Futebol: A incrível máquina de lavar.

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Aproveitando o ensejo festivo que acomete o nosso país num dos seus maiores transes, eis que também infectado por esta paixão endêmica venho com a humilde pretensão de expor-lhes um dos vários lados sombrios desta paixão a qual chamamos de futebol!

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Futebol não é apenas um esporte, e se o fosse, a marca Pelé ainda não seria uma das 5 (cinco) mais fortes do planeta, chegando ao valor de 600 milhões lá pelo ano de 2010. No entanto, o que isso tem a ver com a matéria proposta? Dependendo do ponto de vista, nada. Porém, se levarmos para a questão mercadológica, talvez cheguemos a um ponto de encontro entre as mais variadas organizações do mundo (FIFA,  Mafia Russa, Italiana e etc), criminosas ou não. Onde, prostituindo a paixão de muitos ao nível de negócio, chegaremos ao futebol como uma das maiores máquinas de lavagem de dinheiro e, quiçá, politicagem no mundo. Ou devemos acreditar que é mera coincidência a Copa do Mundo coincidir com as eleições presidenciais?

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Não escrevo esta matéria para falar de tucanos ou estrelas vermelhas e muito menos do banimento da individualidade humana, embora acredite em classes sociais. Muito menos trago a ideia tão batida de “pão e circo”, porém, algo deve ser frisado:

Jamais poderemos esquecer de que nos bastidores do espetáculo é onde se digladiam os principais jogadores, passando desde um simples Agente FIFA à patrocinadores, como o ex-dono da Parmalat, Calisto Tanzie, também conhecido por sua parceria com a Camorra em troca do monopólio dos seus produtos no sul de Itália.

Sabidamente que a querida empresa das crianças fantasiadas de animais e músicas hipnotizantes fora acusada de associação à Máfia, extorsão e concorrência desleal através do vínculo estreitíssimo com a Camorra Napolitana (Organização Criminosa Transnacional Italiana) é, no mínimo, de se estranhar que a mesma era um dos maiores co-gestores ou patrocinadores do futebol mundial! Ou não sabiam que eles também tinham raízes na Rússia (Dínamo Moscow), Chile (Universidad Católica), México (Toros Neza), Portugal (Benfica), Uruguai (Peñarol), Brasil (Palmeiras, Juventude e Santa Cruz), Argentina ( Boca Juniors), Espanha (Real Madrid), Nicarágua (Parmalat F.C), Hungria (Videoton) e Itália (Parma)! Sendo neste último clube, e sua constelação de estrelas argentinas, a época mais gloriosa, onde com os investimentos, o clube Giallo-blu despontou para o cenário do futebol italiano e mundial.

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Sinceramente, nem se os mais apaixonados por futebol deixariam de estranhar tamanha generosidade, constantemente, disfarçada através do argumento genérico do retorno em publicidade.  Em qualquer lugar do mundo, empresas agem tal qual empresa. Buscam lucro sobre lucro acima até da própria saúde de seus beneficiários, imagine o que fariam por mera paixão… Nada. No mercado só há investimento se houver retorno, e com o futebol e seus valores exorbitantes, com certeza, não seria diferente… Porém, onde está o crime no futebol?

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Diante desta questão, primeiro devemos raciocinar como se obtém um crédito tão abundante para esta avalanche de aquisições num espaço tão curto de tempo? Em seguida, ao desconhecer o interesse ou a origem de tamanho montante, logo devemos entender o que é lavagem de dinheiro.

