Finalmente, temos aqui a última parte da trajetória daquele que trouxe o equilíbrio à Força (confira a primeira, segunda e terceira partes).
OBSESSÃO
Darth Vader, apesar de não demonstrar, ficou profundamente perturbado com a descoberta de que seu filho estava vivo. Além do óbvio interesse na preservação de sua linhagem, o Lorde Sith sentiu que, assim como ele, Luke possuía uma íntima relação com a Força, sendo o aprendiz ideal para que pudesse consumar seus planos e tomar o lugar do Imperador Palpatine, certo de que assim, finalmente, traria a tão ambicionada paz para a Galáxia.
Depois de diversas tentativas frustradas de capturar o filho – disfarçadas como missões para localizar bases rebeldes – em Monastério, Aridus e em Cincarpous V, Vader despachou sondas dróide pelos Sistemas para procurá-lo. Uma delas obteve êxito na Base Echo, no gelado planeta Hoth. Imediatamente, o segundo em comando no Império ordenou que a Armada se dirigisse para lá.
A necessidade de uma invasão por terra, comandada pelo General Veers, custou um tempo precioso e a maioria dos rebeldes conseguiu escapar. Ao chegar na base, Anakin ainda enxergou a nave Millenium Falcon – pilotada por Han Solo e Chewbacca, com a Princesa Leia em sua companhia – levantar voo.
Ele ordenou a perseguição da nave – que não conseguiu saltar para o hiperespaço – através de um traiçoeiro cinturão de asteroides, onde ela desapareceu. Enquanto mantinha as buscas, Vader recebeu uma nova missão do Imperador: capturar Luke Skywalker. Aparentemente, Darth Sidious não estava a par do objetivo de seu aprendiz, que resolveu atiçar a ambição de seu líder afirmando que poderiam levar Luke para o Lado Sombrio.
A IGNORÂNCIA COMO ESTRATÉGIA?
Enquanto Vader vasculhava o espaço em busca da Millenium Falcon, Luke, comandado pelo espírito de Obi Wan, foi para Dagobah continuar seu treinamento, agora com Yoda. Mesmo depois do aprendiz sofrer uma alucinação, onde enfrentava Vader e descobria seu próprio rosto por trás da máscara do Sith, nada foi dito a respeito do parentesco entre ambos.
Caçadores de recompensa despachados por Vader encontraram a Millenium Falcon na Cidade das Nuvens (uma colônia mineradora administrada por Lando Calrissian, antigo amigo de Han Solo).
Pressentindo o perigo que seus amigos enfrentavam, Luke rumou para lá a tempo de enfrentar Darth Vader. Durante o combate – em que se mostrou infinitamente inferior ao oponente, tendo, inclusive, uma mão decepada – Luke foi arrasado pela revelação feita pelo inimigo de que ele era não o assassino de Anakin, mas o próprio pai do jovem.
Luke escapou aparentemente saltando para a morte, mas se segurando em uma ventoinha na parte de baixo da Cidade, de onde usou suas habilidades para sobreviver ao frio extremo e aos ventos cortantes e chamar Leia, que se encontrava na companhia de Lando.
A SEDUÇÃO DO LADO SOMBRIO
Luke, agora com uma mão robótica, retornou a Dagobah para terminar seu treinamento com um Yoda cada vez mais debilitado. Sem saber, tornou-se alvo do Príncipe Xizor, chefe do Sol Negro (maior sindicato criminoso da galáxia), que pretendia frustrar os planos de Vader assassinando o futuro jedi. Anakin viu-se assim enredado em um longo e dissimulado jogo.
Os dois Lordes Sith foram acompanhar os estágios finais da construção da segunda Estrela da Morte. Curiosamente, apenas o pai de Luke sentiu a presença do filho em uma nave que se dirigia a lua de Endor.
Naquele momento, convencido de ter sentido uma preocupação e um amor por parte de Vader, Luke resolveu que não mataria Anakin. Pelo contrário, aceitou que seu progenitor era, sim, o Escolhido e que ainda iria cumprir sua missão. O discurso de ódio jedi foi completamente repelido.
