Iluminamos: Luluzinha – Primeiras histórias

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Devia ter sete ou oito anos quando a conheci, e até hoje lembro dos quadrinhos daquela menininha esperta, corajosa e de vestidinho vermelho. Nada me tirava da cabeça que ela guardava certo parentesco com a Mônica, embora não fosse criada pelo Maurício de Souza, não tivesse superforça e nem um coelhinho encardido (ops!) a tiracolo.

A tal menininha foi criada como Little Lulu, pela cartunista Marge, em 1935, ao que parece, sob encomenda da revista semanal Saturday Evening Post que recém havia perdido para a King Features Syndicate os cartuns do Pinduca.

As histórias da revista da aqui chamada Luluzinha, que circularam nas bancas norte-americanas até 1984, estavam fora das bancas brasileiras desde 1996, quando saiu o último título da Editora Abril com a personagem.

Lulu retornou no ano 2000, pela Devir, porém, apenas em álbuns para livrarias. Em 2009, a Pixel/Ediouro lançou uma versão adolescente da garota, possivelmente de carona no sucesso da Turma da Mônica Jovem (olha a dentucinha aí de novo).

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Finalmente, em 2011, a Pixel/Ediouro pôs a Luluzinha original das HQs de volta às bancas. Desde o começo (literalmente) comprei a ideia. A primeira edição (formatinho) veio com uma revista maior que apresentava os personagens principais:  Bolinha, Glorinha, Aninha, Alvinho…

Ah, e as capas! Sempre simples, trazem uma gag no traço antigo, rodeadas de muita cor. No miolo, um mix de histórias de diversas décadas que apresentam uma saudável mistura de traços, estilo de histórias e comportamento dos personagens.

Em tais revistas, mais que tudo, vêm saltando à vista a qualidade: da edição à escolha de HQs, as atuais revistas da Luluzinha (e do Bolinha) parecem ter sido feitas para agradar de crianças a adultos saudosistas. Além do inegável bom trabalho dos editores, uma assinatura nas revistas dessa nova fase da menina nas bancas parece revelar de quem é a culpa de tanto carinho, de tanto cuidado com a personagem: Otamix Produções Artísticas.

 lulu5Otacílio D’Assunção Barros, o roteirista e cartunista Ota, um dos maiores editores desse país, responsável, dentre outros feitos, pelo sucesso da revista Mad no Brasil por 35 anos, montou a empresa para cuidar da restauração de quadrinhos antigos para editoras como a Pixel/Ediouro.

 E é dele ao menos um dos substanciosos e amorosos textos que são a cereja no bolo de Luluzinha – Primeiras Histórias, edição luxuosa, de 132 páginas coloridas, em papel especial, formato 17x24cm e preço camarada de R$ 16,90, lançada pela Pixel/Ediouro nas bancas (e que já ganhou um segundo volume).

A edição especial apresenta algumas das primeiras HQs da menininha, publicadas na década de 40 e 50 do século passado, que podem ser devidamente saboreadas sem defeitos comuns em tais edições históricas, como cores reticuladas ou esmaecidas, pixelização e outros que tais.

A revista, isto é, o livrão, é maravilhosa, são tantas histórias memoráveis, cheias de nostalgia e de traquinagens, com personagens clássicos em seus traços iniciais, que dá vontade de degustar aos pouquinhos, como um doce de lamber os beiços.

Luluzinha – Primeiras Histórias é o retrato perfeito do tempo em que as crianças eram infantis – isso era elogio -, e o politicamente correto não era o monstro que se tornou atualmente.

Aliás, é de se aplaudir a iniciativa de publicar no tal “livrão” a HQ censurada em 1950 pela criadora da Lulu sobre um simples bicho-papão, publicada nos EUA somente na década de 80, quando foram lançadas as primeiras edições históricas da personagem.

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Seja você do Clube da Luluzinha ou do Bolinha, não perca a chance de rir, sorrir e se emocionar com as aventuras da valente, esperta e feminista menina de vestidinho vermelho que veio bem antes daquela outra baixinha e gorducha que está comemorando 50 aninhos.

Rodrigo Sava

Arqueólogo do Impossível em alguma Terra paralela

Este post tem 2 comentários

  1. Otimo post, Sava! A Luluzinha e realmente um balsamo pros olhos. Os tracos simples, que ao mesmo tempo identificam uma era ja ha muito passada, tratam de imortalizar uma infancia que nao existe mais… abraco!

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