Literatos – A Guardiã do Fogo

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Vamos aproveitar todo esse calor agraciante do Capirotoviski e vamos falar sobre o livro mais esperado do ano passado e que provavelmente vocês nunca ouviram falar!!! Aeeee! Que livro é esse?, você me pergunta. Mas é claro que é do livro A Guardiã do Fogo, da escritora e estudante de psicologia Lívia Fiedler.

Nunca ouviu falar? Eu sei. Tá ouvindo agora, feliz?

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Cá estava eu pensando sobre qual livro eu poderia falar na abertura dessa coluna de resenhas… Então, resolvi pegar um que me fez mudar a visão de como eu via um certo gênero narrativo: o drama. Não se trata do drama de teatro! Drama de drama queen, mesmo… de melosidade, meninice e coisa e tal. Nunca gostei do gênero, mas depois de ler A Guardiã do Fogo, acabei ficando mais paciente, digamos assim. Foi como um tratamento de choque!

Bom, sem mais. Bora lá. A Guardiã do fogo começa numa cidade chamada Tenebra (a deusa das trevas que só os fortes lembrarão). Lá, tudo é tranquilo… quieto… parado… menos a família principal. Aliás, família, mesmo, só porque têm o mesmo sangue, se não… A mãe é uma inconsequente e tem mão de moça (badumtss). É escandalosa, mas, na hora de fazer alguma coisa, não faz nada. Só perde pra filha. A filha é a personificação da adolescência. É inconsequente nos limites da idiotice com a estupidez, mas toda essa impulsividade vem por ela ser realmente corajosa (no sentido original da palavra de “agir com o coração”) e valente. Como toda boa adolescente, a vida é horrível, os pais são os piores do mundo, a maior parte das colegas são cobras venenosas (algumas quase literalmente) e se apaixonam por cada menino lindo que aparece. A diferença é que, aqui, todos os meninos são lindos. E todos a amam (ego? Cadê você, ego? Desce aí pra gente conversar!).

“Ah! Então o livro é ruim!” Erradíssimo! O livro é muito bom! A história é meio que a seguinte: Sofia, que é a heroína e protagonista do livro, se mudou pra Tenebra e ela tava lá, de boa, no quarto dela, como quem não quer nada, olhando um medalhão de dragão que ganhou da avó, quando briga com a mãe (algo muito frequente nas cenas em que estão juntas), pega o mp3 e sai pra rua… até chegar no cemitério da cidade.

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Lá, encontra o mausoléu de sua família e resolve entrar pra dar uma olhada (quem nunca?) e vê seu nome em uma das placas do lugar. A partir daí, ela descobre a existência de uma Anja Negra chamada Laurien, que quer sugar sua alma de qualquer jeito… e assim, Sofia descobre ser uma Guardiã. E não uma Guardiã qualquer, mas a Guardiã do Fogo (TAN TAN TAAAAANNNNN!!!).

Nisso, ela precisa descobrir a controlar esse poder antes que morra, ou aconteça algo pior. Aliás… muito sugestivo ela ser a guardiã do fogo… nunca vi ninguém com mais fogo no rabo que essa garota… (badumtss) Nessa busca, ela viaja pra outros mundos (ou outras dimensões, se preferir), onde, em cada uma, existe um tipo de moradores (jura?). Tem a nossa, com pessoas sem magia, onde começa a história; tem Rongon, onde as pessoas usam magias o tempo todo, e onde ela vai aprender sobre seus poderes; tem o Inferno, que me recuso a explicar o que tem lá; tem o Céu; e tem mais três, que falaram que existe, mas não deram nomes nem nada.

Enquanto está na Terra, Sofia tem um anjo da guarda chamado Charles, que possui uma rixa com um rapaz muito simpático que ela conhece, chamado Mathiéllo. Mas Sofia ama Charles de paixão paixonante! Ela é humana, e ele é um anjo! Eles não podem ficar juntos! Ou podem?

