Iluminamos – Os Supremos 2

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Concordo com o Millar: é incrível o nível de liberdade que foi dado aos autores nesta série!

Já teci minhas considerações elogiosas à “primeira temporada” d’Os Supremos (os “Vingadores” do Universo Ultimate). Apesar do primeiro volume ter deixado grandes expectativas para o que viria a seguir, confesso que me preparei para ver os “supersoldados” da Shield começarem a sua transição para uma versão mais próxima do que vinha sendo feito no universo 616. Afinal, nove em dez vezes que um personagem ou título se torna muito popular, tende a ser “pasteurizado” para poder chamar a atenção da grande massa. Mas Mark Millar e Bryan Hitch resolveram apostar e ver até onde poderiam ir. E puderam ir bem longe.

O roteirista escocês Mark Millar vem chmaando a atenção no universo dos quadrinhos desde os anos 90, com passagens por títulos como Monstro do Pântano, Authority e Ultimate X-Men. Fez algumas ´series de extremo sucesso para as grandes editoras, como Superman - Entre a Foice e o Martelo e Guerra Civil. Vem investindo em criações próprias nos últimos anos, tendo algumas delas sido adaptadas para o cinema (O Procurado, Kick Ass) e outras no caminho para tanto (Superior e Nêmesis). Sua obra mais polêmica foi Chosen - O Escolhido do Senhor, lançada com desenhos de Peter Gross em 2004. Millar promete que a obra terá duas sequências, fechando como uma trilogia.
O roteirista escocês Mark Millar vem chamando a atenção no universo dos quadrinhos desde os anos 90, com passagens por títulos como Monstro do Pântano, Authority e Ultimate X-Men. Fez algumas mini-series de extremo sucesso para as grandes editoras, como Superman – Entre a Foice e o Martelo e Guerra Civil. Vem investindo em criações próprias nos últimos anos, tendo algumas delas sido adaptadas para o cinema (O Procurado, Kick Ass) e outras no caminho para tanto (Superior e Nêmesis). Sua obra mais polêmica foi Chosen – O Escolhido do Senhor, lançada com desenhos de Peter Gross em 2004. Millar promete que a obra terá duas sequências, fechando como uma trilogia.

Na trama, a Shield está surfando na popularidade dos Supremos conquistada com a vitória sobre os Chitauri. Isso inclui deslocar o Capitão América para missões de resgate no Oriente Médio, trabalhar numa versão européia da equipe e iniciar o desenvolvimento de “pelotões especiais” de supersoldados, que incluem “gigantes” e “capitães américa”. Mas as coisas começam a sair dos eixos quando a informação sobre a verdadeira identidade do Hulk é vazada para a imprensa. A opinião pública passa a exigir que Bruce Banner seja levado a julgamento pelas pessoas que matou ao – aparentemente de forma consciente – se transformar no Hulk em plena New York.

“Este NUNCA será um livro para todas as idades. Sei que é a intenção da linha Ultimate em geral, mas o nosso jamais caberá nessa classificação. Sempre continuaremos dando socos; eu felizmente o desenhei pensando em algo mais adulto, elevando a violência superpoderosa e com mais descrições sexuais também.” – Bryan Hitch – 

Um pouco antes disso, Thor havia se desligado do grupo e aumentado o tom de suas críticas à Shield, motivando suspeitas sobre si no caso Banner e colocando as discussão da sua sanidade novamente no centro dos debates. Outros problemas surgem. Hank Pym, o Gigante, é demitido e tem suas pesquisas confiscadas pelo Governo dos EUA. O Gavião Arqueiro desaparece. E o Capitão América é acusado de traição!

O desenhista inglês Bryan Hitch alcançou o estrelato com Os Supremos, mas já vinha chamando a atenção da indústria desde a sua passagem pelo Authority. Seu último trabalho de grande destaque foi a mini-série A Era de Ultron, onde reclamou da concentração do controle criativo nas mãos do roteirista Brian Michael Bendis. Na DC, seu trabalho de maior destaque foi Liga da Justiça - Escada para o Céu, com roteiro de Mark Waid.
O desenhista inglês Bryan Hitch alcançou o estrelato com Os Supremos, mas já vinha chamando a atenção da indústria desde a sua passagem pelo Authority. Seu último trabalho de grande destaque foi a mini-série A Era de Ultron, onde reclamou da concentração do controle criativo nas mãos do roteirista Brian Michael Bendis. Na DC, seu trabalho de maior destaque foi Liga da Justiça – Escada para o Céu, com roteiro de Mark Waid.

