Iluminamos: Arqueiro Verde – A Busca

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Em 2004, a Panini, ainda tímida com suas publicações da DC, criou um título deveras interessante, chamado DC Especial. Nele, seriam publicados arcos fechados de títulos que não vinham tendo espaço nos mixes lançados até então.

A estreia foi excelente (bem melhor que, por exemplo, o terceiro número, um equívoco de texto e arte). Trata-se da estréia do escritor Brad Meltzer como roteirista de quadrinhos. Para tanto, ele assumiu o lugar do diretor-roteirista-nerd supremo Kevin Smith no elogiado título do Arqueiro Verde.

A passagem de Kevin Smith foi publicada no Brasil no luxuoso formato álbum pela Panini, em oito edições (cinco, depois mais três).
A passagem de Kevin Smith foi publicada no Brasil no luxuoso formato álbum pela Panini, em oito edições (cinco, depois mais três).

Antes, uma pequena recapitulação da passagem de Kevin no título.

Oliver Queen, o Arqueiro Verde Original, havia morrido na explosão de um avião sobre Metrópolis (ele prefere morrer a permitir que o Superman ampute seu braço, que estava preso – ecos de O Cavaleiro das Trevas?). Smith o trouxe de volta em uma das mais bem boladas histórias de ressurreição que já li: O Espírito da Flecha. Só pra comparar, o retorno de Colossus por Joss Whedon é de chorar de pena quando confrontado com este clássico.

Uma amostra da arte de Phil Hester e Ande Parks, que acompanharam Kevin Smith e Brad Meltzer.
Uma amostra da arte de Phil Hester e Ande Parks, que acompanharam Kevin Smith e Brad Meltzer.

Além de uma série de ideias bem sacadas (envolvendo até magia negra) e diversas “participações especiais” de outros personagens da DC (atentem para um dos melhores diálogos do Batman com o Superman de todos os tempos), somos brindados com um verdadeiro respeito a cronologia (há, inclusive, referências a títulos que, costumeiramente, não são citados em revistas “menos sérias” da DC), provando que ela só limita aqueles que não possuem talento ou conhecimento da mesma.abusca

A Busca começa ainda com Oliver procurando fechar o ciclo de sua morte. Ele visita seu túmulo ao lado do Superman e recebe as fotos das pessoas que compareceram ao seu enterro. É quando ele desconfia da única pessoa que não se encaixa ali, que, posteriormente, a Oráculo identifica como Thomas Blake, o Homem-Gato.abusca (3)

Com a ajuda de Arsenal, ele localiza o ex-vilão e descobre que o mesmo havia ido ao seu enterro a pedido do Sombra. Quando este último  surge, é explicado que, antes de falecer, o Arqueiro Verde havia procurado o vilão para que ele recuperasse e destruísse uma série de artefatos que poderiam ligá-lo a Oliver Queen.

Esta é uma aplicação que Meltzer fez do conceito de “pornofaxineiro”, aquele amigo que vai a casa de um recém-falecido dar fim em sua coleção de pornografia antes que seus familiares cheguem. Na sua concepção, os heróis haviam percebido a necessidade de terem alguém que destruísse as evidências que pudessem criar referências entre suas identidades, quando da morte de abusca (4)Barry Allen, o Flash original (bom, pelo menos se desconsiderarmos o Joel Ciclone). O próprio Arqueiro havia “limpado” as evidências do apartamento de Hal Jordan quando o mais famoso Lanterna Verde bateu as botas.abusca2

Depois de explicar a presença do Homem-Gato no enterro, o Sombra informa que alguns artefatos não foram recuperados. O próprio Oliver, auxiliado por Arsenal, resolve ir atrás dos objetos que faltam.

É uma história de pouca ação (excetuando uma luta selvagem – com arcos quebrados – travada contra Salomon Grundy na Flechacaverna), mas possui bons diálogos, um grande desenvolvimento de personagens e aquele algo mais que faz você se sentir agradecido e emocionado depois de ter se divertido por várias páginas. Um momento único em que Oliver Queen prova que a máscara é apenas mais um disfarce que ele usa.

abusca3Contudo, até chegar a isso, a história tem outros momentos extremamente cativantes para os fãs da DC. A reação de Oliver ao recuperar um dos anéis do Flash com um uniforme de Arqueiro dentro dele (“Ele fez pra mim. Meu amigo fez pra mim.”) e a descoberta de que Hal confiou a ele um anel dos Lanternas, para um caso de emergência, são dois exemplos. Outra cena de alta dose emocional é o frustrado pedido de casamento a Canário Negro, onde podemos sentir o coração do herói se partindo.

A dupla de artistas, Phil Hester (desenhos) e Ande Parks (arte-final), pode não possuir um traço grandioso, mas sabe contar uma história e deixou sua marca no personagem, trabalhando desde a chegada de Kevin Smith até a saída de Judd Winick.

Quando vejo a infame transposição que está sendo levada às telas (sério, aquilo é uma porcaria!) e leio as desanimadoras resenhas feitas com o “novo” Arqueiro Verde, mais grato fico por ainda poder reler esta pequena pérola.

 

DC ESPECIAL 1 - ARQUEIRO VERDE: A BUSCA. Roteiro de Brad Meltzer. Desenhos de Phil Hester. Arte-final de Ande Parks. Março de 2004. Preço de capa R$ 9,90. 148 páginas.
DC ESPECIAL 1 – ARQUEIRO VERDE: A BUSCA. Roteiro de Brad Meltzer. Desenhos de Phil Hester. Arte-final de Ande Parks. Março de 2004. Preço de capa R$ 9,90. 148 páginas.

