Iluminamos: Sankarea – kawaii zombie

Um dos efeitos colaterais de ser um tr00 otaku lolicon hardcore thug style stronda é a suscetibilidade às coisas fofinhas. É inevitável! Após ler trocentos mangás, assistir dezenas de animes e tirar fotos de/com não-sei-quantas otakas seminuas fazendo cosplay, o sujeito se torna praticamente DEPENDENTE de fofura para viver (e não me refiro àquele biscoito que causa câncer). É a mais pura verdade, os homens otakus são basicamente otomen – termo retirado do mangá homônimo de Aya Kanno que serve para designar os caras, heterossexuais, diga-se de passagem, que têm gostos que o senso comum (japonês) consideraria femininos (cozinhar, costurar, ler mangás shoujo e, pasmem os senhores (!), gostar de doces).

Pode parecer uma contradição – afinal, como o cara é um tarado fappador (não confundir com farpador) e ao mesmo tempo gostar dessas coisas de frescos? –, mas tudo é possível na cultura japonesa e essa, nem de longe, seria a coisa mais estranha que já veio da terra do sol nascente. Acontece que, de vez em quando, artistas e escritores japoneses se aproveitam dessa atmosfera de deliciosas contradições da cultura nipônica para dar vida a suas obras e, de quebra, brincar um pouco com a cabeça do leitor.

Foi exatamente isso que Hattori Mitsuru fez em Sankarea. Na trama, a protagonista, Rea Sanka (ou Sanka Rea na grafia japonesa de nomes próprios em que o sobrenome vem na frente), a menina mais doce já desenhada numa história em quadrinhos, encarna a representação (bem clichê) da pobre menina rica. Filha de um pai superprotetor (para dizer o mínimo, como será visto no decorrer dos capítulos), ela passa sua vida cercada numa prisão de luxo que é a mansão em que mora, cercada de empregados que são praticamente seus carcereiros e só pode sair para ir à escola. Um colégio só para meninas de propriedade de sua família e administrado por sua madrasta.

Obviamente a história não fica só nessa lamentação e ocorre algo que muda a situação da pobre Rea. Em uma de suas escapadas noturnas ela conhece Chihiro Furuya, filho de um sacerdote budista, que possui uma estranha peculiaridade, ser obcecado por zumbis. Só que ele não é o típico fanboy que se contenta em colecionar material relacionado aos mortos-vivos. Quando Rea o encontra, ele está no meio de um experimento tentando reviver seu gato de estimação seguindo os passos de um “manual” que ensinaria a produzir uma poção, ou soro, de ressurreição/reanimação. A experiência dá certo e os dois se tornam amigos (ou algo mais) a partir do interesse mútuo por zumbis e pelo carinho pelo bichano, Babu-chan.

Infelizmente, o pai da garota descobre esses encontros secretos e a proíbe de sair completamente. Isso resulta numa fuga desesperada de Rea, incluindo uma tentativa de suicídio tomando a tal poção de reanimação, e a subsequente queda de um precipício que a mata instantaneamente (as imagens são bem chocantes… para uma comédia romântica, claro!). Assim, Rea passa a ser uma (linda) garota zumbi morando com Chihiro e sua família – O SONHO DE 15 ENTRE 10 NERDS (onanistas ou não). É ou não é?

Uma mistura de comédia romântica e terror, Sankarea flerta com os estereótipos dos dois gêneros, mas, no todo, traz uma história bastante interessante e, ouso dizer, até original (lembrando que o livro “Warm Bodies” que resultou num filme de mesmo nome, a ser lançado no ano que vem, é de 2010, enquanto o mangá é de 2009). Diferente de outros trabalhos de Mitsuru, como Inu Neko Jump e Umisho, a trama desta história em quadrinhos é um pouco mais densa, adquirindo tons bastante dramáticos em certos momentos. Há um certo “ar trágico” que permeia os capítulos, pois, para o leitor, fica sempre a sensação de que o amor puro dos protagonistas pode nunca se realizar em decorrência da fragilidade/instabilidade dessa “sobrevida-zumbi” e dos problemas cotidianos de um corpo em decomposição. Tudo isso, em contraste com a doçura de Rea, proporciona uma apreensão no leitor capaz de cortar o coração (com trocadilho).

É mais ou menos assim, a tragédia está toda ali, mais do que anunciada, ela já se desenvolveu completamente. Porém, ao mesmo tempo, por se tratar de uma comédia romântica, há sempre a esperança de que as coisas deem (mais ou menos) certo no final. Mas vai saber o que passa na cabeça desses amarelos sádicos FDPs?! Rsrs

Enquanto a narrativa quase nos mata de incerteza, os desenhos proporcionam um alívio mais do que bem-vindo. Versado como poucos na arte do ecchi e do fanservice, Mitsuru brinda os leitores com as mais descaradas poses e os mais indecorosos ângulos. Seus personagens masculinos sofrem de certa caricaturização excessiva, contudo as femininas são dignas de nota, fazendo com que o mangá valesse a pena mesmo se a história fosse insípida.

O mangaká mostra com quantos traços se faz uma beldade e não tem vergonha de demonstrar todo o seu apreço pelas curvas e sinuosidades do corpo feminino em toda a sua glória e esplendor – isso sem ser vulgar (embora meus padrões de vulgaridades sejam incrivelmente baixos). Em suas representações há espaço tanto para a voluptuosidade característica de desenhistas como Hiro Mashima e Oh Great-sama, quanto para algo mais delicado no melhor estilo Ken Akamatsu, vide a protagonista Rea.

Ranko, a prima sexy apaixonada por Chihiro,Rea, a protagonista, e claro, Mero-chan, a irmãzinha de Chihiro T_T Obrigado, Mitsuru-sensei!

Publicado na revista Bessatsu Shounen Magazine, o mangá sai mensalmente no Japão e se encontra atualmente no 32º capítulo, possuindo seis encadernados. Provavelmente é um pouco cedo para ser lançado no Brasil, mas parece ser uma ótima pedida para o público daqui por causa da temática e principalmente da arte de Mitsuru. Sankarea vai agradar os Erotakus de plantão (como eu, não preciso nem dizer), pelas razões descritas acima, e também às menininhas incautas (culpado novamente) que gostam de romances impossíveis e heroínas kawaii. Quem quiser conferir, a galera do Falcon está traduzindo tudo para o português. (Corre Negada!)

Há também um anime recém-lançado (abril de 2012). A série, contendo doze episódios e um OVA, foi produzida pelo Studio Deen e faz jus aos níveis de refrescância (quem leu Ouran conhece a expressão) do mangá e pode ser acompanhada sem moderação. É possível achá-la vasculhando o iutubio, mas o pessoal do Urameshi reuniu os episódios num só post.

Caso a pífia argumentação deste humilde blogayro ou as polpudas imagens que recheiam esta postagem não sejam suficientes para convencê-los, darei uma amostra do que os espera com o primeiro episódio do anime, legendado e na íntegra.

Sankarea  01e01

Se você não se apaixonar por essa abertura, meu caro, você está mais morto que um zumbi!

Zé Messias

Jornalista não praticante, projeto de professor universitário, fraude e nerd em tempo integral cash advance online.

Este post tem 2 comentários

  1. Yuri

    acho que estou morto que nem 1 zumbi… Mas 1 zumbi másculo que nem o de The Walking Dead

  2. Rique223

    Alguem mostre um episodio de the walking dead para o criador desse anime

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