“Trama de traição, JJota? De novo?”, vocês dizem. Bom, certa vez eu li um livro em que um personagem afirmava que todas as tramas já tinham sido inventadas e o que fazia uma história ser interessante era a habilidade do escritor de (re)utilizar os, digamos, clichês. Alguns autores o fazem de forma dissimulada, escondendo-os com floreios e/ou bizarrices (Cof! Morrison! Cof! Cof!). Outros são mais honestos e tentam vender sua “montagem” investindo em coisas decentes como ritmo adequado, bons diálogos e personagens bem construídos.  Millar e Hitch apostam na segunda opção. O “lobo escondido no rebanho” deve ser o maior clichê que existe quando se trata de personagens agrupados em uma equipe! Mas aqui funciona. E bem.

“Eu acho que o Jarvis de Os Supremos é o personagem mais sórdido da história dos coadjuvantes. Nós nem sequer vemos o que ele está aprontando, mas sabemos que é ruim e é uma combinação dos reinos humano, animal E inseto.” – Mark Millar – 

Mais uma vez, os autores mostram facetas dos personagens que os tornam verossímeis, humanos. Nick Fury, por exemplo, está, sim, mais do que disposto a que os Supremos sejam usados para missões no Exterior contra “nações hostis”. Chega a provocar revolta ver como ele age quase que seguindo ao pé da letra a forma como Thor, em uma discussão com o Capitão América, avisa que ele atuaria para convencer os Supremos a realizar este tipo de missão. Outro traço de humanidade é a arrogância de Fury, que não pesa as consequências dos seus atos.

Esqueçam aquele galãzinho idiota dos filmes. Eis o verdadeiro Deus do Trovão!
Esqueçam aquele galãzinho idiota dos filmes. Eis o verdadeiro Deus do Trovão!

Os momentos de ação – que não podem mesmo faltar – são excelentes. Thor encarando os Supremos, por exemplo. Aquilo que mostraram no filme sequer arranha a fúria e destruição que podemos ver nesta HQ. O Capitão América sendo capturado pelas tropas de apoio da Shield é outro momento de destaque. E a fuga do Gavião Arqueiro? A revelação do traidor? A execução da sentença do Banner? A grande batalha final, onde conhecemos, enfim, a verdade sobre Thor? Fantásticos.

“Não existe nada mais interessante que um super-herói fracassado. Eu não sei porquê. Mas isto parece ser muito do estilo Marvel para mim. É sobre um perdedor tentando fazer a coisa certa e tudo dando errado.” – Mark Millar – 

Há ainda espaço para que Millar e Hitch tirem sarro das “modinhas” ao mostrar Os Defensores, uma “super”-equipe formada para aproveitar a fama gerada pelos Supremos e tentar ganhar alguns contratos de publicidade. O nível de tosquice visual e pobreza conceitual traz momentos hilariantes.

Os Defensores. Não há palavras, não há palavras...
Os Defensores. Não há palavras, não há palavras…

Como no arco anterior, a história sofre suas desalerações para mostrar os dramas humanos que nem superpoderes conseguem esconder. A veloz deterioração do relacionamento entre o Capitão e a Vespa mostra – o que seus filmes até agora não fizeram – que um homem com o soro de supersoldado nas veias rapidamente poderia se adaptar à tecnologia e às regras de um tempo muito à frente do seu tempo do que às pessoas em si. A discussão entre Banner e Betty, às vésperas do julgamento deste, é outro daqueles momentos que marcam, assim como o desabafo de Rogers para Bucky.

O Gavião Arqueiro, na única versão onde ele não é bucha.
O Capitão América e a Vespa admiram a obra do Gavião Arqueiro.

Falando dos pontos fracos, estranhamente, achei baixo o aproveitamento do Hulk. Claro que isso faz todo o sentido dentro da trama, mas foi uma pena assim mesmo, já que, na primeira temporada, o monstro cinzento foi dono das frases mais hilariantes. Isso até que é contrabalançado com uma maior participação dos irmãos Pietro e Wanda. A arte de Hitch, apesar de continuar na maior parte do tempo bem feita e altamente dinâmica, deixa a desejar em alguns quadros, principalmente nos rostos e em cenas à distância. Nada que comprometa o conjunto, mas chega a chamar a atenção, o que é um ponto negativo. Outro porém é que é inegável que a trama em si lembra muito os primeiros arcos do Authority escritos pelo Warren Ellis.

“Me impressiona como nos foi permitido ser tão políticos. A segunda intervenção na Guerra do Golfo tinha sido iniciada e Bush tinha 80% de aprovação, com a população hasteando bandeiras nos carros. Nós criticamos essa posição imediatamente. Dissemos que a América estava roubando o óleo iraquiano (…) e ninguém nos fez mudar uma vírgula.” – Mark Millar – 

Melhor que o primeiro? Pior? Não julgo. Acho que uma completa a outra muito bem. Vale a pena – e muito – ter as duas.