 

 

JJota

Já foi o espírito vivo dos anos 80 e, como tal, quase pereceu nos anos 90. Salvo - graças, principalmente, ao Selo Vertigo -, descobriu nos últimos anos que a única forma de se manter fã de quadrinhos é desenvolvendo uma cronologia própria, sem heróis superiores ou corporações idiotas.

Este post tem 13 comentários

  1. O arco é muito bom, um dos motivos pelo qual gosto do arqueiro é porque ele diferente dos outros herois urbanos da DC não fica na sombra do Batman. Quanto a “Arrow” ela começou num nivel assistivel, que poderia melhorar com os proximos episodios, mas não aconteceu preferiram misturar smallville e o cavaleiro das trevas do Nolan do que fazer um personagem com uma personalidade tão bacana nas telas.

    1. JJota

      Olha, pra mim perderam uma excelente oportunidade de fazer uma série realmente bacana. Não havia necessidade de inventar tanto, de misturar tanto, de mudar tanto… A história do Arqueiro é legal e bem adequada. Mas aí vieram com este negócio de transformá-lo num vigilante misterioso, aquela mistura de Batman com Justiceiro… E aquela papagaiada de usar sombra nos olhos… Terrível, principalmente aquele “núcleo familiar” e a adaptação de outros personagens do UDC.

      1. exato, o arqueiro possui um charme proprio de esquerdista e historias dele para se fazer uma série “dark e real” existe aos montes, eu ainda tentei ter esperança nela apenas como série e não como adaptação, mas ela ja abusou da paciência.

        o episodio da gangue Royal flash e dos Falcões negros são praticamente iquais

        pra disfarça a burrice da sombra fazem o cara falar de cabeça baixa ao inves de por a droga de uma mascara logo

        antes chamavam ele de “arqueiro” por falta de nome e agora todos chamam de capuz

        o vilão é o pai do melhor amigo duvido que tenham pensado nisso em smallville

        ainda tem toquinho da, morte,toquinho da vida, ervinha que cura/envenenamento/cancer/mal-olhado

        porra eles não consequiram nem adaptar a historia do ricardito maconheiro

        1. JJota

          É exatamente disto que estou falando. É incrível como um personagem tão “adaptável” conseguiu ser transformado em uma série boboca. Dizer que a máscara é infantil e optar por uma maquiagem e um capuz é mostrar que há, sim, vácuo na atmosfera… dentro da cabeça de certos produtores. E toda aquela violência gratuita, com o Arqueiro matando impiedosamente… Cara, pra que aquilo? Nada contra violência, mas o Arqueiro não é assim… Até o bom humor (um tanto quanto ferino, claro) do personagem sumiu. É muito, muito ruim…

          1. Aiolos De Sagitário

            Eu sou um grande fã da série Arrow, assim como um Grande fã do Personagem Arqueiro Verde em geral… Enfim, só quero fazer uma pergunta. Vocês ainda têm a mesma Opinião hoje, com essa maravilhosa 2ª temporada? Sim, sim estou muito parcial, mas quero saber a opinião de vocês xD

          2. JJota

            Cara, vou ficar te devendo a resposta… por enquanto. Seria muita sacanagem da minha parte falar mal de algo que eu não vi (apenas alguns trailers). Como muita gente tem falado da melhora da série do fim da primeira tremporada pra esta, estou pensando em voltar a assistir. Aí terei uma opinião.

  2. Esse arco é muito bom. É uma visão bem mais adulta (no sentido de madura) dos super-heróis, como raramente vemos nos comics mainstream. Para quem cresceu lendo quadrinhos, é uma catarse bastante profunda ver o Ollie levando a vida com uma maturidade de quem já passou da fase de ser porra louca e que o que mais quer é ser feliz.

    Parabéns pelo texto, JJ.

    1. JJota

      Assino embaixo e acrescento: é muito foda quando percebemos que nem sempre podemos ser heróis aos nossos próprios olhos. É o que Meltzer mostra no final desta HQ e na mini Crise de Identidade, também de sua autoria.

      Valeu, Rafael.

  3. Pastor Luc Luc

    tai 2 fases do arqueiro que tenho que ler ainda, gosto muito do personagem ! e a fase do lemire no arqueiro ate que é boa mas pra mim conta versão ultimate, o verdadeiro arqueiro verde é um esquerdista engraçadão e é essa a graça do personagem

    1. JJota

      Kevin Smith, Brad Meltzer e Judd Winick fizeram boas histórias com o personagem. Ele perdeu o fôlego justamente quando começaram a “forçar” o casamento dele com a Canário.

  4. Inacreditavel_Neo

    Rapaz, agora lembrei que ainda não devolvi aqueles teus filmes que peguei emprestado.

    História foda.

  5. Lucas Macêdo

    Li o arqueiro pelos novos 52 e , sinceramente, estou achando de reforçar a gastrite, um fiasco! Você tem voas indicações das antigas revistas do arqueiro? Se puder incluir links pra baixar eu agradeço.

    1. JJota

      Eu gosto muito da fase de retorno do Arqueiro Verde, que começa com o Kevin Smith, passa por este arco e depois vai para o Judd Winick. É divertida sem ser idiota e tem ação sem ser cansativa.

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