Tartarugas são simpáticas. Quando são ninjas, mutantes e adolescentes, então, são ainda mais legais e divertidas. Palavra do Vili aqui, que cresceu lendo HQ, assistindo a desenhos e filmes, e gastando a mesada com o jogo das “tortugas” no fliperama, no fim dos anos 80 e início dos 90.
Sendo assim, com o anúncio do novo filme das Tartarugas Ninjas, foram criadas expectativas. Primeiro porque fazia tempo que uma versão live-action para o cinema não era lançada (a ultima foi em 1993, com aquela viagem ao Japão feudal), e ainda os mais de 20 anos entre uma produção e a outra permitiriam ousar mais e melhorar os heróis em termos tecnológicos. Entretanto, dentre o que foi falado, o que causava mais frio na espinha (pelo que vi na Internet) é o fato de um certo nome estar atrelado ao filme: MICHAEL BAY. Lembrando que por “expectativas” pode-se entender tanto algo positivo quanto negativo. Talvez se use o argumento de Transformers (franquia que Bay dirige) ser apenas um show de explosões, com a bandeira dos EUA enaltecida, e a ação chega a cansar. Ou, por outro lado, pode-se dizer que a mesma franquia rende ótimos lucros, o que (teoricamente) seria um bom filme. Enfim, depende do “fã”.
Contudo, o que vemos em As Tartarugas Ninjas é amenizado. Numa rápida comparação, não existem bandeiras americanas tremulando, pirotecnia ou mesmo aquele sol nascente/poente que o “Maicou Baía” adora. E talvez exista uma explicação sensata: dessa vez ele é PRODUTOR, enquanto Jonathan Liebesman dirige. Ainda assim, o filme não conseguiu sair ileso das influências “bayzisticas” (maldito neologismo). Algumas lutas confusas (como acontece várias vezes em Transformers, quando robôs se enroscam) e um visual de Destruidor (Shredder) muito parecido com os robozões.
Outro equívoco diz respeito à caracterização das Tartarugas. É comum que, nas versões que vão para as telas de TV e cinema, a caracterização de cada membro do quarteto tenha detalhes de diferenciação (além das armas, é claro). Exemplos: no primeiro desenho as cores das faixas marcavam bastante, em versões mais atuais a cor da pele das tartarugas possui tons de verdes distintos.
Dessa vez, a aposta é no vestuário. Até aí a ideia pareceu boa. Leonardo estilo samurai, Michelangelo meio rapper, Donatello nerd e Raphael “casca grossa” (trocadilho não intencional). Só isso já ajudaria a marcar cada personagem. No entanto, o resultado é uma tremenda poluição visual. Além dos trajes, decidiram alterar o tamanho delas. Cada qual com sua estatura (existe uma cena onde é possível perceber a “escadinha” formada) e até mesmo os tons de pele estão sensivelmente diferentes. Diante disso, fica difícil acreditar que um Raphael bombadão ou um Donatello de óculos e com uma mochila de “Caça Fantasmas” no casco possam ser ninjas ágeis e silenciosos. Por outro lado, o CG das tartarugas ficou legal. Conseguiram captar as feições e torná-las mais humanas.
Falando sobre os atores: Wholpi Goldberg deve estar precisando de grana, pois é extremamente descartável. Megan Fox não compromete, e ainda que possa nos remeter novamente aos Transformers, a “April O’Neil” dela é corajosa sem tentar ser uma mulher fatal. A personagem Karai (Minae Noji) parece estar lá pra cumprir a “cota” de orientais. Vernon (Will Arnet) é apenas um alivio cômico e Erick Sacks (William Fichtner) é previsível demais. Voltando ao Destruidor, o vilão sofre do mesmo exagero dos heróis. Uma armadura pesada (usada apenas em nome da ação), com dezenas de facas (que não ferem ninguém) e com a habilidade nova de lançá-las. Realmente é uma versão mais amedrontadora, mas que não combina com um vilão samurai. Aliás, a história do personagem não existe. É apenas um vilão típico. Os fãs novos sequer saberão quem é “Oroko Saki”.
Entre as tartarugas, apenas a metade da trupe tem destaque. Michelangelo continua sendo o piadista (as melhores cenas são dele) e Raphael, o impulsivo. Já Donatello não empolga e Leonardo é o mais prejudicado, pois sua característica de liderança falha miseravelmente. Mestre Splinter está menos zen e mais lutador, sem perder a ternura de paizão.
A história têm incoerências e faltam explicações (que prefiro evitar para não soltar spoilers), além de outros defeitos, alguns já mencionados acima. Contudo, existe um ar de “displicência”, tal qual de um adolescente (coisa que as Tartarugas são), que acaba tornando o filme assistível. Nada imperdível, mas entretém. Pelo menos não é uma viagem interminável e maçante (o filme tem 101 minutos), como os robôs gigantes de Michael Bay. Cowabunga!
Por que vosmicê se tortura assim, assistindo os filmes do Michael Bay???
resisti ao máximo pra não ver “Transformistas de 4”, pois já sei o que ele costuma fazer na franquia.
Dessa vez ele é apenas produtor. Como falei, a influência do Baía tá lá, mas esse filme você até consegue ver.
Se vosmicê diz