Os Supremos 2 - Roteiro de Mark Millar - Desenhos de Bryan Hitch - Arte-final de Andrew Currie e Paul Neary - Editora original Marvel Comics - Editora no Brasil Panini - Capa dura - 408 páginas - R$ 89,00
Os Supremos 2 – Roteiro de Mark Millar – Desenhos de Bryan Hitch – Arte-final de Andrew Currie e Paul Neary – Editora original Marvel Comics – Editora no Brasil PaniniExtras: capas originais, alguns esboços e o “comentários dos diretores”. Capa dura – 408 páginas – R$ 89,00

 

JJota

Já foi o espírito vivo dos anos 80 e, como tal, quase pereceu nos anos 90. Salvo - graças, principalmente, ao Selo Vertigo -, descobriu nos últimos anos que a única forma de se manter fã de quadrinhos é desenvolvendo uma cronologia própria, sem heróis superiores ou corporações idiotas.

Este post tem 7 comentários

  1. Caio Egon

    “ninguém nos fez mudar uma vírgula.” não teria porque já que como sempre o Millar deu aquela tipica arregada pra não mostrar o governo americano como vilão

    1. JJota

      Considerando a época, acho que o Millar foi bem longe.

  2. Night Raven

    Bem com eu disse antes Os Supremos 2 é minha HQ favorita tanto que eu comprei o encadernado da Panini que foi um bela de uma facada e não tenho arrependimento gostei muito da sua resenha JJota, agora quanto a luta contra o Thor me pareceu que ele tava meio fraco apesar de chutar a bunda de todo mundo no final, antes de ser neutralizado pelo Mercurio mas oque mas me impressiona é como o Millar foi longe se bem que sempre me pareceu que a Marvel é uma empresa liberal. quanto “é inegável que a trama em si lembra muito os primeiros arcos do Authority escritos pelo Warren Ellis.” nunca entendi essas comparações tirando uma ou outra semelhança de enredo e temas acho as duas series bem diferentes.

    1. JJota

      Como eu disse, não me peçam para escolher a melhor.

      A Marvel, assim como a DC, é uma empresa cheia de diversos editores e fases. Às vezes ocorrem coisas assim, embora eu não acredite que alguém teria a mesma liberdade com os Vingadores tradicionais.

      Thor estava fraco mesmo, pois ele próprio estava se colocando em dúvida, o que o enfraqueceu. No auge, acho que ele tinha chutado a bunda de todo mundo.

      Além da linguagem e do ritmo, que lembram muito o Authority, há um arco destes em que uma nação cria um exército com superpoderes pra atacar as grandes cidades do mundo. Lembra, sim. Depois, acho que Authoriry tomou caminhos mais surrealistas, enquanto Supremos, infelizmente, foi pras mãos do Loeb e… bem… é…

      1. Night Raven

        Cara a fase do Loeb é tão ruim assim? porque quando eu fui ler não consegui passar das 10 primeiras paginas por causa da arte horrenda! Quanto ao lance de “Os Supremos lembra Authority ou não” no arco que você citou a Nação Terrorista de Gamorra e seu Lider Kaizen Gamorra criam um exercito de Super-Terroristas pra marcar o Simbolo do Clã Gamorra no planeta e causar medo em todo mundo. acho isso bem diferente do que acontece em Os Supremos onde algumas Nações com medo do crescente numero de Super-Humanos trabalhando pros EUA criam os Libertadores pra acabar com essa Esbornia que tá rolando na terra do Tio Sam!

        1. JJota

          Raven, “lembrar” não significa “copiar” ou “ser igual”.

          Olha, vou te dizer uma coisa: por questão de colecionismo e uma promoção daquelas que envolvem mais de 70% de desconto e um frete grátis, eu arrisquei e comprei o Supremos 3… Cara, é um lixo. Sério, a arte é o que tem de menos ruim ali (e eu acho ela medonha). Roteiro fraco, previsível, sem força… Olha, se o próximo filme dos Vingadores fosse ser baseado no que acontece com o Ultron nesta história, nem o mais retardado fã da Marvel apoiaria isso. Passe longe.

  3. Canoa Furada

    Muito bom texto! Poderia ter citado o painel gigante de não-sei-quantas-páginas.
    E acho legal a parte da “execução/enterro” do Hulk.

    Pensava que o primeiro volume seria insuperável, mas conseguiram. Difícil escolher qual o melhor, ainda não me decidi sobre isso.

    E é até injusto esperar algo próximo disso nos cinemas. Jamais serão!

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