Tem certos filmes que você sabe que vão demorar pra sair da sua cabeça…
Comprado em um daqueles impulsos típicos de colecionador, este filme estacionou algumas semanas na estante ao lado do aparelho de dvd, aguardando na fila mental que eu faço para minhas horas nerds (que inclui HQs, livros, filmes, podcasts, etc.). Confesso que não estava em uma posição muito confortável.
Acho que isso se deveu ao fato de que projetos que se propõem a explorar a ideia de como seria o mundo se realmente existissem super-heróis não são nenhuma novidade. Na verdade, esta foi uma das bases do Universo Marvel quando de sua criação nos já longínquos anos 1960. Afinal, o que ainda há pra se ver dentro desta premissa? Já usaram todo tipo de abordagem possível, desde obras sérias (como Watchmen) até comédia pastelão (Super-Herói, O Filme).
Mas não é que, quando chegou a sua vez, Super terminou se revelando um filme bem melhor do que eu esperava?
Uma coisa bacana é que o filme (que possui uma boa trilha sonora, diga-se de passagem) é uma comédia e tem seus momentos completamente non sense, mas estes se adequam à personalidade de Frank (Rainn Wilson), um sujeito melancólico, conformado e dado a sofrer alucinações as mais estranhas possíveis.
Tendo como únicos pontos de destaque a sua feiura e completa falta de traquejo social, o chapeiro de lanchonete Frank, por uma dessas coincidências do destino, terminou se casando com uma mulher linda (Liv Tyler), que buscou neste relacionamento a força que precisava pra se livrar da dependência química. No entanto, como era de se esperar, as coisas não dão certo e ela tem uma recaída, se afasta de Frank e, por fim, o abandona pelo traficante boa pinta Jacques (Kevin Bacon), deixando o feioso completamente transtornado e crente de que o criminoso estaria usando as drogas pra destruir a personalidade de sua bela esposa.
Frank assiste na TV uma adaptação tosca de um super-herói católico estúpido (o Vingador Sagrado, corretamente interpretado por Nathan Fillion) que o convence de que qualquer um pode ser um super-herói e “fazer a sua parte”, desde que escolha este caminho. Depois de uma alucinação em que seu cérebro era literalmente tocado pelo dedo de Deus, ele começa a frequentar a comic shop do bairro (até então, ele não era leitor de HQs) para descobrir, com a ajuda da nerd desbocada Libby (Ellen Page) como se tornar um “super-herói sem poderes”. Ele cria um uniforme e adota a identidade secreta de Crimson Bolt, cuja arma é uma chave inglesa.
Depois de uma curta carreira heroica sem muito glamour (ele passa noites inteiras escondido atrás de grandes latas de lixo, esperando um crime acontecer) ou cuidado (só de olhar pra ele os vilões descobrem a sua identidade secreta), ele acaba recebendo, ainda que à contragosto, a ajuda de Libby, que adota a identidade de Boltie. No clímax do filme, a improvável dupla dinâmica resolve ir resgatar a esposa de Frankie da mansão de Jacques, justamente em uma noite em que ele está recebendo mercadoria e tem a sua segurança reforçada.
É claro que o filme tem momentos muito engraçados (os créditos iniciais são hilários, com uma animação que emula os desenhos infantis de Frank). Mas terminaram sendo o que menos me chamou a atenção. Mesmo o tal clímax do filme eu considerei o momento “ah, merda!” da história, pois ficou parecendo uma versão de Kick-Ass. Agora, o epílogo…
Arrasador, eu diria. É um daqueles que eu vou sempre lembrar. Coroou o trabalho fantástico de Rainn Wilson e mostra a capacidade de James Gunn de sensibilizar de forma direta, sem aqueles discursos piegas bobocas. Para mim, foi extremamente forte ver Frank observando os “troféus” de sua carreira como vigilante, alguns anos depois, e, como acontece com tantos de nós, se tocando – muito, muito tarde – como a fixação em alguns objetivos ou pessoas nos fazem esquecer ou ignorar algo ou alguém de quem depois iremos sentir muita, muita falta.
Bom, agora o dvd está guardado em um lugar de honra no meu armário.
“Calaboca, crime!”
“Não se fura filas. Não se vende drogas. E também não se molesta crianças. Não se lucra em cima da miséria dos outros.
As regras foram determinadas há muito tempo. E ELAS NUNCA MUDAM!”
Essa parte é foda.
É mesmo. Só achei chato mesmo o momento Kick-Ass, mas o final salvou tudo!
bizarro, mas surpreendente. Melhor que o Kick Ass.
Fato.
na essência, é mais fiel a Kick Ass que o filme do Kick Ass. E já que citaste tal semelhança, eu percebi ela bem mais forte no começo da carreira (quando as rondas dele não dão em nada) do Crimson Bolt do que no clímax do filme.
Vi o trailler e achei tosco, quando vi achei genial.
CALABOCA, CRIME!
Cara, fico rindo sozinho só de lembrar desse grito de guerra…