Iluminerds na ComiCon do Chile – Parte 1 de 5

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Já passava de meia-noite quando eu e um amigo marvete, totalmente no brilho graças ao alucinado drinque Inferno Verde que acabáramos de conhecer minutos antes num boteco arrumadinho da Zona Sul do Rio, assistíamos empolgadésimos a um documentário sobre a San Diego Comicon no Festival do Rio de cinema.

Foi no momento em que Stan Lee surgia fagueiro na tela grande, sorrindo e passeando em meio a deslumbrados fanboys equilibrando sacolas de action figures e cosplayers apaixonados, que decidimos que cortaríamos um dobrado para viajarmos ao exterior para a próxima Comicon.

E, bom, embora não tenha sido a de San Diego, finalmente conheci, com minha companheiríssima Senhora, uma Comicon. A Comic Con do Chile!

Realizada entre 24 e 26 de maio de 2013 no Centro Cultural Estación Mapocho, localizado às margens do (atualmente quase seco) Rio Mapocho, em Santiago, o evento é o maior do gênero no Chile, reunindo quadrinhos, games, fã-clubes de seriados e de séries literárias, autores nativos de HQs, fanzines, artesãos, desenhistas consagrados como Phil Jimenez (artista de Crise Infinita e Os Invisíveis), estandes de divulgação de pré-estréias como o de Man Of Steel e Gigantes do Pacífico, além de cosplayers criativas e extraordinárias.

A cobertura do Iluminerds se desdobrará em cinco partes, cada uma enfocando um aspecto distinto. Nesta primeira parte, faremos um rápido passeio pelas principais atrações do evento.

Na segunda parte será a vez dos cosplayers mais incríveis e criativos . Na terceira, a vez das cosplayers, pois elas deram um show! Na quarta, um pouco da memorabilia, action figures, esculturas em exposição e à venda. Na quinta e última parte, mostraremos os artistas e artesãos locais, seus quadrinhos, produtos e estratégias marcantes de marketing, além dos melhores fã-clubes, de Arquivo-X a Harry Potter, com direito à reprodução de cenários da Terra Média.

O Local

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O hoje Centro Cultural Estación Mapocho foi originalmente erguida como estação de trens, no início do século passado, durante a celebração do primeiro centenário da Independência do Chile, período de grande alegria, esperança, progresso e modernização para a cidade de Santiago.

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Em 1976, foi declarado patrimônio nacional, deixando de funcionar em 1987. Em 1994, após o processo de revitalização cultural ocorrido após o fim da ditadura, o edifício, de estilo neoclássico, foi revitalizado, tornando-se o Centro Cultural Estación Mapocho.

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Não é nada, não é nada, mas o meticuloso ornamento do teto do foyer me pareceu o rosto de um decepticon

A Comicon

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Ah, a Comicon! Ao entrar, sentimos como se estivéssemos flutuando…e não é figura de linguagem, não. É que uma simpática escadaria nos separa e nos posiciona acima dos estandes, oferecendo uma bela visão geral do evento.

Aliás, o que vemos primeiro é a área reservada à Hollywood. De um lado, estandes com pôsteres enormes do novo filme do Wolverine e casacos típicos do baixinho, além de katanas e outros penduricalhos, para venda ou para fotos. Ao lado, cartazes gigantes do filme Homem de Aço e uma estátua em tamanho natural do Superman.

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Diversas lojas de quadrinhos se fizeram presentes, a maioria vendendo encadernados do Deadpool, Homem-Aranha e Wolverine, que parecem o correspondente às nossas revistas mensais de linha. Reparem, na foto do meio, a tradução/adaptação para o nome de guerra de Logan.

É agridoce saber que não há por aqui o velho formatinho, queridinho nosso dos anos 80 e 90, a não ser para publicações independentes e alternativas, de formas e preços variados.

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Chamavam ainda mais atenção os cercadinhos repletos de camisas fantásticas estampadas com imensas cenas clássicas dos Vingadores e Star Wars. Parecia haver um Magneto atraindo o adamantium de nossos ossos, dado o interesse crescente por action figures incrementadas, DVDs raros, broches e “apetitosas” estátuas.

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Algumas editoras marcaram ponto na feira, sendo uma delas a Devir, que confirmei tratar-se da mesma daqui do patropi. Ela promoveu mesas de cartas (que muito bem poderia ser de Magic, mas não pude confirmar, porque o martelo da Arlequina nº 27 me distraiu), e de jogos de tabuleiro (de O Hobbit).

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Aficionados e colecionadores reuniram-se na Comicon e levaram apetrechos raros de Star Trek, figuras customizadas de super-heróis e montaram cenas enormes de Lego, como a que o Homem de Ferro é assaltado debaixo do nariz do Super-homem.

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Os chilenos lembraram com carinho o saudoso Themo Lobos, craque das historietas, que faleceu em 2012. Dono de um estilo expressivo e divertido, foi possível apreciar diversas telas originais do ilustrador, em aquarela e nanquim.

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Diversas catitas tiraram o pó de seus tecidos de cetim e recortaram trajes sedosos e brilhantes que homenageiam (ou não) suas personagens prediletas, como a Psilocke, Princesa Léia, e… uma outra princesa aí…

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Os rapazinhos tiveram sua vez, e aprontaram pra valer, abusando das fantasias incrementadas, das armas longas, de fogo ou brancas. Mas não os espertinhos da foto acima: um usou saco de papel na cabeça para disfarçar sua deficiência plástica; outro tentou revelar o babydoll que Deadpool usa ao dormir à noite; um incauto fantasiou um travesseiro de Batman; um pai resolveu honrar a altura de Yoda vestindo o filho como o pequenino Jedi. Desses, só se salva mesmo o homem realizando condignamente o cosplay de Stan Lee.

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A Comicon foi uma maratona, realmente incrível e muito agradável de se explorar, como vocês acompanharão mais detalhadamente nos próximos dias.

Na hora de recarregar as baterias, nada melhor que lembrar do Brasil encarando uma fila de meia hora para abocanhar um cachorro-quente do nosso conhecido Doggis, ou um cone de papas fritas com gaseosa. Até mesmo os zumbis, atuais arroz-de-festas, tinham à disposição cérebros fresquinhos para saborear.

Rodrigo Sava

Arqueólogo do Impossível em alguma Terra paralela

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