Frankenstein – um livro e dez filmes

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Mary Shelley entrou para a história da literatura com seu romance gótico Frankenstein: ou O Moderno Prometeu (1818). O monstro virou referência no gênero terror e sua história foi recontada muitas vezes, inspirando teatro e cinema. No entanto, existem inúmeras diferenças entre o romance e os filmes. O conceito do médico obcecado que criou um monstro no laboratório é amplamente conhecido, mas, ao ler a obra de Mary Shelley, o leitor é surpreendido com uma história bastante singular e um pouco diferente de como foi retratada no cinema. Indico a leitura. Passei duas semanas assistindo alguns filmes e essa é a minha lista:

Já adianto que, para fazer um filme perfeito, ele teria de ser construído com a mesma técnica – costurando as melhores partes de vários filmes.

 

Frankenstein (1910)

O primeiro filme que se tem conhecimento. É um curta-metragem produzido pelo Edison Studios. O interessante desse filme é que, por ser a primeira representação do monstro no cinema, os produtores só possuíam as referências do livro e a criatura é completamente diferente da figura que conhecemos. Pelos recursos da época, acho que eles fizeram um filme interessante apesar de o final ser bem menos trágico do que no livro. O filme tem cerca de treze minutos e vale assistir pelo conteúdo histórico.

Frankenstein (1931)

O longa-metragem foi produzido pela Universal Studios. Tornou-se um clássico do cinema e criou o mito do monstro com parafusos no pescoço, ícone que inspirou produções variadas. Nessa adaptação a criatura criada pelo Doutor Frankenstein é muda e marcou o personagem como algo bestial e ignorante.

A Noiva de Frankenstein (1935)

O grande sucesso de 1931 garantiu a sequência, agora focada na noiva de Frankenstein. Vale lembrar que, na verdade, quem se chama Frankenstein é o doutor e não a criatura. É comum fazer essa confusão e esse título de certa forma é responsável por isso, pois, tanto no romance como em muitas adaptações no cinema, o doutor Victor Frankenstein tem uma noiva.

 

O Filho de Frankenstein (1939)

A Universal encerra a trilogia com esse filme. E, para confundir ainda mais, nessa adaptação o título se refere ao filho do doutor e não do monstro. O herdeiro Frankenstein deseja ressuscitar a criação do pai e transformá-la em um ser bondoso para limpar o nome da família.

A Maldição de Frankenstein (1957)

O responsável por essa produção colorida é o saudoso estúdio Hammer, grande nome do cinema de terror. O estúdio trouxe luz para o gênero com produções coloridas e o sangue ganhou vida na telona. A maldição de Frankenstein é uma refilmagem com grande liberdade artística do filme em preto e branco da Universal de 1931. Com o sucesso, o estúdio investiu em uma série baseada no personagem.

Estúdio Hammer

A Vingança de Frankenstein (1958)

O Monstro de Frankenstein (1964)

Frankenstein criou a mulher (1967)

Frankenstein tem de ser destruído (1969)

The Horror of Frankenstein (1970)

Frankenstein and the Monster From Hell (1974).

 

A Prometida (1985)

É uma versão nova da noiva de Frankenstein. Nessa adaptação, o médico cria uma bela mulher na tentativa de aperfeiçoar seu trabalho e com intenção de que ela faça companhia para o monstro. Mas eis que o doutor Frankenstein se apaixona por ela. O filme destoa completamente da história original, porém me agradou como um filme no melhor estilo “sessão da tarde”.

 

Frankenstein de Mary Shelley (1994)

Foi o trabalho mais fiel ao livro. Já inicia com uma introdução bastante instigante e prossegue em um filme dramático e visualmente bonito. O grande destaque do elenco é Robert De Niro interpretando a criatura. Na época do lançamento, fracassou na bilheteria e na crítica, mas depois de assistir tantos a filmes de Frankenstein elejo esse o meu preferido.