O jovem Skywalker, indo contra os apelos de seus amigos – inclusive dos espíritos de Yoda e Obi Wan -, dirigiu-se ao encontro de seu pai, que, mais uma vez, tentou persuadi-lo para que aceitasse o Lado Sombrio. Diante da negativa persistente, Anakin levou o filho para o Imperador. Este atiçou o ódio do garoto até que Luke investisse contra o monarca, encontrando no caminho o sabre de luz de Darth Vader.
Luke duelou tentando falar com seu pai, pedindo a ele que reencontrasse a bondade que tinha ainda dentro de si, uma bondade tão parte de si que nem todas as atrocidades que foi levado a cometer foram suficientes pra destruí-la. Em certo momento, Luke percebeu o deleite com que Palpatine acompanhava o duelo e recuou, dizendo que se recusava a lutar contra seu progenitor. Vader, por seu lado, argumenta que apenas passando, se entregando ao Lado Sombrio seu filho poderá salvar seus amigos. É o instante em que conseguiu penetrar os pensamentos do jovem jedi e descobriu que Leia, de Alderran, na verdade era também sua filha e, da mesma forma que Luke, tinha uma sintonia com a Força, ainda não trabalhada nem plenamente manifestada. Anakin jogou sua cartada decisiva: declarou que o filho era descartável, já que poderia, muito mais facilmente, seduzir sua irmã gêmea para o Lado Sombrio. Duas surpresas aconteceram, em rápida sucessão.
A primeira foi que Luke, ao ouvir os planos destinados à sua irmã, se entregou ao ódio e atacou o Sith com toda a sua energia. Surpreendido, Darth Vader caiu e, ao tentar erguer o sabre de luz para se defender, teve decepado por seu filho a prótese robótica que substituíra a mão arrancada pelo Conde Dookan e que, curiosamente, garantiu sua sobrevivência até a chegada de socorro após o grande duelo com Obi Wan, anos atrás.
A segunda foi que, com seu pai à sua mercê, ouvindo Darth Sidious ordenar que ele “cumpra seu destino e ocupe o lugar de seu pai ao meu lado”, Luke olhou a mão robótica jogada no chão e depois a sua própria e percebeu, horrorizado, que já começara a trilhar o caminho em direção ao Lado Sombrio.
Luke recolheu a lâmina e jogou seu sabre de luz no chão. Desarmado, desafiou o Imperador, dizendo que este havia falhado, que ele era um jedi, assim como o seu pai antes dele. Palpatine o atacou, usando os relâmpagos da Força. Sem reagir, se contorcendo em extrema agonia, o jovem pede ao pai, ao seu pai, que o salve.
Apesar da máscara que cobria todo o seu rosto, ficou patente a confusão de sentimentos que invadiu o Lorde Sith. Vader olhou o seu descendente, um dos últimos membros da família Skywalker, que ele considerava à beira da extinção, sendo lenta e dolorosamente assassinado pelo seu Mestre, o homem que lhe abriu as portas para um poder inimaginável ao ajudá-lo a desvendar segredos da Força que Obi Wan, Mace Windu e Yoda pareciam apenas temer. De um lado, sofrendo, o filho que se recusara a matá-lo. Do outro, atacando, o homem que salvara sua vida em Mustafar. Arquejando, aquele que representava o ressurgimento da Ordem jedi, que um dia o jovem Anakin traiu e destruiu por considerá-la falida, obsoleta. Se deleitando, aquele que convenceu o antigo cavaleiro da necessidade de um governo forte, impiedoso, para que a paz não fosse simplesmente conquistada, mas imposta.
Por este poder, por esta relação e por este governo forte, Anakin abriu mão de tudo, inclusive da sua própria humanidade. Salvar seu filho ali, naquele momento, não implicaria que tudo fora em vão?
Para mim, o que o decidiu foi simples:
Anakin Skywalker agarrou o Imperador e, envolto pelas emanações elétricas que emergiam das mãos de Darth Sidious e atravessavam todo o seu corpo robótico, atirou-o no reator da segunda Estrela da Morte.
Agonizando nos braços de seu filho, Anakin pediu que ele retirasse sua máscara, para que pudesse vê-lo com seus próprios olhos uma vez na vida. Diante dos protestos de Luke, que alegou que sem a máscara ele morreria, Vader apenas argumentou que isso já era certo, de uma forma ou de outra.
O último pedido do antigo Darth Vader foi para que Luke dissesse a Leia, sua filha, que seu irmão estava certo. Anakin Skywalker morreu sem ter visto a filha depois da descoberta do parentesco entre ambos.
