Homenagem a Três Saudosos Dubladores.

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Esse vai ser um post simples. Uma mera reminiscência da minha criancice, que foi povoada por essas vozes que enchiam meus dias às vezes bem chatos com seu trabalho digno, fascinante e cheio de talento. Escolhi estes três porque foram os dubladores falecidos mais emblemáticos da minha infância. Mas, por favor, se algum dos meus poucos leitores se lembrar de mais algum, comente.

Eles se foram, mas provavelmente estão lá em cima, dublando santos e deuses e deixando os céus mais alegres.

André Filho

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O cara era tão bom, mas tão bom, que foi a voz oficial de inúmeros atores top de linha estrangeiros durante as décadas de 1970 e 1980. Muitas vezes melhorava horrores a interpretação de determinados atores (principalmente o canastrão Sylvester Stallone), imprimindo força dramática maravilhosamente adequada a cada momento.

Foi a voz oficial de Burt Reynolds (no auge da carreira); Billy Dee Williams (no papel de Lando Calrissian, na saga Guerra nas Estrelas); Christopher Reeve (no papel de Super-Homem); Sean Connery, Steve Martin (foi o melhor dublador de Martin, na minha opinião); Sylvester Stallone (na dublagem original, não a atual).

Esse absurdo de talento morreu em 1997, em consequência de doenças oportunistas decorrentes da AIDS.

Newton da Matta

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Ator de carreira, além de ter trabalhado em TV e teatro, foi convidado pelo próprio Herbert Richers para trabalhar como dublador. Foi soberano durante quase 40 anos de profissão, sendo diretor de dublagem de inúmeros estúdios do eixo Rio-São Paulo. Seu estilo era profuso: conseguia partir do histriônico ao sóbrio como poucos no mercado, o que garantia a ele uma enorme flexibilidade em papeis.

Foi a voz oficial de Bruce Willis (dublou praticamente todos os filmes do ator, até Sin City); deixou a minha infância muito mais animada, dublando Lion-O dos Thundercats (além de ter sido o diretor de dublagem da série) e o Batman dos Superamigos. Junto com Marcio Seixas (a voz mais foda do Bátema), fez uma dobradinha impagável e cheia de cacos na dublagem original de A Gaiola das Loucas. Também foi dublador recorrente de Dustin Hoffman (suas dublagens deste ator são as melhores); Warren Beatty e  Paul Newman.

Este fantástico profissional morreu em 2006, a causa da morte não foi divulgada pela família.

Darcy Pedrosa

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Além de ator, este era um dos tesouros da antiga Rádio Nacional, atuando em radionovelas. O dublador também se formou em medicina, e atuava nas duas frentes com igual competência. Sinceramente, eu gostava dele mais pelo fato de ter sido a voz do Optimus Prime, na primeira temporada de Transformers, marcando, assim, a minha infância televisiva. Não que ele fosse um mal dublador, ao contrário. Mas a impressão que eu tive, desde cedo, foi a de um dublador que sempre colocava as mesmas inflexões e maneirismos em vários personagens diferentes. Mesmo assim, era um excelente narrador.

Foi a voz oficial de Jack Nicholson e Gene Hackman. Também dublou o ídolo indestrutível Chuck Norris no seriado McQuade, O Lobo Solitário. Ficou igualmente marcado por ser a voz de Jack Palance no estrondoso sucesso da década de 1980, Acredite se Quiser (que depois viraria uma reprise nauseante do SBT, juntamente ao filme A Gangue dos Dobermans), além de dublar com alguma frequência Sean Connery (principalmente depois do falecimento de André Filho) e Dean Martin. Nos desenhos, dublou o Chefe Apache nos Superamigos e o Coringa no fantástico Batman de Bruce Timm. Seu último trabalho foi como o Senador Palpatine, no Guerra nas Estrelas Episódio 1: A Ameaça Fantasma.

Grande profissional, morto em 1999, por conta de um edema pulmonar.

Graças a esses saudosos talentos e a inúmeros outros, ainda vivos, a dublagem nacional conseguiu um grande e premiado reconhecimento no exterior. Que eles continuem servindo de guia aos novos profissionais do ramo.

Colossus de Cyttorak

Detentor dos segredos da Mãe-Rússia, fã incondicional de jogos da antiga SNK (antes de virar esse arremedo, chamado SNK Playmore), e da Konami, Piotr Nikolaievitch Rasputin Campello parte em busca daquilo que nenhum membro da antiga URSS poderia ter - conhecimento do mundo ocidental. Nessa nova vida, que já conta com três décadas de aventuras, Colossus de Cyttorak já aprendeu uma coisa - não se deve misturar Sucrilhos com vodka, nunca!!!!

Este post tem 12 comentários

  1. JJota

    Porra, tem gente que critica a dublagem, mas eu gosto muito, principalmente do serviço bem feito (já viram a dublagem em outros países? Ali, sim, tem trabalho porco).

    E é fato: os dubladores nacionais tornam suportável as atuações sof´riveis de vários atores.

    Nunca mais, por exemplo, o Bruce Willys foi tão legal como no tempo em que era dublado pelo da Matta.

  2. Alison Rodrigues

    Três monstruosos (no bom sentido) nomes da nossa dublagem. Incluiria também nessa lista o nome de Silvio Navas. Que na minha opinião tinha, além de uma voz marcante, uma versatilidade fantástica. Lembro que ele chegou a dublar 3 personagens diferentes no desenho Os Smurfs que a Globo exibiu nos anos 80. Infelizmente todos já se foram.

  3. Daniel Neves de Paiva

    Darcy Pedrosa também foi o dublador oficial do Anthony Hopkins.

  4. Daniel Neves de Paiva

    Depois da morte do Darcy, Jomery Pozzoli assumiu o cargo, no Hopkins.

  5. Daniel Vvitorio

    Outro grande dublador que precocemente nos deixou foi Júlio Cézar Barreiros, que dublou entre muitos personagens, Robocop, Homer Simpson – da 8ª à 14ª temporada, Rutger Haeur, e até mesmo Papai Smurf, etc.

    Grande perda para a dublagem nacional.

  6. Luiz

    Foram grandes mesmo. Gene Hackman não é o mesmo sem a voz do DarCy. Sem falar no Bruce Willis, Sean Connery, Stallone, Crist. Reeves…enfim, todos esses eram feras e são insubstituíveis.

  7. Mário Henrique

    SÓ uma correção na dublagem do Darcy Pedrosa, ele dublou o Chuck Norris no seriado “Texas Rangers”, o McQuade é um filme,não seriado

  8. GILMAR ALMEIDA DA SILVA

    Quem fazia as chamadas de Tunel do tempo, Terra de gigantes, Perdidos no espaço, Daniel Boone etc…?

  9. Tukantin

    Um tempo em que a tv dos anos 80 e 90 ainda era muito influenciada pela tradição do rádio, o que infelizmente hoje foi perdido assim como o apuro textual em benefício dos efeitos visuais. Destas três vozes, a que mais me marcou foi a do Darcy Pedrosa, um timbre denso e pausado como a voz de um ser mitológico. Lembro dele como o Jack Palance mas também como o cientista Melacta em He-Man e, principalmente, como o narrador de documentários da Time Life sobre Arquelogia e História nos princípios da internet.

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