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Essa é outra trama no meio da história. Bom, essa é a história em geral. Agora, vamos às categorias e às notas! São 5 categorias e cada uma delas vale de 0 a 5 lamparinas. Primeiro, temos a Ideia. Quanto mais lamparinas, mais original, bem bolada, inovadora e/ou transgressora foi a ideia; em segundo, vem a Ambientação. Mais lamparinóviski significa um mundo mais palpável, mais crível ou mais fácil de interagirmos com ele. Daí, tem os Personagens. Mais lamparinas, melhor foi a construção dos personagens. Depois, temos o Final. Quanto mais lamparinas, melhor e inesperado foi o final. Por último, a Expansão. Quanto maior, mais chance ele tem de puxar nego de todas as idades pra ler o livro.

O que NÃO quer dizer que quanto mais lamparinas aqui, mais bem escrito o livro está! Bem ou mal escrito é gosto e opinião. Mas sim que o livro teria mais facilidade de se espalhar tanto entre jovens, quanto adultos, independente de rico, pobre, se estuda no centro, na periferia, ou no quinto dos infernos. Certo? Certo!

A Guardião do fogo leva:

Ideia: 3

A ideia de usar anjos e demônios já tá bem batidona, ainda mais com todo o boom que teve há uns anos, com a saga Hush Hush, A Batalha do Apocalipse, O Torneiro dos Céus e O Senhor da Chuva… mas juntar Feiticeiros, Anjos Caídos, Ninfas e interdimensões foi um extra bacana na história.

Além disso, foram criadas mais duas espécies: os Ureons, que são homens que se transformam em um urso gigante (Beor mandou lembranças) para proteger a Deusa Andrômeda; e as Anjas Negras, que são uma raça de Anjos Caídos feita só de mulheres. Taí a prova que mulher é um bicho ruim… admitido por uma própria mulher.

Tem também um personagem chamado James, que anda numa pantera… me lembrou muito o nosso Curupira… mas é só impressão, mesmo… lá não tem nada que comprove minha intuição… Mas até aí, eram 4 lamparinas… Caiu pra três, porque a história continuou com o melodrama tão conhecido das histórias juvenis “femininas”, que fica sempre entre a garota e quem ela ama. Me fez lembrar Crepúsculo numas horas, mas não teve nada que se sobressaísse nesses termos. Digo, nada que saísse do comum.

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James e sua pantera… PÉRA!!!!

E porque em partes importantes na história, em que teremos traições e algo do tipo, sempre tem uma personagem onisciente… que avisa da traição. Isso tira totalmente o efeito surpresa da coisa… e a cena não dá o impacto original.

Ambientação: 4

Independente de onde se passa a história: Tenebra (na Terra), Vila Adamantin (em Rongon), ou onde quer que seja, é incrível a habilidade da autora de conseguir nos incorporar no lugar sem dar muitos detalhes sobre a cidade. As características são bem simples e ficam nos detalhes comuns, que fazem com que a gente consiga nos identificar facilmente com os lugares. Tanto a cidade simples e pequena (Tenebra), quanto uma maior e mais movimentada (Vila Adamantin), ou uma meio estilo faroeste e meio anos 1920.

O único deslize, por assim dizer, é que a história ficou datada quando aparece o mp3. Ninguém mais usa mp3 pra ouvir música… né?!

Personagens: 5

Antes, pra quem não tá por dentro dessa categoria, existem três tipos de personagens: os planos (que são do mesmo jeito do princípio ao fim), os redondos (que têm certa crise de consciência, por pensar antes de fazer) e os tipo, ou caricatos (que são os escandalosos). Ok? Então bola pra frente.

Cinco pontos pra construção dos personagens… que são todos planos. (quê?!) Exatamente. Nenhum te surpreende nas ações. Opa! Minto. Teve uma personagem redonda, sim. Não, não é a Sofia. A Sofia é plana, como todo mundo. A única personagem redonda da história é a Laurien, a Anja Negra.

