O Hype de Stranger Things

Você está visualizando atualmente O Hype de Stranger Things

Eu nunca pensei que o dia de usar a palavra “Hype” em um texto chegaria. Cresci nos anos 1980, assim como as referências de Stranger Things e, naquela época, não conhecíamos esse conceito.

O que eu sabia era que, com muita boa vontade e coragem, você conseguiria mandar o E.T de volta pra casa, escolher um nome para a imperatriz, salvar os amigos em situações de perigo e se aventurar em bairros chineses. E é justamente devido à minha lembrança que a série se tornou o grande sucesso da Netflix.

Uma série com gosto de pipoca e a sala cheia em volta do vídeo-cassete (alguns já tinham até 7 cabeças!) no domingo, sem esquecer de rebobinar a fita pra devolver na locadora no dia seguinte. Todos os clichês estão lá, ainda assim, você consegue se surpreender, como se tudo que acontecesse não fosse esperado.

https://www.youtube.com/watch?v=wBjgFt6lVHM

Mas será que só a minha geração é responsável pelo hype da série e será que ele é justificado? Eu mesma odeio assistir qualquer coisa que todo mundo está amando. Já dizia Nelson Rodrigues que toda unanimidade é burra, mas existem dois pontos que eu acredito que expliquem essa sensação de histeria coletiva – o primeiro é que estamos cansados de saber que a indústria do entretenimento adora nos fisgar pela nostalgia, pela memória afetiva. Woody Allen retrata isso muito bem no filme Meia-Noite em Paris. Pra quem, como eu, sofre de nostalgia crônica, é um prato cheio assistir a uma série que funcione como uma “confort series”, que te dá aquela sensação de familiaridade em um mundo cada vez mais acelerado e caótico. O outro ponto é justamente a geração que não viveu os anos 1980, uma geração mais nova habituada com uma tecnologia muito diferente da que vemos em Stranger Things. É como descobrir um novo universo paralelo, que não se parece em nada com o que você estava acostumado até então.

Logo, Stranger Things conseguiu um alcance em termos de gerações que não é tão comum entre as séries, pois ela consegue dialogar com crianças que se identificam diretamente com os atores mirins, com a geração que foi criança e adolescente nos anos 1980 e se identifica com o núcleo adolescente e como nossos pais que se identificam com os adultos da cidade onde tudo acontece.

Ou seja, se pensarmos objetivamente, os hypes nunca se justificam, pois eles criam uma aura de grandiosidade em torno de algo que na verdade repete uma fórmula bem batida de narrativa, o que não significa que Stranger Things não valha a pena. Ela vale muito para todas as idades, mas não é algo inédito em termos de contação de história. Os elementos básicos tão recorrentes nas obras de Spielberg e Stephen King estão todos lá, esperando para serem apreciados quantas vezes nossa nostalgia e curiosidade nos incitarem a caçar monstros e desvendar mistérios!

E, pra quem não resiste a uma boa viagem, a trilha sonora certamente consegue nos transportar diretamente para a cidade de Hawkins em plenos anos 1980! Aperte os cintos!

13921118_1173483326041956_4712049473307749107_n

Há um nota que se repete.  

Por Ninfa Alves

Stranger Things veio e preencheu aquele vazio que Game of Thrones havia deixado há poucas semanas. Além dos motivos já citados, uma das coisas que mais nos fazem voltar anos atrás é poder sentir um pouco dessa aura mágica, colorida e deveras brega dos anos 1980. Se existe algo que atravessa eras, essa coisa é a música. Com a tecnologia, cada vez mais pessoas estão se tornando individualistas. É a MINHA playlist, a MINHA banda preferida, o MEU aplicativo no MEU celular. Muitos jovens nunca viveram a cena em que Johnatan e Will escutam música juntos. “Isso aqui vai mudar a sua vida” diz o mais velho pro seu irmão/pupilo.

Como assim eles ouviam música num aparelho desses? Sem bluetooth, USB. E pra compartilhar? k7? A geração Y/Z jamais vai saber o sabor de conquista de conseguir gravar aquela música bem na hora que passa na rádio. Trocar discos, ter sempre um estoque de agulha pra vitrola, comprar Showbizz pra saber das últimas notícias do mundo da música, chorar poster na locadora e claro, ter pilhas de fitas k7 com o que seriam as primeiras playlists do Spotify. Falando em Spotify, o app bolou uma playlist com todas as músicas da série.

Numa combinação de nostalgia pra uns e entusiasmo pra outros, uma trilha recheada por The Clash, Toto, Joy Division entre outros é no minimo de dar inveja. Se, nos dias de hoje, sofremos com músicas repetidas e nada impressionantes, os caras tinham um TOP 10 recheado de The Cure, Tears For Fears, Queen, New Order e mais e mais expoentes que nos fazem dançar loucamente nas festas retrô espalhadas pelas cidades. Palmas a parte pra versão de Heroes por Peter Gabriel que me suou os olhos numa soma de cena somada com a música do momento.

david bowie music heroes

Pra fechar, segue a – ótima – versão metal da abertura de Stranger Things.

https://www.youtube.com/watch?v=UtKSWX6lah0

Dani Marino

Dani Marino é pesquisadora de Quadrinhos, integrante do Observatório de Quadrinhos da ECA/USP e da Associação de Pesquisadores em Arte Sequencial - ASPAS. Formada em Letras, com habilitação Português/Inglês, atualmente cursa o Mestrado em Comunicação na Escola de Artes e Comunicação da USP. Também colabora com outros sites de cultura pop e quadrinhos como o Minas Nerds, Quadro-a-Quadro, entre outros.

Este post tem um comentário

  1. SusanneBravo

    Além disso, a composição do produto inclui vários concentrados, que afetam adicionalmente o foco da inflamação, melhorando a regeneração dos tecidos e os processos metabólicos. Considere os componentes do biocire da Artrovex em mais detalhes: Calcinha do Altai Maral. A composição única de jovens chifres de veado de veados tem um efeito regenerativo poderosa sobre os tecidos articulares, restaura os processos metabólicos. http://parazity.info/portuguesa O curso do tratamento deve durar de 30 a 45 dias. Se recomendado pelo médico, depois de 4 semanas, pode ser repetido. Para obter verdadeiro e útil efeito, pede-se seguir estritamente as recomendações do fabricante, fornecidas no informativo de instruções que acompanha este produto. O mais importante é a a adesão ao tempo de tratamento e sua duração.

Deixe um comentário