LEGADO
Como apontei nos posts anteriores, os Cavaleiros haviam se perdido em dogmas superados, se enfraquecido por sua própria incapacidade de voltar seus olhos para as mudanças no universo que os cercavam. Se enredaram em pregações que eles mesmos não conseguiam seguir e perderam completamente a sintonia com a realidade. Desta forma, o Escolhido só poderia cumprir a sua missão de “trazer equilíbrio à Força” se, além de destruir os Sith (interpretação limitada adotada pelo Conselho Jedi), também derrubasse a própria Ordem Jedi.
Os métodos adotados por Anakin podem e devem ser questionados, mas não esqueçamos que a queda do Império reinaugurou uma nova era de instabilidade política, com diversas crises e guerras, algumas mais sangrentas que as próprias Guerras Clônicas. Não é sintomático que, em incontáveis mundos, era a figura de Darth Vader, o implacável Lorde Sith, e não a de Anakin Skywalker que era reverenciada e lembrada com saudades? Embora longe de estar certo, ele não estava completamente errado.
E Anakin morreu como Jedi e uniu-se com a Força. Por ironia, conseguiu aquilo cujo desejo o levou a cair na tentação sith: venceu a morte.
Pelo apoio, dicas e incentivo, dedico esta série de posts aos amigos Agnaldo Santiago, Espetacular Linik (do Darth Chief), ManjinM (da Mansão dos Contos), Sandra Mel (do HQ Fan) e Venerável Victor Vaughan (se veste de jedi e depois se alista nos Stromtroopers? Esse cara é espião!). E, especialmente, ao amigo Edu Aurrai (do Sexta Meia-Noite), um sith consumado!
Que a Força esteja sempre com vocês.
Jota Jota, foi um imenso prazer ter ajudado, mesmo que só um pouquinho, e uma imensa surpresa ser homenageado ao final 🙂 Não há como negar a importância da figura de Darth Vader para a História da Galáxia Muito, Muito Distante, e para a nossa própria cultura nerd (e no caso de Vader, pop), e sua análise ficou simplesmente perfeita. O destino e o legado de Anakin/Vader sempre será discutido e ainda estamos pra ver todas as suas consequências, afinal Star Wars não para, mesmo você já tendo declarado que pra você, SW é Vader e ponto. É uma pena que essa mentalidade não tenha sido levada tão a sério pelo maior de todos os Sith, George Lucas, e muito mais coisas sobre Vader foram criadas. Mas aquilo que temos é fantástico e vamos esperar que continue sempre assim.
May the Force be with us all.
Valeu, Agnaldo. E temo por tudo o que está por vir. Apesar dos pesares, acho que o Mickey Mouse mostrará, no fim das contas, o verdadeiro lado maligno da Força.
Estamos num momento de conjecturas e teorias. O melhor é esperar pra ver mas não termos certeza de nada. Melhor nem achar que vai ser ruim, pois pode ser mais ruim ainda.
Devemos desaprender o que aprendemos…
E o “mais ruim” foi eu desaprendendo o que aprendi…
Tento manter a fé, mas… É a Disney, né?
Pois é… meus medos estão todos aí. Vai virar algo mais blockbuster do que já se tornou.
Ou seja, os sonhos de Lucas parecem ir muito bem, obrigado.
Com todos os defeitos, ainda fica minha gratidão ao George por ter criado Star Wars.
Por isso, sempre serei fã dele. Eternamente.
Brilhante post, Jota Jota. Sou igualmente fanático pela série Guerra nas Estrelas, mas uma cena em particular (a qual só fui prestar atenção depois de rever a série completa) me deixou muito triste com algumas decisões posteriores tomadas pelo George Lucas: Aquela cena final, no episódio VI, que mostra o jovem Anakin beatificado, ao lado de figuras como Obi-Wan e Yoda.
Essa cena, pra mim, é completamente contraditória a toda a saga. Anakin, durante toda a sua trajetória, demonstra ser um personagem trágico: ele luta contra seu destino, mas quanto maior a luta, mais delineado esse destino se mostra. Isso fica bem exemplificado no final do episódio III, quando o desejo furioso final de salvar Padmé na verdade a leva à morte (mostrando o conhecimento que Lucas tem desse componente essencial da tragédia, mais especificamente, a de Sófocles, via Édipo).
