Iluminamos: O Candidato Honesto

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Roberto Santucci repete a dobradinha com Leandro Hassum (Até Que A Sorte Nos Separe), e o humor estilo De Pernas Pro Ar, no filme O Candidato Honesto. Dessa vez, não só o humor é previsível, como o mote principal do filme, que é basicamente o mesmo do filme O Mentiroso, com Jim Carrey.

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Assim como no filme de Carrey, o protagonista recebe um encantamento que impede que este minta. Hassum encarna João Ernesto, um político extremamente cara de pau e corrupto que agora é candidato à presidência da nação e, às vesperas do segundo turno decisivo, recebe o encantamento da avó à beira da morte, pois ela está extremamente decepcionada com o caráter do neto. A partir de então, desenrolam-se inúmeras situações caricatas e referências hilárias a personalidades reais da política e da televisão brasileira. O destaque fica para a entrevista do candidato com Maria Lucia Brito, apresentadora de um programa matinal em parceria com um fantoche chamado “Galinho Gazé” (qualquer alusão à Ana Maria Braga e seu Louro José não é mera coincidência). A cena é hilariante.

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Como a premissa inicial do filme é idêntica à da comédia norte-americana, o diferencial acaba sendo nas situações, seja no convívio do candidato João Ernesto com sua família, seja no relacionamento com seus assessores. O início do filme nos mostra a trajetória de João Ernesto, que ascende à carreira política como líder do sindicato de motoristas de ônibus, sendo o responsável pela primeira greve geral da classe no país (qualquer referência ao passado metalúgico de Lula não é mera coincidência), ao mesmo tempo, o político se filia ao partido dos Pica-Paus (qualquer referência aos Tucanos do PSDB também não é mera coincidência). Além disso, o filme faz inúmeras referências sociais, culturais e políticas que o diferenciam satisfatoriamente do original norte-americano, dando a este filme sua personalidade peculiar. De maneira geral, acaba sendo despretensioso e geralmente divertido, com três grandes momentos:

  • Como já dito antes, a entrevista com a personagem muito bem interpretada pela sempre competentíssima Júlia Rabello. O Candidato acaba falando um monte de merdas para o Galinho Gazé, enchendo o fantoche irritante de porradas (coisa que eu sempre quis fazer, aliás…)
  • Na esperança de se livrar do feitiço e voltar a mentir, João Ernesto vai a um pai de santo, que recebe um monte de artistas e políticos do Além-Vida, como Ulisses Guimarães, Dercy Gonçalves, dentre outros. A cena é hilária, e é a maior surpresa de todo o filme.
  • O discurso final de João Ernesto, quando, enfim, percebe que o país merece políticos honestos, e não se sente digno de sequer concorrer à presidência, renunciando à candidatura em pleno programa de debates, ao vivo. Seu discurso contra a desonestidade política contemporânea, apesar de batido, é dito com bastante emoção e sinceridade por Leandro Hassum, e consegue fechar bem o filme, criando uma motivação consistente para a película.

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A direção de Roberto Santucci é rigorosamente a mesma de todas as suas comédias produzidas até o momento; sua única grande inovação se dá logo no início do filme, produzido em estilo de documentário de campanha eleitoral, que narra a “trajetória honesta e comprometida do candidato João Ernesto Praxedes”. Esse documentário dá um tom inicial completamente diferente ao filme, criando até alguma expectativa quanto à mudança do estilo do diretor, e uma possível inovação na narrativa da comédia. Infelizmente, as expectativas se acabam ao fim do documentário, quando o filme se volta aos dias atuais de João Ernesto, e a narrativa segue o estilo linear e batido de todas as outras comédias de Santucci. A fotografia e edição são burocráticas e nada acrescentam à narrativa, com suas cores e cortes em estilo Globo Novelas.

Leandro Hassum não conseguiu manter uma atuação consistente, pois, apesar da boa atuação no discurso final, exagera demais no gestual e maneirismos do personagem. Principalmente nos momentos em que João Ernesto luta contra a maldição, tentando mentir, e acaba falando verdades, apesar de todos seus esforços contrários. Em alguns momentos ele literalmente imita trejeitos de Jerry Lewis que, nele, soam um tanto quanto forçados e artificiais.

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Luiza Valdetaro encarna a personagem Amanda, uma jornalista que, inexplicavelmente, acredita em João Ernesto (apesar de todas as amostras flagrantes de desonestidade do político), e é um dos pivôs para a mudança de atitude do protagonista. A explicação, no meio do filme, para sua crença solitária em João é fraca e pouco convincente. A atriz, da mesma forma, não convence como repórter idealista, e muito menos aparenta estar firme no que acredita. A falta de comprometimento da atriz com sua personagem ficou bastante evidente em sua interpretação rasa, inexpressiva e sem sal.

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Os demais atores do elenco passam sem destaque pelo filme, à exceção de Júlia Rabello, com sua Ana Maria Braga Cover, e do sempre fantástico Antônio Pedro, que mesmo num papel pequeno consegue trazer uma interpretação sempre única, com um toque de comédia sutil e verdadeira, mesmo nos menores gestos.

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Antônio Pedro: grande ator e comediante.

No mais, é um filme razoável que vale a sua pipoca, com direito a alguns momentos de boas risadas.

Colossus de Cyttorak

Detentor dos segredos da Mãe-Rússia, fã incondicional de jogos da antiga SNK (antes de virar esse arremedo, chamado SNK Playmore), e da Konami, Piotr Nikolaievitch Rasputin Campello parte em busca daquilo que nenhum membro da antiga URSS poderia ter - conhecimento do mundo ocidental. Nessa nova vida, que já conta com três décadas de aventuras, Colossus de Cyttorak já aprendeu uma coisa - não se deve misturar Sucrilhos com vodka, nunca!!!!

Este post tem 4 comentários

  1. JJota

    O problema termina sendo o hassum, que acho histriônico e chato pra carvalho.

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