamente, Ian aproveitou diversas idéias e lançou, em 1961, Thunderball, o livro, sem dar crédito nenhum aos envolvidos no projeto da Xanadu. Furiosos e sabendo que a história havia sido a escolhida como base para a estréia de James Bond nas telas, McClory e Whitman processaram Fleming por plágio e falsa atribuição. Um acordo fora dos tribunais em 1963 liberou Thunderball para ser filmado pela Eon e originou também o último filho bastardo da franquia, 007 Nunca Mais Outra Vez (Never Say Never Again).

Na história, a SPECTRE, por meio de um agente infiltrado, rouba duas ogivas nucleares, com o que passam a chantagear os governos da Inglaterra e dos Estados Unidos, ameaçando jogá-las sobre uma cidade de cada país. Bond (Sean Connery), seguindo uma pista, vai até as Bahamas e encontra Emilio Largo (Adolfo Celi), um dos principais líderes da organização criminosa, que vive em sua fortaleza, na ilha de Nassau. Auxiliado por Domino, amante de Largo, 007 enfrentará até batalhas submarinas contra tubarões para, mais uma vez, cumprir sua missão.

Algumas seqüências foram dubladas, possuindo versões distintas. Uma das frases suprimidas foi “As coisas que eu faço pela Inglaterra…”

A canção tema foi composta em um fim de semana, às pressas, por John Barry e Don Black, porque os produtores não aceitaram a canção Mr Kiss Kiss Bang Bang – titulo de uma matéria italiana com o personagem, só foi lançada cerca de trinta anos depois – porque queriam que ela tivesse o mesmo título do filme.  Johnny Cash fez uma canção pro filme, mas não foi aceita. Hereges…

James Bond usa um Jet Pack (mochila voadora) pra voar e um pequeno respirador pra nadar debaixo d’água. Ironicamente, o Jet Pack era real – chegou a ser usado em um desfile de Carnaval no Rio de Janeiro – mas foi o respirador, que era penas um brinquedo, que despertou a atenção dos militares. Engenheiros das Forças Armadas britânicas chegaram a entrar em contato com o supervisor de efeitos especiais Peter Lamont e perguntaram a ele quanto tempo uma pessoa aguentaria submersa usando aquele aparelho. A resposta dele foi: “Quanto tempo você aguenta segurando a respiração?”

Agora, passemos ao que o filme tem de bom.

Claudine Auger interpretou Domino, a amante de Emilio Largo e irmã do piloto da OTAN que é substituído pelo agente da SPECTRE.

No papel da vilã, Fiona Volpe, Luciana Paluzzi.

A primeira bondgirl a aparecer nua – infelizmente apenas de silhueta – foi Molly Peters, no papel da enfermeira Patricia Fearing.

No papel de Paula Caplan, assistente de 007 que termina assassinada, temos o retorno de Martine Beswick, que havia interpretado a cigana Zora  no filme Moscou Contra 007.

Já Maryse Guy Mitsouko  teve uma pequena participação como Madame La Porte.

 COM 007 SÓ SE VIVE DUAS VEZES  (YOU ONLY LIVE TWICE) – 1967

Mais uma vez On Her Majesty’s Secret Service – anunciado como próximo filme desde Goldfinger – foi adiado (agora por problemas com locações), sendo substituído por este, baseado em um livro que Ian Fleming havia escrito logo depois de um ataque cardíaco. O título acabou sendo reforçado por um incidente curioso: o diretor Lewis Gilbert (Terence Young e Guy Hamilton não estavam disponíveis), os dois produtores, o desenhista de produção e diretor de fotografia foram ao Japão em busca de locações e adiaram o retorno para assistirem um torneio de artes marciais, não pegando o voo marcado, que acabou se espatifando no Monte Fuji, sem deixar sobreviventes.

Na história, Blofeld (Donald Pleasence), líder da SPECTRE, sequestra um avião russo e outro americano, colocando os dois países em rota de colisão, o que faria a nação asiática que o contratou se tornar a principal potência mundial.

