Britânicos falando do Orgulho Americano? O que esperar?
Como visto em Até o Fim do Mundo, Starr, o Supremo Inquisidor do Graal, agência religiosa que controla boa parte das maiores autoridades políticas do planeta e pretende assumir diretamente o poder mundial através de um falso Apocalipse, cometeu um erro durante a sua tentativa de capturar Jesse Custer. É este erro que termina por levar o antigo pastor à França, a fim de enfrentar o vilão em sua base, Masada.
Mas, antes de mergulhar na ação, temos mais uma parada na narrativa principal: Jesse faz uma escala em um aeroporto, onde conhece o Astronauta, um ex-combatente que serviu com o seu pai no Vietnam. Surge, assim, a oportunidade para Garth Ennis abordar uma de suas temáticas preferidas – guerra – dentro da sua ótica toda particular. Por incrível que pareça, no entanto, não é um mero exercício de escrotidão: a tensa relação entre soldados americanos, principalmente entre recrutas e oficiais e sub-oficiais, era uma realidade no sudeste da Ásia.
Enquanto Jesse e sua namorada Tulipa – que o acompanha apesar do apelos dele pra que ela fique em segurança – estão caçando Starr (que já descobriu o erro que cometeu), está por sua vez sendo caçado pelo Santo dos Assassinos, inconformado com sua missão não cumprida.
A situação se complica para todos os envolvidos, pois Custer e Starr não contavam com a presença do Grande Pai D’Aronique, líder do Graal, que suspeita das atividades de seu subordinado ao mesmo tempo que possui razões bastante pessoais para odiar o antigo pregador.
Ele ordena um duelo entre Starr e Custer, que termina com o primeiro fugindo em direção ao calabouço, onde terminam encontrando o Santo dos Assassinos. Este poupa a vida de Jesse em troca de uma revelação que lhe é feita pela fonte dos conhecimentos que Starr possui sobre tudo o que ocorreu no Paraíso.
Quando se imagina que não pode piorar, o grande vilão da série – adivinhem! – surge e a coisa escapa de vez do controle, mas Custer consegue fugir com seu objetivo. A edição fecha com a “origem” de Cassidy, em duas partes, que narra para seu amigo como foi transformado em vampiro e se mudou para a América. Há algumas diferenças entre o que é narrado e o que é visto e temos algumas “participações especiais” com algumas figuras históricas. Especiais, claro, não são necessariamente lisonjeiras…
Apesar de ter mais algumas “paradas” por conta de (mais) três edições de flashbacks – e de, assim como na edição anterior, não avançar em nada no que se acreditava ser a trama principal do título (a busca por Deus) -, Orgulho Americano está cheio de ação, em bom volume. Também traz uma dose satisfatória de revelações que ajuda o leitor a desvendar um pouco da trama montada pelos autores.
Garth Ennis – famoso pela linguagem suja e imaginação imunda – emociona em algumas passagens e, claro, não deixa de entregar pelo menos um personagem escrotíssimo: o sádico Frankie, o Eunuco. Steve Dillon continua sendo Steve Dillon, com suas qualidades e limitações, que, dependendo do leitor, o fazem adorado ou não. Eu, particularmente, gosto muito do trabalho dele.
A edição da Panini – a última que faltava na minha coleção! – mantém o padrão de qualidade das demais lançadas pela editora, com capa dura e papel de qualidade. Ainda acho que a tradução da editora é por demais “comportada”, não passando o clima do original (The Boys é bem melhor nessa parte!). Mas nada que realmente incomode. O encadernado ainda é facilmente encontrado em alguns sites, até com descontos generosos.