No Divã #01 – Olhando Batman mais de perto

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Fala aí

Seguinte, o Amigão da Comunidade está na área para cagar uma regra no Universo DC, mas de uma forma bem diferente (pelo menos eu acho): olhando para alguns personagens mais de perto e falando algumas bobeiras sobre eles. Começaremos com o Batman (o Homem-Morcego, o Cavaleiro das Trevas, a Morcega etc. etc. etc.) e, se esta bodega der certo, faremos (o simbionte e eu) o mesmo com outros personagens.

Bom, contar a história de Bruce Wayne mais uma vez chega a ser algo sacal, mas como hoje é “meu primeiro dia de trabalho” vou quebrar o galho de vocês e fazer um resumão dessa história maluca dele. (Senta que lá vem a história, tutu, tururu… essa foi antiga, né?! Ah é, vamos a história).

Bruce é o garoto de oito anos que teve os pais mortos na sua frente por um assaltante. Depois disso, viajou o mundo para aprimorar corpo e mente em busca de vingança (meio emo, eu sei, mas isso não vem ao caso agora). Tá certo, tem mais história, mas deixa isso para outros post, senão eu piro aqui.

Essa idade, para a psicanálise, compreende a fase na qual a criança pode estar terminando sua passagem pelo Complexo de Édipo (olha o Freud aí, gente!) e começando a formação do Super Ego (por favor, não confundam com Superman). Hum, falei grego, né? Então, ai ai ai…. Deixa eu amenizar, então.

Primeiro, a psicanálise é uma teoria que parte de pressupostos (suposições, melhorou?) a respeito de fenômenos inconscientes, por exemplo, sonhos (porque sonhamos com uma determinada coisa e não outra) e outras manifestações que se forem listadas fariam um mar de conceitos.

Complexo de Édipo é um conceito cunhado (construído) por Freud (lembrou-se dele?) e que tem como objetivo uma separação entre você, querido leitor, e sua dileta e respeitosa mãe. Lógico que você deve estar se debatendo agora e fazendo vários mimimis, mas é importante que você lembre que normalmente este episódio acontece quando você é bem criança ainda. Sabe aquela birra que você fazia quando a sua mãe se afastava, ou quando ela te deixava na escola, então é isso (Tá bom, House. Com você sempre é diferente, nós sabemos). Lembrando que esses fatos também acontecem com as nossas queridas e inúmeras (tosse, tosse) leitoras. Este corte, este afastamento normalmente é dado pelo pai, ou pela figura paterna, (sei lá, o tio, o trabalho, o avô, o açougueiro, o carpinteiro, o verdureiro, o Maguila etc.).

Quando esta separação é bem feita, você não dorme mais com seus pais na mesma cama, no mesmo quarto, enfim, vai procurar a sua turma em outro cômodo. Só que aí, como você é chato para cacete, você não irá aceitar isso de início e vai começar a rivalizar com esta figura paterna pela atenção de sua mãe (chorando ou fazendo alguma traquinagem que requeira atenção). Contudo, no final, teoricamente você começa a procurar o seu rumo e deixa os dois quietinhos (e assim a sua mãe engravida de novo e você tem um irmãozinho pra dar uns cascudos).

Para que tudo isso aconteça, são necessárias algumas regras internas como escovar os dentes depois de cada refeição; não responder os mais velhos; lavar as mãos quando sair do banheiro; se dirigir não beber etc. Enfim, infinitas regras que irão regular (nortear, direcionar) sua vida social. É nesse ponto que entra o tal do Super Ego (novamente, não confunda com Superman). Ebony, o que diabos tem a ver o tal Édipo com esse tal de Super Ego? Então… você pequeno leitor (que não é o House) sem querer vai apreender muitas das referências paternas no seu desenvolvimento (pela simples lógica, se seu pai foi tão bom assim para sua mãe, ao ponto dele tê-la conquistado, então deixa eu aprender com ele como se faz). O super ego fica sendo então toda essa Lei aprendida com o mundo externo para que você tenha a sua própria história.

Bom Ebony, tô sabendo pra caraca de psicanálise, já posso até fazer a formação psicanalítica para ser profissional, mas o que a história do Batman tem com isso? Deixe-me explicar, então. O pequeno (pimpolho) Bruce está nesse momento do assalto no término do ciclo edipiano e começo da formação de suas regras sociais internas. Podemos brincar com esta cena da seguinte forma, pegamos o criminoso como uma metáfora do pai e os pais do Bruce sendo uma metáfora da mãe (esta metáfora da mãe é assumida pela cidade de Gotham City depois), com isso temos o Batman como uma metáfora da criança Bruce (tendeu agora?).

Toda essa volta serve para que você veja como a psicanálise vai enxergar o Batman e como ela vai explicar esse doido que se veste de morcego e soca bandido por Gotham City. Na verdade, ele rivaliza com esta figura paterna (do pai, pombas!!!) para “agradar” a figura materna (da mãe, cacete!!). De alguma forma ele refaz a morte dos seus “véios” escondendo aquela criança que só aprendeu a lidar com aquele acontecimento através de um capuz. Brilhante, né?

Mas esta análise não termina só aquí, podemos identificar o porquê de sua obsessão pela perfeição como algo que não corresponde apenas ao avanço do mal que assola Gotham e o põe à prova, mas também porque seu pai falhou ao proteger sua família. Batman, dessa forma, precisa ser muito mais forte do que seu pai (Thomas) e do que seu pai (Criminalidade). Do contrário, ele e suas mães morrerão novamente.

Maneiro, né? Eu ainda poderia fazer zilhões de outras observações quanto a relação de Bruce e seu pai (a série Um longo dia das Bruxas – apesar de escrita pelo Loeb – nos dá um outro exemplo muito bom da relação dos dois), mas já foi muita viagem por esta semana, tá de bom tamanho… Qualquer coisa é só mandar ver nos comentários.

Panter-O

Redator dos Iluminerds, antenado em quadrinhos e Psicologia. Esta será a minha melhor versão de mim, rsrsrs.

Este post tem 7 comentários

  1. $9217641

    No dia que Bruce Wayne se perdoar pela morte dos pais o Batman morre.

    1. Rosinha

      Afinal, se ele superasse o trauma, perderia toda a motivação para ser o Batman.

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