“Não cabe aos deuses decidir se o homem existe ou não… Cabe ao homem decidir se os deuses existem ou não.”
Desde que Walt Simonson deixou o título do Thor que este e todo o panteão asgardiano andavam sofrendo com péssimos roteiros e reinvenções visuais extremamente ruins (Mike Deodato, sou seu fã, mas…). Acho que, tirando a fase em que Dan Jurgens, John Romita Jr. e Klaus Janson trabalharam com o personagem, pouca coisa memorável foi feita com o mesmo. Mas a certeza de que o Deus do Trovão teria papel proeminente no universo cinematográfico da Marvel fez com que os editores chamassem J. Michael Straczynski para trazer o personagem de volta.
Aliás, trazer de volta em amplo sentido: Thor estava “morto”, desde que se revoltara contra Aqueles que se Sentam Acima das Sombras (uma espécie de “deuses dos deuses”, que tiravam sua energia do Ragnarock, o apocalipse nórdico, que, na verdade, não era um evento final, mas cíclico) e libertou os asgardianos da eterna sina de morte e renascimento.
Straczynski procurou, como havia feito no seu primeiro ano à frente dos roteiros do principal título do Amigão da Vizinhança, uma nova abordagem, mas resgatando alguns aspectos clássicos do personagem. E o primeiro é o retorno da identidade humana do Deus do Trovão, o médico Donald Blake. Ele não é um simples disfarce, e sim uma pessoa independente que “alterna” a existência neste mundo com Thor e se torna o responsável pela ressurreição deste ao lembrá-lo das suas obrigações como protetor não só de Asgard como da Terra.
Uma vez mais caminhando novamente no mundo dos homens, vemos Thor reerguer a morada dos deuses no meio de uma área deserta em Oklahoma, EUA, e depois resgatar os asgardianos, cujos espíritos estão escondidos dentro dos corpos de seres humanos, passíveis de se perderem pra sempre se seus hospedeiros morrerem. Aliás, é neste ponto que começamos a ver as maquinações de Loki (agora em um corpo feminino): é por causa de um ardil dele que Thor, que antes pensava em “despertar” apenas os asgardianos leais ao trono de Odin, se vê forçado a libertar todos, inclusive criaturas como Hela e Lorelei.
Basicamente, a trama deste volume – que reúne as seis primeiras edições da terceira encarnação do título do Thor – se resume a isto.
Straczynski, oriundo da TV, trouxe de lá o texto organizado. Sua reinvenção do Thor é bem vinda, principalmente por amadurecê-lo: sai aquele cabeludo sorridente e surge um guerreiro de rosto fechado e poucas palavras (e quando fala, o faz de forma culta, mas sem os “vós” e “sois” exagerados de antes), alguém que tem a responsabilidade de dar um rumo ao seu povo, pela primeira vez livre para viver sem os presságios fúnebres do Ragnarok. A sequência em que ele humilha o Homem de Ferro, derrotando-o facilmente (Joss Whedon, você precisa ler mais quadrinhos…), com certeza fez mais de um fã sorrir arrogantemente.
Há problemas, é claro. J. Michael, infelizmente, é um pouco noveleiro e tem a tendência a criar momentos leves, não raro trazendo à tona algumas situações grotescas ou diálogos constrangedores (como quando os deuses participam de uma reunião comunitária e horrorizam os presentes ao falarem de seus hábitos higiênicos). Outro problema é o ritmo. Há instantes em que você se pega chocado, como quando Thor encontra Heimdall, e outros em que fica impaciente esperando a chegada do desfecho previsível – o que acontece com o ressurgimento dos Três Guerreiros.
Já Olivier Coipel consegue um trabalho digno. Ele desenha cenários muito bonitos, cria um visual engraçado para alguns coadjuvantes e consegue passar energia em suas cenas de ação. Mesmo Thor, que eu acho que ficou exageradamente “largo” em muitas cenas, é retratado bem de acordo com o texto: um guerreiro de semblante fechado e um rei sisudo. Mesmo sua raiva parece a de um humano quando direcionada a meras formigas. Além disso, a atualização do figurino agradou ao ponto de servir como inspiração para o filme.
Enfim, um trabalho que cumpriu sua meta. Vale a pena. Principalmente diante do lixo debochado que foram as adaptações do herói pro cinema. Tapa na cara? TAPA NA CARA???!!!! Ah, vão se f…
Jota,
faltou referência do mortal (cozinheiro da lanchonete) que se apaixona pela loirona deusa. Aquilo foi impagável. eheheh. No final da saga (tenho os encadernados originais), o Straczynski nos deixa na mão com uma saga incompleta, pois se não me engano largou a saga.
Eu particularmente coloquei aquele lance do gorducho com a deusa na conta das piadas sem graça. Não acrescenta nada, não é realmente engraçado nem o personagem em si chega a ser interessante. Pra mim, fica claro que ele apenas virou um objeto de deboche para os deuses, inclusive a sua “escolhida”, que se diverte com a paixonite do sujeito.
Se bem me lembro, Straczynski, fdp como só um sujeito que aprendeu coisas com Joe Quesada pode ser, largou Thor no nº 17 pra ir pra DC, escrever um título horroroso do Superman (aquele em que ele não avua nem usa seus poderes pra ficar “conhecendo de perto os probelmas das pessoas normais”).
eu li umas edições daquilo. Tudo mundo fez maior “aue” para nada. Ele quis andar pela América sem usar poderes.
