Olá, Nerds e Nerdas, tudo bom? Estava outro dia conversando com uma amiga da época do colégio sobre a vida e um dos assuntos foi justamente sobre o que conversávamos no passado. Ou seja, antigamente, nossas conversas eram sobre as aulas chatas de literatura, depois passaram a ser sobre faculdade, posteriormente estágio e formatura. Hoje elas são focadas em família, casamento e filhos.
Não tem como não fazer uma relação entre os assuntos tratados e nossos momentos na vida. Conforme os anos se passaram, adquirimos experiências, fracassos, sucessos, frustrações etc. e claro que reclamar das aulas de literatura se tornou apenas uma lembrança de uma época em que a vida não exigia tanto de nós.
Em um raro momento que abordamos assuntos mais sérios, falamos sobre o machismo e, durante essa conversa, eu fui bem franco com ela e resolvi fazer uma pequena confissão.
Disse que sempre tive problemas com mudanças, que tenho um tempo próprio (e digamos esse meu tempo é bem devagar), para poder aceitá-las por completo e que, de um tempo para cá, tenho ficado muito irritado com comentários machistas, não importa se são do Facebook ou de sites que frequento. Falei que não sei quando isso começou e por coincidência eu não tenho feito mais piadas machistas, nem mesmo entre a gente (exceto para a Sra. Delarue).
Ela e meus amigos próximos sempre souberam que sou um cara brincalhão, que gosta de contar piadas (boas ou ruins), falar coisas sem noção em locais e/ou momentos inapropriados. Claro que algumas das minhas piadas tinham um víeis machista, mas a piada era apenas uma piada e isso não estava relacionado com o fato de concordar ou compartilhar com pensamentos machistas. Até mesmo porque minhas atitudes e falas, nos raros momentos de seriedade, mostravam o contrário das minhas piadas.
Continuei contando que cheguei a olhar para trás e ver se houve algum “Momento” marcante em que eu tenha decido não mais fazer piadas machistas e cheguei à conclusão que nunca houve. Quando percebi já não estava contando piadas machistas e ficava incomodado com quem se usava desses discursos. Não sei se isso tem alguma relação com o fato de eu querer criar uma família e ter uma filha e/ou se justamente por querer uma filha já fico prevendo todas as possíveis situações as quais ela possa passar e/ou sofrer simplesmente pelo fato de ser mulher.
Depois que comentei isso, minha amiga, sorriu e me deu um abraço. Fiquei feliz e desconfortável ao mesmo tempo. É o meu jeito de lidar com “elogios”, talvez?
A verdade é que vivemos em uma sociedade muito machista e nós, homens, sempre fomos educados e criados para esta sociedade, cuja a mulher é nada menos do que um objeto de posse. Tanto que, quando uma mulher casa, o conceito por trás de usar o nome do marido é uma clara alusão à posse. Agora não existe mais a Fulana da Silva, pois agora ela é Fulana (do) Almeida.
Durante a conversa não teve como não deixar claro que a Sra. Delarue que ela não leia esse post teve uma participação muito importante nessa minha mudança. Afinal, ela é feminista e isso muito me ajudou a perceber como eu estava errado em praticamente tudo, principalmente nas piadas, como disse antes – tenho um certo problema com mudanças, sem mencionar que é um pouco difícil mudar anos de hábitos ruins. No final chegamos à conclusão de que, pelo menos, vivemos em um época em que as minorias, de um modo geral, conseguiram algum tipo de voz.
Por sorte chegou os nossos pratos, voltamos para as piadas e concluí com a pergunta – “Será que evoluí?” Ela mais uma vez riu. Depois cada um seguiu o seu caminho e ficamos de marcar um outro jantar.
Abraços.