Iluminerds na SIQ 2016 – Charges, Cartum e Política, com Ziraldo, Chico Caruso e Aroeira

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Após um hiato de seis anos, a Semana de Quadrinhos da UFRJ (agora com o ‘i’ de internacional) retornou, e entre 04 e 08 de maio promoveu um encontro entre a pesquisa acadêmica e a produção de quadrinhos, por meio de palestras, oficinas e debates com nomes de destaque no Brasil e no exterior.

O primeiro dia contou com a mesa de abertura formada pelos grandes chargistas Chico Caruso, Aroeira e Ziraldo, que testemunhou o quanto amava fazer a revista do Pererê, cancelada após o golpe militar de 1964. Ele e os demais convidados expuseram seu posicionamentos sobre assuntos políticos pretéritos e presentes.

À vontade e cheio de histórias para contar, o pai do Menino Maluquinho monopolizou a atenção da platéia, que se divertiu com suas tiradas, comentários, equívocos e confusões. Comparou Arnaldo Jabor a Nelson Motta, reclamou do domínio do Globo sobre a Imprensa do Rio e contou muito do que sabia sobre o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.

Um dos melhores causos foi a do marketeiro que teria construído a imagem de Al Gore como um preocupado ecologista, tornando-o suficientemente conhecido para concorrer à Presidência dos EUA. Ziraldo revelou que FHC contratou o mesmo marketeiro após deixar o Planalto, que o tornou um combatente pela descriminalização das drogas (!).

Sobre a dificuldade da construção de charges nos dias de hoje, o chargista de O Dia, Aroeira, explicou que sempre trabalhou em jornais populares; que busca o senso comum observando redes sociais e blogs; e que o excesso de informação atual é tão perigoso quanto a ausência. E completou que hoje ele não é lido, dada a tiragem de O Dia. Ele vai até o leitor, na internet.

Será essa a tal charge?...
Seria essa a tal charge?…

Aroeira disse que o maior problema de um chargista hoje é o que espera-se dele. E exemplificou afirmando que, se tivesse feito a charge pelo qual Chico Caruso está sendo processado, talvez não o processassem, por identificarem nele alguém de esquerda.

Quase no fim, Chico Caruso surpreendeu a todos cantando a inédita letra de ‘Garota de Pasadena’, inspirado em ‘Sina‘ de Djavan.

Respondendo a uma pergunta sobre o futuro dos novos quadrinhistas, Ziraldo lembrou que desenhou muitas “cartilhas”, mas que deixou de fazê-las, visto que há muitos que não conseguem discernir o funcionamento da linguagem dos quadrinhos, e tendem a ver a página como um bloco, como uma única coisa, sem compreender que há uma sequência de acontecimentos e de leitura.

Chico finalizou mostrando a carta recebida de um fã, na qual escreveu charde”, em vez de ‘charge’, para o delírio da platéia. Que gargalhou não pela simples leitura da carta, mas pela reação autêntica de Ziraldo, virando a cabeça pausadamente para o lado, com palpável desespero e desesperança. Um maravilhoso momento, um meme pronto.

Rodrigo Sava

Arqueólogo do Impossível em alguma Terra paralela

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