Mulheres das Letras

Você está visualizando atualmente Mulheres das Letras

Quando o assunto é sobre as mulheres, devo dizer para início de conversa que fragilidade não é mais adjetivo que as rotule. Hoje elas marcam presença em todo tipo de profissão, lutam lado a lado com os homens em praticamente todas as áreas da vida e sem fraquejar.

A figura da mulher de hoje é independente. Ela acorda cedo, trabalha e estuda; e ao voltar já tarde da noite ainda tem energia para cuidar da casa e dos filhos. As guerreiras se dividem em mil e uma tarefas todos os dias e quando chega o fim de semana ainda arrumam um tempinho entre o lavar as roupas da semana e levar o filho para passear, para cuidarem de si: pintar as unhas, arrumar o cabelo, dar aquela corridinha básica… Até porque todas somos filhas de Deus, não é?!

E se bobear antes do domingo acabar arranjam um tempinho para dar atenção àquela amiga que está precisando conversar.

 

Aí você me pergunta: E as mulheres que escrevem?

Ah! É de suspirar quando paramos e pensamos em todas as criações delas. Na Literatura elas dão um show à parte. Inspiram-nos, nos fazem viajar e sonhar em universos todos criados por suas mãos e mentes criativas. São romancistas, contistas, cronistas, poetas. Espalham poesia por todo o canto, principalmente pela internet. Aliás, temos presenciado nos últimos tempos um verdadeiro “Boom Literário’’ pela rede. Jovens de todo o Brasil criando blogs onde postam diariamente seus textos autorais.

De vez em quando me pego a procurar coisas novas para ler, e vou em busca desses blogs para passar o tempo e ver o que estão inventando, o que há de novidade por aí. E o que tenho percebido é que o número de mulheres que escrevem vem aumentando consideravelmente. São meninas e mulheres de todas as idades e classe social, gente de todo canto do país mostrando cada vez mais o que pensa. Abordam temas de seu cotidiano, dão opiniões sobre política, direito e sociedade como um todo. Elas simplesmente escrevem o que querem e como querem!

Todavia, não podemos esquecer que nem sempre foi assim. Tempos atrás a mulher não tinha sequer o direito de estudar. Ler e escrever então? Seria inaceitável.

Para entender um pouco melhor como era a vida das mulheres no passado e seu papel na literatura no Brasil, precisamos voltar no tempo…

O silêncio e a volta por cima

Se ainda hoje elas sofrem preconceito de grande parcela da sociedade, imagine no tempo em que a voz da mulher fora silenciada em prol da defesa da dita moral e bons costumes. A mulher vivia sob a ordem patriarcal. Era criada com ensinamentos sobre cozinhar, costurar e cuidar bem da casa. Nenhum ensinamento no que diz respeito ao intelectual lhes era permitido.

E na Literatura o único espaço que as mulheres tinham era quando algum escritor as retratava em seus escritos. Escritos onde a mulher era descrita como dona de uma beleza inigualável, sedutora. E às vezes retratadas como seres inferiores que não tinham direito algum além de viverem isoladas da sociedade. Até metade do século XIX foi assim, a mulher vivia o silêncio. Assim com em todas as áreas, na Literatura as brasileiras levaram muito tempo para conseguirem seu espaço. A corajosa Nísia Floresta Brasileira Augusta foi a primeira mulher a ter textos publicados em jornais. E no ano de 1932 escreveu o primeiro livro que falava sobre o direito da mulher a ter instrução e trabalho no Brasil. Assim a mulher foi conquistando seu espaço. Conquistou por exemplo o direito ao voto. Com o passar do tempo muitas conseguiram publicar seus textos em jornais e seus livros.

 

 

No final do século XIX e século XX, a mulher começa a ter uma noção maior da sua liberdade e junto com isso veio a descoberta de que podia também se sustentar financeiramente. Foram aos poucos se libertando das amarras impostas pelos familiares e sociedade. Seus escritos ganharam voz. Textos que falavam principalmente da luta da mulher por direitos iguais aos dos homens, e pelo direito a ter instrução.

Algumas das precursoras que abriram o caminho para as mulheres que hoje escrevem foram: Rachel de Queiroz, Lya Luft, Clarice Lispector, Cecília Meireles, Ana Miranda, Hilda Hilst, Adélia Prado, Lygia Fagundes, Ana Cristina Cesar, Cora Coralina, Lygia Bojunga, Marina Colasanti, Alice Ruiz, Carolina de Jesus, essas e muitas outras escritoras deram o impulso certo na hora certa.

 

E então? Depois de tudo isso, depois de tanta luta – que, aliás, não tem fim – luta essa contra o preconceito, violência e tantos outros abusos que as mulheres já sofreram e ainda sofrem. Não acha que é impossível continuar dizendo que a mulher é o sexo frágil?

Deixe um comentário