Esta semana eu ia tentar fugir do assunto Beatles, que tem povoado meus textos já há 3 semanas seguidas, mas não posso deixar de comentar a respeito da seguinte notícia: uma árvore plantada em homenagem a George Harrison, no ano de 2004, no parque Griffith, em Los Angeles, morreu recentemente. Causa mortis: infestação por besouros (beetles). HÁ!
Parece pegadinha do Mallandro, mas não é. A árvore – um pinheiro – chegou a alcançar 3 metros de altura, em 2013, quando não resistiu à infestação de besouros, que, com alguma frequência, causam flagelo à flora local. A ironia nesse caso é dupla, e Harrison – um cara extremamente irônico – teria adorado saber disso. O ex-beatle afirmava, com bastante mordacidade, que tivera duas grandes chances na vida: quando entrou nos Beatles e quando saiu dos Beatles.
Pra piorar (e justificar a dupla ironia), o ataque se deu a uma árvore. Ao longo da vida, George Harrison tornou-se um jardineiro obsessivo, a ponto de ter revitalizado completamente o gigantesco jardim vitoriano no entorno de sua mansão, o Friar Park.
O jardim de George Harrison tem 141 mil metros quadrados, e é circundado por grades de ferro maciço, também em estilo vitoriano, e, quando foi comprado, em conjunto com a mansão, estava em completo abandono; largado de lado pelas freiras que “cuidavam” do lugar até então. George e sua mulher, Olívia (que agora administra e mantém o jardim) praticamente recomeçaram do zero e encontraram um cenário que, segundo Olivia, lembrava o do filme Planeta dos Macacos. Começaram de maneira simples: matando as ervas daninhas; colocando duas cabras pra aparar a grama e consertando a fonte; até que George Harrison, um dia, resolveu descer por um dos buracos, em uma corda, e descobriu que havia uma gruta e um complexo de cavernas abaixo do jardim (Bruce Wayne mandou lembranças). Foi o suficiente para que George Harrison se iniciasse naquele que foi um de seus maiores hobbies, a jardinagem. O ex-beatle colecionou plantas, empenhou-se no trato e crescimento dos espécimes, reconstruindo toda a glória anterior do jardim de Friar Park .
E é aí que a ironia da morte da árvore se torna maior: o artista responsável por toda a revitalização de um enorme jardim de 141 mil metros quadrados teve a única e simples árvore plantada em sua homenagem morta por pragas. A árvore durou exatos 9 anos e dela, por enquanto, só nos resta a placa comemorativa. As autoridades locais não deram previsão para o replantio.