A premissa em si foi idiota demais… Superman ficou bolado porque uma mulher culpou ele pela morte do marido… Pqp…
“Joss Whedon, você precisa ler mais quadrinhos..”
Depois de ler os X-men e assistir aos Vingadores dele, perdi a fé que ele aprenderia a fazer alguma coisa decente.
Não entendo o certo endeusamento do mundo nerd com o Joss. Sua passagem em X-Men foi mediana, e teve pelo mneos um arco muito ruim (“Perigo”). E acho o roteiro de Vingadores super-ultra-clichê, com uma caracterização ruim de personagens. Comparando, como roteirista de quadrinhos, prefiro de longe o trabalho do Kevin Smith.
Compartilho da mesma opinião. Esse lance da sala de perigo criar vida é algo realmente muito cretino, mas é só mais uma de tantas merdas que ele fez que as pessoas elogiam (Quando lembro da volta do Colossus e do motivo pq ele ficou aparentemente morto, tenho vontade de socar alguma coisa até quebrar a mão). Depois de ler essa passagem dele, ae percebi que fãs dos Mutunas realmente engolem qualquer coisa que jogam e fecham os olhos para as coisas ruins. Acho o Kevin Smith um cara de fases. Fez algo legal com o Arqueiro Verde, um arco bom com o Demolidor….mas só fez merda com o Batima.
O retorno do Colossus foi novelesco: pra se criar um “momento”, Joss forçou uma situação ao nível do absurdo! Pô, eu vi a Kitty jogar as cinzas do Peter fora!!!!
Bem-vindo a Marvel. Diferente da DC que fica com putaria se volta com alguém ou não, a Marvel simplesmente chuta o pau da barraca.
Curti para caramba a cena do wolverine de manhã na cozinha quando vê (e interpreta, cheira, sei lá) o Colossus e a Kity com a cara de, “sim, fizemos sexo” hehehe
você diz aquele vilão cretino chamado silêncio do Batima? Nem li, não gostei da resenha na época.
Pro arqueiro verde, ele criou o vilão Onomatopeia, e depois re-utilizou ele em uma historia de merda do batima chamada Cacofonia. Totalmente dispensável. O Silêncio foi criado pelo Jim Lee e Jeph Loeb (dupla de merda) e só foi bem utilizado quando o Paul Dini escreveu ele…
Jota, Joss é especialista em dinâmica em grupo. Tanto nos x-men, nos seriados que produziu (a maioria é de grupo e até angel que era para ser um solitário, ganhou um grupo) e os próprios vingadores (com o maçante capitas evans), ele soube dar atenção certa para cada personagem e na dosagem certa. Diferente de Singer que tornou patético o Cyclope no primeiro filme, inútil no segundo e no terceiro matou.O cara manja dos “paranaue”..
“O Synger não gosta de mulher, ele gosta mesmo é do
BátemaWolverine.”Acho que o Singer errou mesmo: ele deveria ter matado o Ciclope no primeiro filme.
Em relação a passagem do Joss em X-Men, ajuda nesse endeusamento o fato de muitas histórias ruins serem produzidas com os mutantes.
Pra ficar no exemplo só de Astonishing X-Men, depois do Joss o nível da revista caiu consideravelmente. Tanto é que a revista se despediu em baixa.
Adquiri esse encadernado da Salvat e gostei bastante. Meio previsível em algumas passagens como citado, mas com muitos bons momentos. E a arte do Olivier Coipel está sensacional.
Mas achei os encadernados anteriores de Aranha e X-Men mais adequados à proposta da coleção, porque as histórias apresentadas são mais fechadas.
Cheguei a ter os dois primeiros encadernados. A questão da salvat é justamente essa: ou pega arcos bem fechadinhos, ou aumenta o número de páginas e faz um encadernadão ou faz o que estão fazendo: só para ter a saga lá, seja completa ou incompleta.
Pois é, ou então serve de chamariz pras pessoas adquirirem os encadernados maiores já publicados pela Panini.
Mas os encadernados da Panini são exatamente os mesmos…
Não sabia, achava que o da Panini tinha mais páginas.
Curti bastante esse arco. Pena que Straczynski sabe começar histórias, mas não terminá-las ( vide Poder Supremo ).
Putz… Não vi Poder Supremo, mas gastei meus bônus todos com Rising Stars…
Straczynski, quando erra, erra feio, como aquele arco do Superman caminhando pelos EUA (a idéia foi ousada, inteligente e começou interessante, mas o desenvolvimento parecia uma batata quente que terminou muito mal). Ou mesmo a reinvenção da história do azulão em Terra Um.
Porém, quando acerta, como em Surfista Prateado: Réquiem – uma das mais belas hqs que já li, consegue desenvolver trabalhos excelentes.
E esses traços europeus? Se tem um país onde os caras sabem desenhar fantasia, terras montanhosas encantadas, castelos e grandes batalhas vikings é a França, vide os grandes lançamentos na bande dessiné por lá.
Concordo plenamente. Hoje, na realidade, eu tenho um problema sério com o impronunciável. Sempre que vejo que ele será o argumentista, me lembro dos filhos da Gwen…