Iluminamos: Deadpool

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A “proposta de projeto” que se tornou o grande sucesso do começo de 2016!

Pode parecer piada, mas desde que foi anunciado, Deadpool (idem, 2016) foi apontado como um daqueles filmes que buscam redenção de diversas formas, já que os principais envolvidos no projeto precisavam provar algo, mesmo que em graus diferentes: a Fox, que vinha falhando em quase todos os seus filmes de heróis; o ator Ryan Reynolds que foi “agraciado” com papéis ruins em dois outros filmes do gênero – o próprio Deadpool, na produção porca do mesmo Estúdio X-Men Origens – Wolverine (X-Men Origins: Wolverine, 2009) e Lanterna Verde, no filme homônimo da concorrente Warner-DC, em 2011 – ; o desenhista Rob Liefeld, criticado (na minha opinião, com razão) pela sua arte; e sua “maior” criação, o próprio Deadpool (que muitos execram, por diversas razões). Enfim, uma lista de motivos que fariam qualquer investidor nem pensar em botar grana nesse filme.

Porém, como naquelas reviravoltas de quadrinhos, o que seria uma tremenda derrota precoce foi se transformando em uma surpreendente vitória. A  saga começa com Ryan Reynolds, apontado por muitos (inclusive por ele mesmo) como fã do personagem, que, inconformado com a versão do mesmo em X-Men Origens – Wolverine, decidiu tentar produzir uma versão mais fiel. A partir da divulgação (ou vazamento) da primeira imagem do anti-herói em ação, em um pequeno vídeo, a “proposta de projeto” foi ganhando atenção do publico, o que trouxe confiança para produzir o longa que se transformou em sucesso.

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Assim começa o primeiro vídeo que pintou na internet. Alguns dizem que vazou acidentalmente e outros que foi proposital, para medir a viabilidade de se produzir o filme de um personagem polêmico e pouco conhecido. Seja qual for a verdade, o fato é que a partir daí o projeto ganhou força. Ele foi utilizado no filme, em uma versão estendida, com algumas modificações.

O roteiro em si não possui muita coisa diferente de outras produções de super-herói: história de origem, uma tragédia que faz o personagem ser criado, casal principal, salvamento da donzela, etc. A grande sacada aqui não é “o que” foi feito mas COMO foi feito. E aí o filme se destaca. A começar pela divulgação, que chegou a contar com banners com emoticons e “pegadinhas” que faziam parecer que era uma comédia romântica (o que, de certa forma, É).

O longa possui uma linguagem que reflete a geração virtual, com uma coleção de referências a memes, cenas de filmes e linguagem da internet (daí o #peideiesaí que tem aparecido pela rede). Algo compatível com o público mais jovem, que parece ser a maioria dos fãs do Mercenário Tagarela. Ainda assim, existem cenas mais “adultas” (a maioria envolvendo o casal de protagonistas), porém creio que não seja tão ou mais pesado do que a galera mais nova já tenha visto pela internet.

Na verdade, o maior crédito de Deadpool  foi juntar algumas coisas já aprovadas pelo público com outras que ele gostaria de ver em um filme deste tipo, mas ainda não havia tido a oportunidade. A lista é variada, a começar pelo traje fiel do herói, que sempre sofre alguma mudança na transição para as telas. Também tem o fator “violência”: 99% das vezes contida em outras produções. O mais perto que chegaram de cenas violentas foi com a própria Fox em X-Men 2 (X2, 2003), na parte em que Wolverine mata alguns invasores na Mansão Xavier. Naquela cena não houve nenhuma imagem explícita de inimigo sendo realmente cortado. Basta comparar com a cena da ação na via expressa em Deadpool, mostrado um pouco naquele primeiro trailer que vazou e se entende a grande diferença.

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A estratégia de divulgação do filme foi louca e sem padrão. Assim como o personagem, bastava uma razão para aparecer. Nessa linha, tivemos pérolas, como o banner no Dia dos Namorados norte-americano (o Valentine’s Day, comemorado em 14 de fevereiro), divulgando o filme como uma linda história de amor para chamar o público feminino, o nome do filme em emojis (A Fox chegou a lançar emojis personalizados do Deadpool para celular) e zoando (novamente) a DC. Uma linguagem de zoação e trollagem, que o publico jovem, principalmente de internet, parece… hã… curtir!

Ah! E Deadpool provavelmente foi o único filme até agora que conseguiu “unificar” o máximo de universos cinematográficos de herois, mesmo que apenas usando referências. Temos os X-Men da FOX, os restos de um possível aero-portaviões da SHIELD (Estúdios Marvel-Disney) e a singela imagem do “Lanterna Verde” da Warner-DC. Em suma, tudo para a loucura dos fãs.