Enviado pelo governo britânico para resolver a situação, James Bond forja sua própria morte para despistar seus adversários e viaja para Tóquio, onde tem o apoio dos agentes Henderson (Charles Gray) e Tanaka (Tetsuro Tamba), que é o chefe do Serviço Secreto japonês. Desmascarado, ele tem que criar uma nova identidade, que inclui até um casamento forjado. Por fim, ele se encontra diante de seu maior inimigo.

Este filme teve um orçamento exorbitante para a época. Só o cenário do vulcão custou mais que todo o filme 007 Contra o Satânico Dr. No.

Neste filme James Bond não é visto dirigindo um carro.

No já clássico papel de sexy vilã temos Karin Dor.

Além disso temos TRÊS asiáticas: Mie Hama…

… Akiko Wakabaiashy…

… e Tsai Chin.

007 À SERVIÇO SECRETO DE SUA MAJESTADE (ON HER MAJESTY’S SECRET SERVICE) – 1969

Sean Connery resolveu deixar o papel que o tornou famoso, querendo ser reconhecido como ator em outros trabalhos. Apesar das apostas de que aquele seria o fim da série, os produtores nem cogitaram tal hipótese e, tão logo acertaram com Peter Hunt (editor dos filmes anteriores) para dirigir a nova aventura, passaram a procurar um novo ator.

Foi Hunt que, assistindo a um comercial de chocolate, achou que o ator do mesmo poderia interpretar o agente com permissão para matar.  Este era George Lazenby, australiano vendedor de carros e modelo ocasional.  Depois de passar em um teste com Diana Riggs, submeteu-se a ensaios exaustivos para atenuar o sotaque e adquirir a postura de 007.

Apesar de novato, Lazenby era arrogante e criou uma série de atritos durante as filmagens. Criou-se a lenda de que ele não agradou e por isso não retornou ao papel. A verdade, no entanto, é que Lazenby foi convencido por seu agente que James Bond seria um personagem démodé nos anos 70. Além disso, achou baixa a proposta e extenso demais o contrato (sete filmes).

No roteiro há uma pequena referência à mudança de atores, quando Lazenby, ao ser abandonado pela Condessa Tracy, comenta, de bom humor “This never happened to the other fellow” (Isto nunca aconteceu com o outro cara.).

No filme, Bond começa sua caçada por seu arqui-inimigo, Ernst Stavro Blofeld (agora interpretado por Telly Savalas), em Portugal, onde conhece a Condessa Teresa “Tracy” di Vicenzo ao impedi-la de se suicidar. Depois disso – e de tirá-la de mais algumas enrascadas – descobre que ela é filha de Marc Ange Draco (Gabrielle Ferzetti), conhecido chefe criminoso, que se alia ao agente britânico.  Bond, disfarçado como um baronete estudioso de brasões, infiltra-se na base da SPECTRE na Suíça. Lá ele descobre um plano sinistro: Blofeld pretende espalhar um tal vírus Ômega, que esterilizará a humanidade, menos os membros de sua organização, que assim repovoariam a terra, dominando-a. Bond  é descoberto, mas foge com a ajuda de Tracy, que depois é raptada. Bond a salva e termina pedindo-a em casamento.

Este talvez seja o filme mais romântico de toda a série e, com certeza, aquele que tem um dos finais mais tristes. O música-tema, de John Barry, desta vez é um tema instrumental, por causa da dificuldade de adequar o título do filme a uma canção. Nas cenas de amor entre Bond e Tracy escuta-se a canção We Have All The Time In The World, que terminou sendo a última gravação de Louis Armstrong.

No papel da moça que consegue fazer Bond render-se temos Diana Rigg.

Como Nancy, a húngara Catherine Schell.

Mas, tirando Tracy, a personagem marcante foi a piradinha Ruby Bartlett, interpretada por Angela Scoular.

Bom, assim só posso estar desejando a você, caro Iluminado, um excelente ano de 2013. Com muito mais bondgirl vindo aí!