Victor Frankenstein (2015)

O trabalho mais recente focou no obcecado doutor Victor e em seu ajudante Igor interpretado por Daniel Radcliffe. Igor não foi escrito por Mary Shelley, ele é um personagem inventando na década de 1940, mas isso não iria prejudicar a trama que já se dispunha a contar uma história pregressa. Por essa questão, o monstro só aparece no arco final. A única coisa que eu realmente gosto nesse filme é o fato de, antes de se criar o monstro, o médico faz um experimento com um animal, algo minimamente similar a um método científico, mas como isso envolve um macaco zumbi foi duramente criticado.

Série = As Crônicas de Frankenstein

A série é minha grande indicação, sobretudo para quem leu Mary Shelley. Ela traz para o público histórias dos bastidores da criação do livro que por si só já rendem muito. Além de um abordagem absolutamente original, a série vem com um tom investigativo com uma boa atuação de Sean Bean no papel de investigador, que tenta desvendar um terrível caso sobre crianças mutiladas. A primeira temporada contou com seis episódios e já foi renovada. É uma produção inglesa do canal ITV.  

Considerações finais

Analisando a história desses personagens no cinema, é perceptível algo muito interessante sobre a maneira que Frankenstein e a criatura são retratados. Inicialmente a criação é um monstro maligno e o doutor Frankenstein, uma vítima de sua maldade. Acompanhando as adaptações até a atualidade é possível notar que a criatura passa a ser retratada de forma mais humana e em muitas adaptações pode falar e expressar seus sentimentos. Aos poucos, Victor Frankenstein vai deixando de ser vitimizado e seus desvios de caráter mais explorados. A pergunta final é: Quem é o verdadeiro monstro?

Deixe seu comentário e sugestões para as próximas postagens.

Glaukemp

Escritora e roteirista de terror e suspense, que não tem medo do escuro, mas, às vezes, fecha os olhos quando vai ao banheiro de madrugada. Colunista nos sites Boca do inferno e Iluminerds. Editora da revista Amazing e apresentadora do #TREVOCAST.

Este post tem 3 comentários

  1. GuilhermeCunha

    Já que listaram todos os filmes da Hammer, poderiam ter listado também todos os filmes da Universal:

    O Fantasma de Frankenstein, 1942, onde aparece outro filho do Dr. Frankenstein original e Ygor do Bela Lugosi vira o protagonista.

    Frankenstein Encontra o Lobisomem, 1943. Que inicia os crossovers entre os monstros da Universal.

    A Casa de Frankenstein, 1944, em que o Boris Karloff retorna à franquia no papel de um cientista louco.

    A Casa de Drácula, 1945.

    Às Voltas com Fantasmas (Abbott e Costello Encontram Frankenstein), 1948.

    Tem também outros filmes muito interessantes:

    O Castelo de Frankenstein (Frankenstein 70), de 1958, que marca a última vez que o Boris Karloff participou de um filme de Frankenstein e funciona como uma homenagem a ele.

    Frankenstein Conquista o Mundo de 1965, versão tokusatsu japonês, onde a Criatura do Dr. Frankenstein vira um monstro gigante.

    Frankenstein 80 de 1972, versão italiana.

    Frankenstein, de 1984, versão para TV com Robert “Jesus de Nazaré” Powell e Carrie “Princesa Leia” Fisher.

    Frankenstein, O Monstro das Trevas (Frankenstein – O Terror das Trevas), de 1990, um filme muito pessoal do Roger Corman (o Rei dos Filmes B), com John Hurt e Raul Julia, que mostra um cientista num futuro high tech viajando ao passado para encontrar Mary Shelley e descobrir que seu Frankenstein e seu monstro realmente existiram.

    1. Victor Libório

      Muito obrigado pelo comentário, sério, me ajudou muito. Tô listando todas as adaptações possíveis que encontrar de Frankenstein e você foi de muita ajuda. Obrigado. <3

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