O crime de lavagem de dinheiro caracteriza-se por um conjunto de operações comerciais ou financeiras que buscam a incorporação na economia de cada país, de modo transitório ou permanente, de recursos, bens e valores de origem ilícita. De acordo com a COAF – Conselho de Controle de Atividade Financeiras

Como dito anteriormente, o crime de lavagem de dinheiro pode ser dividido em três etapas:

  1.  Colocação – A colocação se efetua por meio de depósitos, compra de instrumentos negociáveis ou compra de bens, através de técnicas como o fracionamento dos valores que transitam pelo sistema financeiro e a utilização de estabelecimentos comerciais que usualmente trabalham com dinheiro em espécie.
  2.  Ocultação – Através de uma complexa rede de transações, o criminoso procura movimentar o dinheiro em países com regras mais permissivas e naqueles que possuem um sistema financeiro liberal, assim quebrando a cadeia de evidências e ocultando sua origem.
  3. Integração – Os ativos são incorporados a economia legítima, especialmente, em empreendimentos que facilitem suas atividades – podendo tais sociedades prestarem serviços entre si. Uma vez formada a cadeia, torna-se cada vez mais fácil legitimar o dinheiro ilegal.

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Dada como a operação central para a maioria dos grupos criminosos modernos, a lavagem de dinheiro disfarça os lucros ilícitos sem comprometer os envolvidos, realizando-se por meio de um processo dinâmico que requer o disfarce de suas várias movimentações e a disponibilização, ao menos de parte, do mesmo montante, deste modo, embora as construtoras ainda sejam um grande ferramenta para apoderar-se  de recursos públicos em função de tal prática, uma inovadora e recente oportunidade abre suas portas: O lucrativo mercado do futebol e suas transferências de jogadores.

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Então, como já sabemos, com o intuito de burlar a fragilizada fiscalização, seja por intermédio de bancos internacionais com contas “offshore” em países protegidos pela lei de sigilo bancário, ou por bancos alternativos, onde sequer se faz necessária a documentação em saques e transferências o crime organizado injeta dinheiro sujo em empresas legítimas fazendo-o perder-se dentre contas legítimas  através de declarações fraudulentas de receitas. Então, por que não infiltrar-se numa das maiores marcas do mundo, paixão esportiva mundial e capaz de mover massas por todo o globo terrestre?

Desta forma, aproveitando o frenético crescimento e internacionalização do mercado esportivo nas últimas décadas, chegando ao absurdo da FIFA ter mais países filiados do que a ONU, não é de se estranhar que bilionários de origem asiática, norte-americana ou do leste europeu, embora não tenha tanta tradição futebolística, comprem clubes inteiros e invistam seus milhões na revitalização dos mesmos, assim como, na compra e venda de jogadores e seus valores subjetivos.

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Transferência milionária, arenas multiuso, cota de televisão, direitos de mídia, venda de ingressos e de produtos de merchandising não tardou para que o rime organizado visse no futebol a grande possibilidade de mesclar o dinheiro sujo à economia legal.  Assim sendo, embora pudesse citar clubes como o Chelsea, Manchester City, Málaga, Valência, PSG, Mônaco e tantos outros. Porém, faço questão de dar um exemplo que doa em nosso âmago! Uma tramoia que “vitimou” um dos maiores clubes do país do futebol, quando deflagrado pelo Ministério Público Federal, o Sport Club Corinthians viu-se ligado ao crime organizado russo, disfarçado na participação de “investidores” da Media Sports Investment (MSI). Esta, representada pelo iraniano Kia Joorabchian e seus comparsas Nojan Bedroud e Boris Berezovsky. Sendo o último, acusado de lavagem de dinheiro e assassinato, na Rússia, e com uma fortuna estimada em cerca de E.U. $ 10 bilhões.

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Aproveitando-se da enorme torcida ao inflar o número de torcedores presentes nos estádios, seja por fraude direta ou através de gratificações disponibilizada a torcidas organizadas, vê-se, claramente, um dos caminhos mais simples – e mais limitados –  para a lavagem de dinheiro, porém, como foi de conhecimento público, ficou evidente que a transferência de grandes nomes do futebol tornou-se primordial para tal ato ilícito, afinal, basta lembrar-se dos US$ 52 milhões gastos na compra de estrelas sul-americanas (Carlos Tevez), nacionais (Nilmar) e no repatriamento de outros craques (Carlos Alberto e Roger), além, é claro, do pagamento de seus salários astronômicos e a prestação de serviços de empresas fantasmas.