Isso. Ela é a única que surpreende a gente… uma vez… o resto é tudo plano. Talvez o Mathiéllo pode ser considerado redondo também… mas não sei não. “Mas então por que ele tem 5 estrelas?!”, você me pergunta com uma sobrancelha erguida. Já tentou fazer uma história só com personagens planos… com vários personagens principais e secundários… que não seja de humor… e que os tipos de planos não sejam iguais? “Como assim?”

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O leitor nesse momento da argumentação…

N’A Guardiã do Fogo, os personagens são todos planos, como eu disse, mas nem por isso eles são iguais. Os mocinhos são bonzinhos, e os vilões são malvados, ok… Mas só que cada mocinho tem uma característica diferente na personalidade… que faz com que a gente conheça o personagem por essa característica.

Por exemplo: temos dois anjos na história: Charles e Rodrigo. Charles é mais quieto e carinhoso… Rodrigo é mais esquentado e atacadista – dá ataque toda hora (badumtss). Como humanos homens, temos Hector e Rafael. Hector é mais melancólico e vítima; Rafael gosta mais de ver o circo cair na lama. Como mulheres, temos Sofia e Marina, mãe dela. Sofia é inconsequente e irresponsável…………..mas é uma santa, se comparada à Marina. Deve ser hereditário, isso aí… Mas isso daria pra história só uns 3 ou 4 pontos.

A Guardiã do Fogo recebeu a lamparina número 5, porque uma personagem me surpreendeu demais. A Laurien? Não, a Marina. “Mas não era a Laurien que era a personagem redonda?” Sim. Não é desse tipo de surpresa que eu tô falando. Já fazia muito tempo que eu tava xingando essa Sofia. “Como pode uma menina ser tão burra?!”, “MANO!!! ELA NUNCA APRENDE???”, “Tomara que MORRA, pra largar mão de ser besta!!!”… Mas aí chegou a Marina… e conseguiu me fazer Odiar uma personagem do fundo da minha alma!

E isso não é bom, é excelente! Odiar um personagem só acontece quando você tá dentro da história. É a mesma coisa que amar um personagem! Você precisa estar conectado com algum personagem dentro da história pra amar ou odiar. Claro que eu não vou dizer o que ela fez pra eu odiar ela… você vai ver quando for ler. Mas o Mathiéllo, por exemplo, foi um personagem que eu gostei bastante. Gostei, porque ele é um cara batuta. Se tem que matar, ele mata; se tem que ajudar, ele ajuda; se tem que casar, ele casa… aliás… nem sei se ele casou mesmo ou não… não fala o que deu o rolo dele com outra guria, lá… Enfim, tem o tipo de todo mundo, ali.

 

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E quando eu digo “todo mundo”, digo TODO MUNDO mesmo! Tem muita personagem ali. MUITA! Tem horas que chega a dar uma confundida com tanto nome, mas nada que comprometa nada. Ok, próximo!

Final: 3

Esses foram três pontos que poderiam ter sido menores se o final da história não tivesse sido tão bom. A queda brusca desse jeito aconteceu por causa de um pecado mortificamente mortal chamado: Moral. Depois que a história acabou, veio mais três parágrafos que acabaram com todo e qualquer clima que a última cena criou.  Tava tudo lindo, maravilhoso e emocionante… quando vem uma lição de moral, disfarçada, é verdade, mas lá estava ela, alta e clara, nos três parágrafos finais do livro. E o pior não é isso!

O pior é que ela não teve a intenção de fazer isso. Sei disso, porque conheço a autora há algum tempo, e sei que ela também odeia isso. E eu acredito que ela não ia colocar no livro dela uma coisa que ela odeia ver por aí. Mas EU sei disso. Não tem como um leitor que não a conhece ter essa informação, então essas notas e comentários são independente de eu conhecer ou não a pessoa. Eu entendi a intenção dela, que era a de colocar uma mensagem no final pra alegrar o coração do pessoal… ou fazer eles chorarem até o fim dos tempos e tal. Mas, infelizmente, acabou dando a outra imagem.

