Iluminamos: Preacher – Orgulho Americano

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Britânicos falando do Orgulho Americano? O que esperar?

Como visto em Até o Fim do Mundo, Starr, o Supremo Inquisidor do Graal, agência religiosa que controla boa parte das maiores autoridades políticas do planeta e pretende assumir diretamente o poder mundial através de um falso Apocalipse, cometeu um erro durante a sua tentativa de capturar Jesse Custer. É este erro que termina por levar o antigo pastor à França, a fim de enfrentar o vilão em sua base, Masada.

"Van Patten tava pedindo pra morrer. Era um otário de universidade de elite e de uma puta família de banqueiros, Só que, enquanto os outros pais ricos compravam as dispensas dos filhos, ele fez o pai mexer os pauzinhos pra ser mandado ao Vietnã. Ele usava as divisas de oficial no campo de batalha por não saber que eram isca pra atirador. E tava morto de medo, até ele sabia que tinha feito maior cagada da vida. Mas sentia que tinha alguma coisa pra provar. Era um filho da puta perigoso." - Astronauta -
“Van Patten tava pedindo pra morrer. Era um otário de universidade de elite e de uma puta família de banqueiros, Só que, enquanto os outros pais ricos compravam as dispensas dos filhos, ele fez o pai mexer os pauzinhos pra ser mandado ao Vietnã. Ele usava as divisas de oficial no campo de batalha por não saber que eram isca pra atirador. E tava morto de medo, até ele sabia que tinha feito maior cagada da vida. Mas sentia que tinha alguma coisa pra provar. Era um filho da puta perigoso.” – Astronauta –

Mas, antes de mergulhar na ação, temos mais uma parada na narrativa principal: Jesse faz uma escala em um aeroporto, onde conhece o Astronauta, um ex-combatente que serviu com o seu pai no Vietnam. Surge, assim, a oportunidade para Garth Ennis abordar uma de suas temáticas preferidas – guerra – dentro da sua ótica toda particular. Por incrível que pareça, no entanto, não é um mero exercício de escrotidão: a tensa relação entre soldados americanos, principalmente entre recrutas e oficiais e sub-oficiais, era uma realidade no sudeste da Ásia.

"Não que eu duvide da grande supremacia do chesseburger americano, mas reconheço que o povo daqui sabe grelhar uma carne. Não são bons de ganhar guerra ou de, digamos, humildade, mas acho que ninguém é perfeito...." - Jesse Custer -
“Não que eu duvide da grande supremacia do chesseburger americano, mas reconheço que o povo daqui sabe grelhar uma carne. Não são bons de ganhar guerra ou de, digamos, humildade, mas acho que ninguém é perfeito….” – Jesse Custer –

Enquanto Jesse e sua namorada Tulipa – que o acompanha apesar do apelos dele pra que ela fique em segurança – estão caçando Starr (que já descobriu o erro que cometeu), está por sua vez sendo caçado pelo Santo dos Assassinos, inconformado com sua missão não cumprida.

"De minha parte eu também corto fora pica de um ou outro sujeito. Mas, porra, eu sempre deixo um toquinho pra eles mijarem. Mas aqueles russos eram selvagens pra caralho. Levaram o último centímetro de salame. Tudo bem que me deixaram o saco, mas o que faço com as bolas sem nada por onde esvaziar?" - Frankie, o Eunuco -
“De minha parte eu também corto fora pica de um ou outro sujeito. Mas, porra, eu sempre deixo um toquinho pra eles mijarem. Mas aqueles russos eram selvagens pra caralho. Levaram o último centímetro de salame. Tudo bem que me deixaram o saco, mas o que faço com as bolas sem nada por onde esvaziar?” – Frankie, o Eunuco –

A situação se complica para todos os envolvidos, pois Custer e Starr não contavam com a presença do Grande Pai D’Aronique, líder do Graal, que suspeita das atividades de seu subordinado ao mesmo tempo que possui razões bastante pessoais para odiar o antigo pregador.

"Seja filho de Deus ou filho do homem, Marseille, não dá pra comer a sua irmã e esperar que saia coisa que preste." - Herr Starr -
“Seja filho de Deus ou filho do homem, Marseille, não dá pra comer a sua irmã e esperar que saia coisa que preste.” – Herr Starr –

Ele ordena um duelo entre Starr e Custer, que termina com o primeiro fugindo em direção ao calabouço, onde terminam encontrando o Santo dos Assassinos. Este poupa a vida de Jesse em troca de uma revelação que lhe é feita pela fonte dos conhecimentos que Starr possui sobre tudo o que ocorreu no Paraíso.

