Iluminamos: Supercrooks

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Escrevo sobre a influência do que acabo de ler, sem maiores divagações. O objetivo aqui é apenas compartilhar um sentimento. Nada daquelas trojânicas flores de gratidão do Facebook. É papo reto e sem rodeios: Mark Millar continua jogando (e bem) pra platéia.

Como o casca-grossa refinado dos traços Bryan Hitch diz (na introdução do encadernado lançado pela Panini) sobre o estilo Millar de contação de histórias, de “te surpreender com uma nova pegada a partir de algo familiar”.

Supecrooks  é um filme de assalto, em quadrinhos. Diabos, Millar vendeu o conceito para o cinema antes de realizar a HQ. Será que além de ganhar uma boa grana ele deseja espalhar a mensagem da nona arte? Quem sabe?

*Glenda. He ho ho.

A trama? Pense num filme de assalto. Com super-heróis, mas estrelado (suprema ironia, Glenda*) por supervilões.  Conhece o clichê do último golpe? É a base. E como é da lavra de Mark Millar, espere por alguns personagens charmosos e leais, e outros implacáveis filhos da mãe em lados opostos, muitas vezes cooperando.

O ritmo é impressionantemente fluente (não espere menos de Leinil Yu, um dos melhores desenhistas que passaram pelos X-Men). Os personagens são desenvolvidos somente até o necessário para o desenrolar da história. Originalmente, trata-se de uma minissérie em 4 edições, cuja trama muitos fãs de quadrinhos da Marvel ou DC poderiam ver facilmente contada em 6 ou 8 edições dessas editoras. Mas se há uma coisa que Millar deve ter exercitado na sua busca por Hollywood, é o quanto de impacto que uma história pode causar, e o quanto a coesão/concisão pode ajudá-la nisso.

No fim das contas, é sabido que nós, os costumeiros fãs de quadrinhos, nos apegamos aos pequenos detalhes. E, independente de existir ou não um ‘universo Millar’ ou ‘Millarworld’, em que todas as minisséries do selo acontecem na mesma realidade, é curioso descobrir as pequenas nuanças que abrilhantam esse continuum espaço-tempo, como o fato dos vilões detentores de superpoderes encontrarem-se no mesmo patamar de terroristas (ou no mínimo párias sociais), sendo os alvos prioritários do controle dos aeroportos, por exemplo.

A importância dada aos providos de poderes psíquicos possui grande carga simbólica também, mostrando que, em que pese toda a explosão de músculos e testosterona, o que importa é mesmo usar a cabeça, sempre.

O mais importante de tudo, porém, era fazer com que vocês soubessem que se trata de um belo exemplar de quadrinhos: Autocontido, insano, estranho, violento e extremamente sagaz. Se isso fizer vocês correrem pra ler esta maldita HQ, não teremos perdido nosso tempo aqui!

Rodrigo Sava

Arqueólogo do Impossível em alguma Terra paralela

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