Acontece que, quando Anakin aparece santificado no final, perdoado por conta de um simples gesto final de piedade paternal, em detrimento de toda uma vida de cultura do sofrimento – que ele infligiu a milhares de sistemas e milhões de seres – isso contradiz todo o paradigma grego, no qual o personagem se apoia através dos 5 episódios, pois esse tipo de perdão, nada mais é do que a absolvição cristã, que premia o mero arrependimento em leito de morte. Pra mim, por mais que eu seja fanzaço da série, isso foi um furo mortal, que me deixou bem cabreiro.
Bom, mas é isso aí. Excelente post. Meus parabéns.
Eu considero o Episódio VI o pior de todos (sim, acho mais horrendo que A Ameaça Fantasma). E muito por causa disso aí. Na minha imaginação, foda mesmo seria o Anakin se unir à Força, mas de uma forma completamente isolada, se tornando o guia de seus filhos em detrimento de Obi Wan.
A única saída que encontrei pra aceitar aquele final que aquilo era como se a Força dissesse: “Ok, rapazes. Tudo saiu como o planejado.” Afinal, eu acho que não existe um “lado bom” nem um “lado ruim” da Força, apesar do que falam os sith e jedi. É a mesma Força, usada com ou sem receio, amarras, cuidados. Logo, de certa forma, ela se coloca acima da moralidade e de conceitos de certo ou errado.
Valeu.
Nunca achei ruim o espírito do Anakin acompanhar os seus mestres no final do episódio VI….
Mas trocarem o ator isso foi uma desgraça só!!!!!
Como disse, acho escroto apenas vê-lo ao lado de Obi Wan e Yoda. Seria muito, mas muito mais justo se ele aparecesse ao lado de Padmé.
eu comecei a acompanhar a serie por causa dos episodios I,II e III, então qdo fui ver os primeiros episodios(o IV,V e VI) eu via o Darth e imaginava o Anakin SEMPRE, por isso achei natural ele aparecer no final,ainda como Anakin jovem,pq aquela era aparencia dele antes de ir para o lado sombrio, só uma resalva,gostaria de ter visto Padme com eles, mas isso seria apenas um toque romantico,rsss
Por isso acho que é bobagem querer ver o velhusco lá, principalmente porque ele aparece com a maior cara de tiozinho. Anakin, depois da nova trilogia, ganhou um rosto. E Padmé aparecendo seria perfeito porque mostraria uma recompensa no fim das contas.
Achei ótimo a troca de atores e também não achei maus ele do lado dos MESTRES.
Excelente post, mas preciso ler depois com mais calma.
Resumindo…só viu imagens…kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk, brincs.
ótimo post jota ,ótimo post meu filho
Mamãe, é você?????
o pai! hehehe
Desculpa, pai. Não reconheci o senhor porque nunca te imaginei de saia.
huhauhauauhua! cara que gratuito, mas bem bolado, bem bolado meu filho
kkkkkkkkkkkkkkk
Que post maravilhoso…marejou os meus olhos!!!!
E realmente a cena que o imperador fica dando choque no Luke e fica mostrando Darth Vader… é muito agonizante.
Minha única raiva com o episódio VI são os E-works….
Ewoks… Odeio aqueles ursinhos com toda a minha Força!
Valeu pela dedicação, JJOTA, encerrou com chave de ouro a série. Cara, você analisou os mínimos detalhes e acabei percebendo coisas que nunca tinha notado. Nunca havia notado a relação entre a Doutrina Tarkin e o assassinato de comandantes do episódio V, isso mostra que Darth Vader é uma figura racional e não uma força desenfreada do mal. Interessante notar também, que em todos os seus atos cruéis, Darth Vader realmente achava que estava trazendo paz para a galaxia.
Vader era uma figura subestimada, mas ardilosa.
e agora que os estúdios Disney darão sequencia a franquia guerra nas estrelas e já se comenta que vader voltará das cinzas? é esperar pra ver! adorei a analise feita. eu também sempre acreditei que vader era muito mais uma pessoa com magoa, ressentimentos, do que uma pessoa maldosa.
Não tenho, infelizmente, a menor dúvida que Abrams forçará a mão pra trazer Vader de volta. É uma pena.