"Homem de Deus, homem de Deus... Sabe o que está enfrentando? Sou o Grande Pai. Este é o Graal. Cabe a nós guardar o sangue do Cordeiro. Para Moldar o mundo de modo a receber esse sangue, para construir um apocalipse por nós projetado, fizemos e faremos de tudo. A terra segue girando conforme os nossos desígnios. Ao fim de todo dia, todo líder de toda nação telefona para um número passado por mim. Quando eu atendo, cada um simplesmente diz... 'Obrigado'." - D'Aronique -
“Homem de Deus, homem de Deus… Sabe o que está enfrentando? Sou o Grande Pai. Este é o Graal. Cabe a nós guardar o sangue do Cordeiro. Para Moldar o mundo de modo a receber esse sangue, para construir um apocalipse por nós projetado, fizemos e faremos de tudo. A terra segue girando conforme os nossos desígnios. Ao fim de todo dia, todo líder de toda nação telefona para um número passado por mim. Quando eu atendo, cada um simplesmente diz… ‘Obrigado’.” – D’Aronique –

Quando se imagina que não pode piorar, o grande vilão da série – adivinhem! – surge e a coisa escapa de vez do controle, mas Custer consegue fugir com seu objetivo. A edição fecha com a “origem” de Cassidy, em duas partes, que narra para seu amigo como foi transformado em vampiro e se mudou para a América. Há algumas diferenças entre o que é narrado e o que é visto e temos algumas “participações especiais” com algumas figuras históricas. Especiais, claro, não são necessariamente lisonjeiras…

"Ninguém nunca me escarneceu que nem você, moço. Te persegui com afinco demais pra não sentir o gostinho de te ver suar frio. Só que não existe nenhum prazer nisso. Não é o certo. Mas é certo pra diabo que é assim que a coisa tem que acabar." - O Santo dos Assassinos -
“Ninguém nunca me escarneceu que nem você, moço. Te persegui com afinco demais pra não sentir o gostinho de te ver suar frio. Só que não existe nenhum prazer nisso. Não é o certo. Mas é certo pra diabo que é assim que a coisa tem que acabar.” – O Santo dos Assassinos –

Apesar de ter mais algumas “paradas” por conta de (mais) três edições de flashbacks – e de, assim como na edição anterior, não avançar em nada no que se acreditava ser a trama principal do título (a busca por Deus) -, Orgulho Americano está cheio de ação, em bom volume. Também traz uma dose satisfatória de revelações que ajuda o leitor a desvendar um pouco da trama montada pelos autores.

"Deus se foi, o reino eterno tá um cu de cobra feito qualquer um dos governos de merda da terra. Agora, mais do que nunca, é preciso haver ordem." - Herr Starr -
“Deus se foi, o reino eterno tá um cu de cobra feito qualquer um dos governos de merda da terra. Agora, mais do que nunca, é preciso haver ordem.” – Herr Starr –

Garth Ennis – famoso pela linguagem suja e imaginação imunda – emociona em algumas passagens e, claro, não deixa de entregar pelo menos um personagem escrotíssimo: o sádico Frankie, o Eunuco. Steve Dillon continua sendo Steve Dillon, com suas qualidades e limitações, que, dependendo do leitor, o fazem adorado ou não. Eu, particularmente, gosto muito do trabalho dele.

"Nunca consigo dar adeus, Jesse." - Cassidy -
“Nunca consigo dar adeus, Jesse.” – Cassidy –

A edição da Panini – a última que faltava na minha coleção! – mantém o padrão de qualidade das demais lançadas pela editora, com capa dura e papel de qualidade. Ainda acho que a tradução da editora é por demais “comportada”, não passando o clima do original (The Boys é bem melhor nessa parte!). Mas nada que realmente incomode. O encadernado ainda é facilmente encontrado em alguns sites, até com descontos generosos.

Pracher - Orgulho Americano. Roteiro de Garth Ennis. Arte de Steve Dillon. Cores de Matt Hollingsworth. Editora original DC Comics (Vertigo). Editora no Brasil Panini. Foramto americano, 236 páginas, R$ 65,00.
Preacher – Orgulho Americano. Roteiro de Garth Ennis. Arte de Steve Dillon. Cores de Matt Hollingsworth. Editora original DC Comics (Vertigo). Editora no Brasil Panini. Foramto americano, 236 páginas, R$ 65,00.

 

JJota

Já foi o espírito vivo dos anos 80 e, como tal, quase pereceu nos anos 90. Salvo - graças, principalmente, ao Selo Vertigo -, descobriu nos últimos anos que a única forma de se manter fã de quadrinhos é desenvolvendo uma cronologia própria, sem heróis superiores ou corporações idiotas.

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