Só que se não fosse isso, o final receberia 5 lamparinas fácil, porque o fim da história, não o do livro, foi excelente. Realmente excelente.

Expansão: 5

Pra essa nota, tomo como base livros como A Culpa é das Estrelas, Jogos Vorazes, Diários do Vampiro, Crepúsculo, Percy Jackson etc… Ou melhor, vejo tanto potencial quanto. A começar pela personagem principal, que encarna praticamente toda garota adolescente do mundo. Adolescentes desde os 11 até os 35 anos.

Sim, 35. Vai falar que não tem gente por aí com essa idade e se achando A debutante vítima de tudo! Depois, tem o amor da vida toda… aquele príncipe encantado lindo, cheiroso e maravilhoso, simbolizando o sonho de boa parte da mulherada… “Que tá sempre lá pra te salvar”, você vai querer completar. E você não poderia estar mais errado!!!

Um exemplo dessas pessoas que acham que ainda estão na puberdade... D. Vitto, não esqueça de pedir a benção.
Um exemplo dessas pessoas que acham que ainda estão na puberdade…
D. Vitto, não esqueça de pedir a benção.

Charles não tá lá quase nunca! É tudo a menina que tem que se virar sozinha. Charles não é esse tipo de príncipe, não. Pra alegria das feministas. Mas isso não dá 5 lamparinas pro livro, porque engloba só meninas. Pros meninos, tem porradaria do começo ao fim do livro. Garganta sendo cortada, demônio sendo explodido, carinha morrendo queimado de dentro pra fora por um dragão de fogo…

Ok, pausa.

A guria faz um cara ser queimado vivo, de dentro pra fora, por um dragão de fogo. Um DRAGÃO DE FOGO DEMONÍACO COMEDOR DE ALMAS OF DOOM!!! Não precisa de mais que isso. Nem na escola, que é o lugar pra se ter calma, a Sofia tem sossego! É uma troca o tempo todo de drama e porrada, drama e morte, drama e burrada que leva a mais porrada… Então, na hora que um para pra respirar, o outro perde o fôlego… e assim vai…

Aliás, pra quem gosta dos dois tipos de história, compra uma bombinha de ar, porque a coisa vai ficar feia pro seu lado… Mas só isso teria dado pra ela umas 4 lamparinas, porque sempre tem aqueles que “não gostam” de literatura de massa, por ser mais do mesmo.

Então, pra vocês, A Guardiã do Fogo tem um monte de transgressões simples, mas que fazem a narrativa ficar um tanto quanto interessante. Tipo deixar pra dizer o nome da protagonista só quando for realmente necessário; falar com o leitor só até ele entrar na personagem, pra se sentir ele mesmo falando ali; tirar umas preposições e pronomes da frase pra dar uma confundida em quem tá lendo; e o mais brilhante de todas: sabe quando alguém fala alguma coisa, e você ouve, mas não ouve?

Por exemplo: você tá lá, assistindo TV e alguém fala pra você lavar a louça e vc fala “ok”. Daí a pessoa volta e fala “você não lavou a louça???” e vc diz “era pra lavar? Você não pediu!” Então, pela primeira vez eu vi isso acontecendo com a protagonista. As pessoas falam com ela enquanto ela tá distraída e daí ela responde, mas não ouve, hehe… Enfim, tem mais coisa, mas se eu falar todas, acaba a graça.

 

Jowfish Kraken

Colaborador

Colaborador não é uma pessoa, mas uma ideia. Expandindo essa ideia, expandimos o domínio nerd por todo o cosmos. O Colaborador é a figura máxima dos Iluminerds - é o novo membro (ui) que poderá se juntar nalgum dia... Ou quando os aliens pararem com essa zoeira de decorar plantações ou quando o Obama soltar o vírus zumbi no mundo...

Este post tem 3 comentários

  1. Don Vittor

    Ainda estou na puberbedade, velho amigdsjs.
    *Digitando com a mão esquerda*

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