Der Samurai (Festival do Rio 2014)

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O filme de terror mais eletrizante do festival é um longa alemão que homenageia clichês de gênero.

Explicitamente antropofágico, tem sua espinha dorsal em típicas produções americanas de horror passadas em locais isolados, como florestas e povoados. Entretanto, dá gosto de ver como o Till Kleinert soluciona a aridez de tal estrutura simplesmente mesclando-a a outras irmãs, como as fitas de artes marciais e as comédias dramáticas adolescentes dos anos 80. Não apenas isso. O diretor mimetiza a estética embolorada dessas produções, hoje vistas como datadas, valendo-se de enquadramentos reconhecíveis, expressionismo, personagens arquetípicos e roteiro ágil.

Na verdade, ele revigora esses elementos, transformando tudo em sonho, em imersão em videogame, nas graphic novels curtas de Warren Ellis, no visual andrógino de David Bowie, em animes.

Representando o gênero terror, temos o loser que é policial numa cidade do interior, como o Dewey da cinessérie Pânico; na seara das artes marciais, temos um vestido branco e uma katana, tal qual a noiva de Kill Bill; no terreno das dramédias dos anos 80, ficamos com um bando de motociclistas engraçadinhos e desafiadores, que nos lembram desde A Lenda de Billy Jean até os aborrescentes de Porky’s.

Falando em elementos, temos leituras para todos os gostos. A jornada do protagonista loser pode facilmente ser encarada como um rito para a fase adulta, e sua caçada ao samurai travesti pode ser lida como uma iniciação. Há uma cena de desafio com água, na ponte; outra com terra, quando eles brigam no chão; e o fogo está em toda parte no fim, assim como o ar gélido e parado parece acompanhá-lo no começo.

A brilhante direção de arte, fotografia e montagem harmonizam a trama e dão tom ora de filme de arte ora de blockbuster. E desafio qualquer um a não cantarolar a porrada musical no final.

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Der Samurai é extremamente imaginativo, vibrante e insólito. O que é real e o que é ilusão depende do olhar de cada um de nós. Entre a comédia, a aventura e o terror, nossa diversão está garantida.

Não perca as próximas sessões: Sexta, 03/10, às 20:00, no Museu da República e Segunda, 06/10, às 14:00 e 18:30 no Cinepolis Lagoon 5.

Rodrigo Sava

Arqueólogo do Impossível em alguma Terra paralela

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