Iluminamos: Madonna – Festival do Rio 2015

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É fácil reconhecer o valor do marketing quando associamos a rainha performática do pop ao substantivo Madonna e não mais as pinturas da Virgem Maria.

No filme de mesmo nome, exibido nesta sexta, dia 2/10, com a presença da diretora, Su-Won Shin, Madonna é o apelido jocoso recebido pela protagonista, uma jovem sem perspectivas.

Su-Won Shin disse que sua idéia inicial era falar das alas vips dos hospitais, e de um jovem vivendo às expensas de um pai doente. E foi assim que, desenvolvendo o roteiro, surgiu a história da Madonna, já que deveria haver alguém para doar um coração para o pai moribundo (e para deflagrar uma discussão ética, creio eu). Só depois elaborou a história da enfermeira que busca certificar-se, a mando do jovem rico, que ninguém irá ao hospital atrás da moça gravemente ferida e grávida, abrindo caminho para roubarem seu coração (literalmente, claro).

Da platéia, perguntaram à diretora sua posição quanto ao aborto no início da gestação, visto que a personagem havia engravidado após um estupro, e ela confessou que era favor em casos assim, mas, durante a filmagem de um documentário sobre o assunto, rodado entre as filmagens de Madonna, remodelou a personagem após conhecer mulheres que resolveram ter os bebês. Segundo a diretora, a inspiração para a figura derrotada e sem amor-próprio de Mina (o verdadeiro nome de Madonna) foi uma jovem que adentrou um restaurante em que estava, e se assemelhava a uma mendiga.

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Sul-coreano, o longa é um melodrama repleto de pesar, cuja temática lembra a novela turca Fatmagul, importada pela Band, com as consequência de abusos sexuais sofridos por uma mulher. Um tanto arrastado ou talvez longo em demasia, pareceu mesmo um novelão: Não faltou exagero, alguns atores canastrões e muita música melosa. Mas há qualidades, como o realismo das cenas de violência, que podem chocar os mais sensíveis.

Su-Won Shin comentou que na Coréia do Sul a exibição do longa dividiu opiniões. Soube tanto de gente que assistiu várias vezes como de jovens que tiveram ataque de pânico ao assistir, coisa que a assustou bastante.

No final, feitas as contas, o saldo foi positivo, principalmente por conta da simpatia da diretora, que revelou ter ficado com vontade de se jogar do avião depois de 26 horas de viagem, mas que bastou olhar pela janela de seu quarto de hotel em Copacabana para saber que tudo estava valendo a pena.

Para quem gosta de notas, é um 6,5.

 

Rodrigo Sava

Arqueólogo do Impossível em alguma Terra paralela

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