Iluminamos: Preacher – Rumo ao Sul

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Você gosta do Cassidy? Prato cheio!

"Mais tarde eu falo pra ele que o livro é bisonho demais. Ele se emproa todo e diz que é tarefa dos pioneiros confrontar o lado escuro da humanidade com ficção de terror. Senão, como o resto de nós vai entender? Então eu cato o New York Times e jogo na cara dele: crack, homicídio, prostituição, estupro, genocídio... Foda-se a ficção de terror. Se quiser confrontar, tá tudo aí!" - Amy -
“Mais tarde eu falo pra ele que o livro é bisonho demais. Ele se emproa todo e diz que é tarefa dos pioneiros confrontar o lado escuro da humanidade com ficção de terror. Senão, como o resto de nós vai entender? Então eu cato o New York Times e jogo na cara dele: crack, homicídio, prostituição, estupro, genocídio… Foda-se a ficção de terror. Se quiser confrontar, tá tudo aí!” – Amy –

No quinto encadernado de luxo da série Preacher, a Panini colocou uma das histórias especiais que ficaram de fora do volume anterior. Cassidy – Sangue e Uísque começa com o irlandês beberrão tendo alguns problemas com as autoridades e chegando a New Orleans, onde encontra outro vampiro, o primeiro desde aquele que o transformou. Eccarius, no entanto, tenta fazer jus às criaturas mostradas em livros clássicos e filmes antigos: fala empolado, usa capa preta e lentes de contato vermelhas e… dorme em um caixão! Pra piorar, ele tem uma legião de seguidores (e, lembrem-se, estamos em um tempo pré-Twitter), Les Enfants du Sang, um grupo de playboyzinhos e patricinhas mimadas que sonham com a imortalidade vampiresca e, visando um dia serem transformados, o idolatram. Cassidy termina arrastando o colega para uma noite de farra e mostra pra ele que se pode ser um vampiro e,ao mesmo tempo, uma pessoa “quase” normal. A satisfação de encontrar um “igual” se tornará perigosa, no entanto, quando descobrir que mesmo um um completo idiota pode ser letal.

Uma história divertida, sustentada pelo carisma do personagem principal.

"Me lembrou quando eu tinha oito anos e os meninos não me deixavam brincar de soldado. Porra, eu tinha mais gibi do Sargento Rock que qualquer um deles, e sabia de cor todas as falas de Uma Batalha no Inferno. Mas não, cê não pode brincar. É só uma menina. E, quando voc~e me largou naquele motel pra partir pra sua aventura de menino, me senti tão inútil e vazia quanto eles me fizeram sentir tanto tempo atrás." - Tulipa -
“Me lembrou quando eu tinha oito anos e os meninos não me deixavam brincar de soldado. Porra, eu tinha mais gibi do Sargento Rock que qualquer um deles, e sabia de cor todas as falas de Uma Batalha no Inferno. Mas não, cê não pode brincar. É só uma menina. E, quando você me largou naquele motel pra partir pra sua aventura de menino, me senti tão inútil e vazia quanto eles me fizeram sentir tanto tempo atrás.” – Tulipa –

Mas não descartável, pois Cassidy – Sangue e Uísque traz personagens e elementos que serão utilizados no próximo arco da série principal, Rumo ao Sul. Depois de enfrentar o Graal, resgatar Cassidy e conhecer um pouco da origem do amigo vampiro, Jesse Custer faz as pazes com Tulipa, tem seu tão esperado confronto com o Cara de Cu e, finalmente, retoma as buscas por Deus. Para tanto, procura outro amigo de Cassidy – sim, porque isso deu muito certo antes – em New Orleans. Xavier é um especialista em vodu que propõe colocar Custer em um transe durante o qual será possuído por um deus-serpente que lhe dará acesso ao conhecimento presente em Gênesis que o não-tão-bom pastor não consegue alcançar. Durante o ritual, que se dá no meio de uma floresta, Custer descobrirá coisas sobre o próprio Gênesis, o Santo dos Assassinos e Deus.

"Ele pisou na bola. Fodeu com as pessoas. Tem que ser confrontado com isso. Encare assim: Ele é só outro filho da puta." - Jesse Custer -
“Ele pisou na bola. Fodeu com as pessoas. Tem que ser confrontado com isso. Encare assim: Ele é só outro filho da puta.” – Jesse Custer –

Enquanto o pastor se encontra fora do ar, o local é atacado pelos Les Enfants du Sang, que querem se vingar de Cassidy e, ao mesmo tempo, fazer com que este realize o maior desejo da gangue: transformá-los em vampiros.