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Ao que tudo indica o clube do Parque São Jorge não fora nada além do que mais uma lavanderia dos dólares sujos da ex-União Soviética vindos da privatização do patrimônio estatal. Contudo, como podemos ver, desde o Palmeiras/Parmalat, a verdade é que não vimos fecharem o cerco sobre a associação de empresários ou ao dinheiro vindo de fora. Será a corrupção endêmica do crime organizado a única maneira de manter um futebol de alto nível nos clubes de futebol, que surgiram como associações civis? E a CBF? O que faz o Ministério dos Esportes?

E para finalizar, deixo uma lista 2013/2014 das transferências de jogadores de clubes brasileiros para o exterior. Qual será o destino predileto?

 Wendell BorgesDefesa, 20 anosGrêmioBrasilLeverkusenAlemanhaD6,500,000 € 
 Alex TellesDefesa, 21 anosGrêmioBrasilGalatasarayTurquiaD6,150,000 €
 VitinhoAvançado, 20 anosBotafogoBrasilCSKARússiaD10,000,000 €
BernardMédio, 21 anosAtlético-MGBrasilShakhtarUcrâniaD25,000,000 €
 Diego SouzaMédio, 29 anosCruzeiroBrasilMetalistUcrâniaD4,000,000 €
 Thiago NevesMédio, 29 anosFluminenseBrasilAl-HilalArábia SauditaD6,000,000 €
 RafaelGuarda redes, 24 anosSantosBrasilNapoliItáliaD5,000,000 €
 Felipe AndersonAvançado, 21 anosSantosBrasilLazioItáliaD8,000,000 €
 PaulinhoMédio, 25 anosCorinthiansBrasilTottenhamInglaterraD20,000,000 €
 CasemiroMédio, 22 anosSão PauloBrasilReal MadridEspanhaD6,000,000 €
 FredAvançado, 21 anosInternacionalBrasilShakhtarUcrâniaD15,000,000 €
 Rodrigo MoledoDefesa, 26 anosInternacionalBrasilMetalistUcrâniaD5,000,000 €
 FernandoMédio, 22 anosGrêmioBrasilShakhtarUcrâniaD11,000,000 €
 Wellington NemMédio, 22 anosFluminenseBrasilShakhtarUcrâniaD9,000,000 €
 NeymarAvançado, 22 anosSantosBrasilBarcelonaEspanhaD54,000,000 €
 Vagner LoveAvançado, 30 anosFlamengoBrasilCSKARússiaD6,000,000 €
 WallaceDefesa, 20 anosFluminenseBrasilChelseaInglaterraD5,400,000 €

Don Vitto

Escritor, acadêmico e mafioso nas horas vagas... Nascido no Rio de Janeiro, desde novo tivera contato com a realidade das grandes metrópoles brasileiras, e pelo mesmo motivo, embrenhado no submundo carioca dedica boa parte de seu tempo a explanar tudo que acontece por debaixo dos panos.

Este post tem 4 comentários

  1. Aliás, assim como nos “negócios” das igrejas evangélicas, os “negócios” do futebol são inacreditavelmente suspeitos. Sempre achei estranhas as cifras envolvidas nas transações de jogadores, tendo em vista a movimentação financeira usual que os clubes têm… Os números simplesmente não batem.

    Engraçado é que, se até um leigo afastado da paixão do futebol como eu percebe isso, outros com certeza já perceberam com muito mais propriedade. E mais engraçado ainda: ninguém faz absolutamente nada…

    1. Don Vittor

      Cara, esse das igrejas vale um post também. O único problema de fazê-lo é que perderei meu pedacinho do paraíso imediatamente . Você sabe quantas prestações já paguei as ovelhinhas só por dez metros quadrados? rsrsrsrs

  2. JJota

    E a FIFA aí, punindo com o quase banimento do esporte um jogador que mordeu outro… As “dentadas” desse pessoal aí são bem maiores e doloridas e ninguém faz nada…

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