Meu post de hoje vai ser mais um rápido desabafo do que um artigo elaborado ou uma de minhas críticas de games. Juro que não vou tomar muito tempo de você, leitor.
Passava eu pelas calçadas do tradicional bairro de Vila Isabel (fui resolver uns problemas bancários por ali, pois sou um niteroiense radicado em Campo Grande), quando notei uma mulher (que já havia arrombado a porta, entrado e passado pelo quarto dos quarenta anos) que tentava estacionar seu gol bolinha num espaço que tranquilamente caberia o seu carro e mais algum outro. A jovem senhora parou o carro, meteu a cabeça pra fora da janela e engatou a ré com vontade. Notando que ela iria, com certeza, acertar o carro de trás, gritei, apontando pra traseira do carro dela: “Vai bater!!!”
A mulher se assustou com meu grito e freou o carro a, literalmente, dois dedos de distância do para-choque do carro de trás. Meteu a cabeça pra fora da janela, e, olhando pra mim com expressão indignada, me perguntou:
– Bateu?
Eu, sem entender, respondi:
– Não, mas quase bateu.
A mulher, metendo a cabeça de volta para dentro do carro, responde:
– Ah… “Quase” bateu!
Olhei por mais alguns segundos, aguardando qualquer palavra (não precisava ser um agradecimento, poderia ser somente um aliviado “Ah, ainda bem!”). Como a mulher continuou seus afazeres dentro do carro (agora com um jeito mais afobado, de quem está com raiva), saí dali pensando: “Ah, filha de uma puta”, e já ameaçava algum desaforo pra disparar, quando uma outra senhora, entrando em seu carro alguns metros adiante, me dirige as seguintes palavras:
– É mole? Você ajuda a mulher, e ela ainda fica com raiva! Eu vi! Ela ia bater mesmo!
No mesmo dia, minha esposa está entrando numa van, a caminho do trabalho. Muitas vezes, ela, por gentileza, dá um bom dia a todos os passageiros. Um rapaz nada respondeu e seu jovem colega perguntou:
– A moça te deu bom dia, cara. Não vai responder não?!
– Eu? Bom dia pra quê? Nunca vi essa mulher na vida!!
E daí me vêm duas perguntas:
- A partir de que momento a gentileza, a cortesia, deixaram de ser meios de conduta, de vida, e passaram a ser atos ofensivos?
- Que novo carioca é esse que está crescendo no Rio de Janeiro?