"Veja, o carinha é o mais burro e lamentável filho da puta nesta terra, um atestado do senso de humor d Deus. É o Cara de Cu... mas é um garoto solitário e assustado longe de casa. E eu não tenha a manha de virar as costas pro pobre-diabo." - Jesse Custer -
“Veja, o carinha é o mais burro e lamentável filho da puta nesta terra, um atestado do senso de humor de Deus. É o Cara de Cu… mas é um garoto solitário e assustado longe de casa. E eu não tenho a manha de virar as costas pro pobre-diabo.” – Jesse Custer –

Sendo bem sincero, é um arco meio paradão, em que pouca coisa realmente acontece e o que acontece não seja a chega a ser realmente empolgante. Mas Garth Ennis e Steve Dillon seguram bem as pontas e conseguem manter a nossa atenção, apostando em três pontos.

"As pessoas não gostam da verdade, aí é que tá. Mentir é mais fácil. Livra a gent de encarar problemas mais tarde. De fazer o certo em vez do errado. (...) Odeio mentiras, Cass, principalmente as minhas. Elas nos fazem rastejar na terra quando a gente podia e devia subir às estrelas." - Jesse Custer -
“As pessoas não gostam da verdade, aí é que tá. Mentir é mais fácil. Livra a gente de encarar problemas mais tarde. De fazer o certo em vez do errado. (…) Odeio mentiras, Cass, principalmente as minhas. Elas nos fazem rastejar na terra quando a gente podia e devia subir às estrelas.” – Jesse Custer –

Um deles é Tulipa e sua necessidade de provar que não precisa ser “protegida” por Jesse. Para mostrar sua força, ela toca o terror com Les Enfants du Sang, que tentam sequestrá-la. É sério: ela não fica devendo nada aos piores (ou melhores, depende do ponto de vista) personagens do cinema brucutu dos anos 80. Achei exagerado e não consegui sentir grande empatia pela personagem e sua vontade de mostrar que pode se cuidar. Afinal, Jesse tem seus motivos para se preocupar com ela.

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Outro ponto é Cassidy. Num processo de desconstrução, Ennis vai aos poucos mostrando que o vampiro descolado e gente boa não é tão legal assim. Coisas que ficaram meio no ar em arcos anteriores e que mostram um lado desagradável da personalidade do irlandês começam a vir à tona. E é apenas um prelúdio do que ainda está por vir e que, sinceramente, me fez nutrir mais do que uma simples antipatia pelo personagem.

"Detesto Cassidy. Depois do que provocou, não me resta escolha a não ser odiá-lo. Mas, na verdade, no fundo do coração, e mesmo depois de tudo o que aconteceu... Sinceramente, não creio que ele seja um homem mau. Só leviano e inconsequente. E fraco, terrivelmente fraco." - Xavier -
“Detesto Cassidy. Depois do que provocou, não me resta escolha a não ser odiá-lo. Mas, na verdade, no fundo do coração, e mesmo depois de tudo o que aconteceu… Sinceramente, não creio que ele seja um homem mau. Só leviano e inconsequente. E fraco, terrivelmente fraco.” – Xavier –

O último é o surgimento de mais informações à respeito do que podemos chamar de “trama oculta”. São informações que vão sendo distribuídas aos poucos, mostrando que Preacher é série de tv (das boas, claro, nível HBO) e não filme de ação! Assim, Rumo ao Sul se torna um arco que, mesmo não estando no nível de alguns outros, é importante dentro da compreensão da história como um todo. Como deve ser toda boa narrativa em série!

Preacher - Rumo ao Sul. Roteiro: Garth nnis. Arte: Steve Dillon. Editora original: DC Comics - Selo Vertigo. Editora no Brasil: Panini. Formato americano, acabamento em capa dura, 232 páginas, R$ 64,00.
Preacher – Rumo ao Sul. Roteiro: Garth Ennis. Arte: Steve Dillon. Editora original: DC Comics Selo Vertigo. Editora no Brasil: Panini. Formato americano, acabamento em capa dura, 232 páginas, R$ 64,00.

JJota

Já foi o espírito vivo dos anos 80 e, como tal, quase pereceu nos anos 90. Salvo - graças, principalmente, ao Selo Vertigo -, descobriu nos últimos anos que a única forma de se manter fã de quadrinhos é desenvolvendo uma cronologia própria, sem heróis superiores ou corporações idiotas.

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