Não há muito o que falar sobre Deadpool além de que é uma baita diversão, mesmo com piadas sujas. Ryan Reynolds parece não só ter se vingado (e parece deixar claro sua vingança durante o filme, com as capas de “homem mais sexy”) como também achou o seu papel. Não o acho um excelente ator porém certamente ele merecia essa compensação. Não sei se por ter experiências em filmes de comédia ou por ele ser realmente um cara divertido, mas o fato é que por várias vezes você tem a impressão que Reynolds está se divertindo com o papel, usando e abusando sua “licença” para sacanear a tudo e todos. As entrevistas em que apareceu durante o lançamento do filme ilustram bem isso.

Todo o resto do elenco agrega de alguma forma ou serve de escada para as piadas, mas ninguém decepciona. A atriz brazuca, Morena Baccarin, tem (muita) química com Reynolds. Colossus e sua aprendiz também rendem boas cenas, e até o motorista de táxi indiano tem seus momentos. Talvez os vilões Ajax e Pó de Anjo sejam os mais apagados na história, contudo nesse caso acho compreensível, já que o Deadpool é um anti-herói que acaba ofuscando naturalmente o papel dos antagonistas. Wade Wilson (o Deadpool), mesmo encantado em algum momento com a possibilidade de ser um herói, várias vezes rejeita esse adjetivo.

O filme obviamente tem algumas falhas, mas ao lembrar que tiveram somente 50 mihões para tentar impressionar (e conseguiram), os defeitos acabam ficando muito menores. Seria um tanto exagerado dizer que Deadpool é o melhor filme de herói até aqui. Até porque é injustiça ignorar filmes como Capitão América 2 (Capitain America: The Winter Soldier, 2014), Guardiões da Galáxia (Guardians of the Galaxy, 2014) e os dois primeiros filmes do Batman do Nolan, apesar de possuírem propostas diferentes de Deadpool. Mas não é exagero adicioná-lo nesta lista. Principalmente por ter tido a coragem de mostrar que, às vezes, é bom escutar os fãs e fazer algo mais próximo do original, em vez do tom mais dark que os estúdios insistem em tornar padrão, ignorando se o personagem combina ou não com tal imagem.

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Ajax e Angel Dust acabam sendo ofuscados pelo lado anti-herói de Deadpool, mas até nisso existe certa ironia (que eu não saberia dizer se foi proposital). O vilão Ajax tem a habilidade de “não sentir nada”, o que o torna canastrão de qualquer maneira. Já Angel Dust é boa na porrada, a especialidade de Gina Carano (que veio do mundo do MMA), e dá um baita trabalho para o Colossus.

No final, todos saíram vingados: Ryan Reynolds, que achou seu lugar no universo heroístico, a Fox que está lucrando como há tempos não conseguia (e, de quebra, achou uma possível nova franquia), e até mesmo Rob Liefeld, que teve seu nome citado no longa (mais de uma vez) e ainda contou com Deadpool declarando que Cable (outra criação do desenhista) era um personagem interessante. E sabe-se lá que loucuras mais virão.

ROBLIEFELD
ROB LIEFELD APROVA O FILME… E ESTE POST!

 

Vilipendiador Unperucked

Sempre se metendo em novos projetos e lutando contra pré-conceitos interiores. Já teve pilhas de HQ's, videogames e cartuchos. Hoje somente bons encadernados e um emulador. Ainda assim, sempre tenta colecionar algo. Pensou em escrever sobre a procrastinação mas achou melhor deixar pra semana que vem.

Este post tem 4 comentários

  1. JJota

    O (desculpem a palavra) Liefeld aprova tanto este post que ele vai copiá-lo homenageá-lo com um post idêntico muito parecido e colocar no seu blog…

    1. Vilipendiador Unperucked

      Quando eu postei a foto do Liefeld neste texto, por um momento tive a sensação de instalar um vírus no QG dos Iluminerds

      1. JJota

        Acho que ele “desenha” se usando como referência… Por isso faz coisas tão grotescas…

  2. Ladysyf

    Nadando contra maré (como sempre) dei nota Meh+ no meu perfil do trakt tv pra Deadpool! 😀 (Tá, foi 7) Qto ao marketing desse filme, o classifikei na minha lista negra pénosako no nível do carnaval, natal e fãs brasileiros de superbowl! (:B) Pra mim, a melhor e única coreografia decente de luta do Deadpool nesse filme é a mesma q vazou trocentos anos atrás com leves diferenças, esperei muito mais. O Reynolds dá de pensar q se ele n estivesse presente, as mesmas cenas seriam melhores c o mesmo diálogo. A Bacccardi tá bem (ok, sei q é Baccarin), a garota x-men tb, Colossus parece o Paul Sorvino gigante (ele apanha demais, mas as cenas de luta dele são divertidas), o dono do bar é ótimo, bom timing de comédia (dizem q tem muita gag dele mesmo), as cenas com o taxista são ótimas, o vilão principal poderia ser o cafajeste whatever de qqr comédia romântica. 😛 Meh+. No entanto… n falem do mestre, Rapina e Columba v2 tem ele lá e eu curto Cable, além de Deadpool, é claro! :B

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