Homeland: Episódio 2×03

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Na cadeia, ducha só gelada

Espero que você, insone leitor, tenha percebido que esta nova elucubração sobre Homeland em menos de uma semana se deve ao fato de que estamos (eu estou, na verdade) atrasados na fruição do seriado em relação aos demais espectadores do canal FX, onde a atração é semanalmente exibida, nas noites de domingo.

Sem mais, vamos direto ao assunto, por sinal mais quente que pão recém-saído do forno: da perplexidade refletida nos óculos de Saul encerrando o episódio anterior à sua fracassada tentativa discreta de deixar Beirute no início desse terceiro episódio.

Os EUA consolidaram a imagem do lava-jato como local de banho nos filmes

A esta altura, você já deve saber o quanto Saul Berenson é gentil, sutil, uma pessoa de fino trato. Ainda que detido antes de seu embarque para a América, submetido à revista em sua bagagem com selo diplomático, e tendo seu irreprochável cartão de memória confiscado oficiosamente pelas autoridades Libanesas, o maduro agente da CIA mantém a calma, a fala mansa, os gestos suaves.

Afinal de contas, não é sua experiência e sangue frio que o salvam sempre? É o que vemos minutos depois, já em seu avião, agarrado à sua mala, numa aula de estratégia e antecipação.

Se for jantar na Carrie, leve comida

Aliás, esse episódio abre e fecha com o agente, reforçando a importância do que ele tem em mãos.

Carrie está luminosa. Exalando Jazz dos fones de ouvido, redigindo para a CIA seu relatório sobre a ação em Beirute e contando que seu desempenho lá a fará retornar às fileiras da agência. Contudo, em visita à Langley, o duro choque da realidade apaga o sorrido de seu rosto.

Que saudade do Iraque…

É como um poderoso murro, escapando da tela da tevê e atingindo sensíveis espectadores como nós, inconformados com o destino dessa preciosa moça, forçada a afastar-se definitivamente do trabalho que ama.

Mais que inconformada, porém, a ex-agente adota uma postura destrutiva, em estágios. Primeiro, resolve voltar para sua casa, isolando-se novamente. Depois, decide pôr o anel na mão esquerda, o melhor vestido e muita maquiagem, mas o espelho a impede de cair na balada com o primeiro que aparecer. Por fim, vira todo o conteúdo de seus frascos de remédios controlados em sua garganta, com o auxílio de uma garrafa de champanhe.

Por sua vez, o congressista Brody revela um pouco da angústia que passou nos anos em que esteve sequestrado pela Al Qaeda. Ele o faz no discurso que escreveu para pedir contribuições para a causa dos veteranos de guerra, no evento promovido por sua mulher, Jessica, e a comove, a ponto de quase ser flagrado pela filha em ponto de bala no balcão da cozinha da casa.

Na comédia de erros que se tornou a vida do soldado resgatado, não há tempo para hiatos e silêncios eloquentes, e logo recebe um telefonema dos companheiros ideológicos, convocando-o para uma missão de chofer, com a finalidade de conduzir o sírio que lhe providenciou o colete-bomba na temporada anterior a um abrigo, uma vez que fora identificado pela CIA.

Vou levar um sapato, só por segurança…

Com culpa no cartório, e cada vez mais enrolado, é claro que ele aceita, mesmo com as horas contadas para começar seu discurso no evento promovido pela esposa. Daí, meio sem jeito para a coisa, mete os pés pelas mãos, até que, para proteger sua história de Jessica, peca de modo capital.

Entretanto, vamos voltar à Carrie, que percebeu a tempo no que estava se metendo, e meteu o dedo na goela, largando champanhe e pílulas no vaso sanitário.

Hmm… Eu tomei o anticoncepcional hoje?

Saul não se deteve do aeroporto até a casa da ex-agente: desejava mostrar a ela, em primeiro lugar, o resultado da missão dela no Líbano.

Pois é. Não ter se matado significou duas coisas: para nós, a continuação do seriado. Para Carrie? Sua paz interior.

Rodrigo Sava

Arqueólogo do Impossível em alguma Terra paralela

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